A doença e o peso da escravidão

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Tendo feito o café, Catarina frita alguns ovos para a tripulação. Logo Walter indaga:
_É o melhor que pode fazer?
_Bem... é o que consegui...
_Então vá para fora e comece a limpar o navio.
_Mas eu ainda não comi...
_Não me interessa, vá para fora e comece a limpar!
Triste por não ter comido nada mesmo após queimar-se bastante fritando os ovos, Catarina pega um balde e um esfregão pra limpar o navio. Ela limpa o chão com muito esforço, e após isso limpa os outros cômodos.
Vendo que Catarina havia terminado, Walter logo lhe arruma mais serviço:
_Agora vá para o porão do navio e limpe tudo lá porque está imundo.
_Certo.
Catarina estava esgotada de tanto limpar, já sentia fraqueza de fome e bastante calor. Ela começa a limpar o porão. Aquele porão estava de fato imundo, cheio de teias de aranha, poeira, e toda espécie de insetos. Aquele ambiente era extremamente abafado e quente.
Tendo limpado toda aquele cômodo angustiante, Catarina sobe ao convés e tem uma surpresa maléfica à sua espera: O chão estava completamente sujo novamente. Lama, restos de comida, bebida... Muita sujeira!
Walter, seu carrasco novamente lhe ordena com uma expressão de satisfação no rosto:
_Agora se encarregue de limpar toda essa sujeira. E seja rápida! Está quase na hora do almoço.
_Mas estou exausta...
_Não me interessa! Faça o que mandei.
_Tá.
Catarina já estava começando a ter febre. Ela limpa toda aquela imundície que lhes prepararam e vai à cozinha procurar algo para comer. Chegando lá estavam Norman e Walter. Walter logo indaga:
_Demorou demais. Tive que mandar Norman fazer o almoço, e já que é assim, hoje você não vai almoçar também.
Indignado com tamanha crueldade, Norman questiona Walter:
_Mas essa menina pelo que vejo não come nada o dia inteiro e está exausta de trabalhar. Se não lhe dermos de comer pode acabar morrendo!
_Não me importo com isso. O próprio capitão me disse que não se importava se ela morresse de trabalhar quando me ordenou cuidar do castigo.
_Não posso permitir...
_Cale-se Norman! Se disser mais alguma coisa eu te mato aqui mesmo! Se não estiver satisfeito, fale com o capitão. Tenho certeza que ele teria um grande prazer em te matar e jogá-lo aos tubarões.
Sem o que dizer, Nornam se vê obrigado a aturar tal crueldade.
Puxando Catarina pelo braço, Walter a leva para a proa e diz:
_Quando o navio ancorar naquela ilha, você irá ajudar o Manuel a raspar o casco.
Sem o que dizer, Catarina abaixa a cabeça.
O barco para numa ilha e parte da tripulação desce do barco, ficando somente Catarina, Manuel e Walter. Walter vai para debaixo de uma árvore e fica supervisionando o serviço deles.
Manuel entrega uma espátula à Catarina e ambos começam a raspar o casco do navio. Era um trabalho árduo sob o sol, e o dia estava extremamente quente.
Manuel pergunta à Catarina:
_Como se sente? Está com sede?
_Sim...
_Então tome aqui um pouco de água.
_Obrigado.
_Walter está pegando muito pesado com você... Vamos voltar ao trabalho antes que ele venha aqui.
Depois de uma longa tarde de trabalho, Catarina estava tonta de fome e cansaço. Walter a leva novamente para o depósito e tranca a porta. Vendo o estado terrível em que Catarina se encontrava, Joana pergunta:
_Menininha, o que aconteceu com você? Está ardendo em febre! Não comeu nada hoje?
Com a voz fraca, Catarina fala:
_Não comi nada... Trabalhei o dia todo e passei a tarde no sol...
_O quê?!
Joaquim, assim como Joana estava furioso com o que fizeram à Catarina.
Desesperada em ver aquela menina quase morrendo, Joana começa a gritar:
_Alguém venha aqui! Esta menina está morrendo! Alguém traga comida e um remédio pra febre urgente! Apareçam agora!
Incomodado, Death ordena que Norman vá ao depósito e atenda o pedido pra que Joana se cale. Ele não se importava com o estado de Catarina, mas para receber alguma recompensa pelo resgate, ele teria de manter aquela família presa. Na hora ele felizmente não pensou em só colocar uma mordaça neles.
Norman chega rapidamente trazendo um remédio pra febre, um pouco de sopa e uma água de coco.
_Já era tempo! Por quê fizeram isto à essa pobre menina? Seus monstros!
Diz Joana em fúria.
_Acalme-se, eu não concordei com tal coisa, mas fui obrigado a aturar essa situação sob ameaça de morte. Mas isso não interessa agora. Dê primeiro a a água e o remédio, depois tente dar um pouco de sopa.
_Certo.
Catarina estava muito mal. Sua expressão era de fraqueza, seu rosto estava pálido, estava ardendo em febre e com uma grande dor de cabeça. Foi um dia terrível para aquela menina, que agora dependia dos cuidados daqueles estranhos e de sua própria sorte pra sobreviver.

Continua no próximo capítulo: "Sobreviva Catarina, fuja da morte!".

Prisioneira num Navio Pirata: Sonhos no Terror do PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora