Ellay Hinode
Celular vibra com mensagens de texto
Fico no canto encostada pensando o que minha irmã queria quando disse que precisava da minha ajuda. A nossa relação mudou bastante desde que vim pra faculdade, ela continuou morando na antiga cidade que morávamos, isso é o que eu sei pelo menos, não nos falávamos mais..
Minha família era daquele estilo bem clichê, onde todo domingo almoçamos na casa da vovó. Eu e a Ellie eramos as únicas netas dela, já que minha mãe era filha única e meu pai adotado, então basicamente crescemos sendo mimadas o tempo todo, sempre ganhamos tudo o que queria.. Bom... Se fosse algo material sim, por que em atenção, nós eramos sozinhas.
Meus pais não se falavam dentro de casa, cada um tinha um amante e aparentemente eles sabiam disso, porém não queriam "estragar nossa infância" tendo pais separados então decidiram uma ideal genial de continuar morando debaixo do mesmo teto mesmo não estando mais juntos. Isso era o plano secreto deles, mas eu não era burra, descobri no primeiro mês pelo simples fato da cara de nojo que eles faziam ao darem um selinho na minha frente e da Ellie.
Eu tinha uns 9 anos e Lili 12 quando isso aconteceu, antes disso minha vida era boa.. eles iam em nossos concertos da escola, mamãe sentava na beira da minha cama e contava histórias, porém tudo mudou.. menos atenção e mais brinquedos. Pensando por um lado tudo isso que acontecia dentro de casa acabou fortalecendo meus laços com a minha irmã, nós nos tornamos inseparáveis, ela era como uma mãe pra mim.
Meus pais morreram juntos, o que parece uma ironia do destino já que eles se odiavam. Estavam voltando de um jantar na casa da vovó, na qual por um milagre eu e lili decidimos dormir lá.. eu não sei direito o que aconteceu, só me lembro do telefone tocar 01:37 dizendo que era do hospital informando que eles haviam morrido em um incidente de carro. Depois disso se mudamos para casa da vovó, ela ficou responsável pela nossa tutela até falecer de depressão por perder sua única filha. Nenhuma mãe deveria enterrar a própria filha, principalmente de caixão fechado por que o rosto está irreconhecível. É foda, isso ainda me mata por dentro.
Por sorte quando a vovó faleceu já havia planejado seu testamento deixando toda sua herança pra nós, o que na real caiu bem por que se não estávamos fodidas, não tinhamos nenhum tio. Ellie tinha acabo de fazer 19 quando isso aconteceu e eu 16, então ela ficou com a minha guarda e moramos na casa da vovó até eu terminar a escola e entrar pra faculdade, e bom.. o resto vocês já sabem..
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Nate Griffin
- Tá tudo bem? Pergunto tocando em seu braço
- O que?..an.. sim
- Tem certeza?
- Tenho, porque?
- Nada, é que você estava olhando pro nada com uma cara de choro misturado com medo
- Ah... não é nada..
- Ok. Decidi não insistir, sei que tinha alguma coisa acontecendo, mas respeito sua privacidade.
Saímos do quarto e voltamos para perto da lareira do lado de fora da casa, Mike tinha bebido outra garrafa de vinho sozinho e estava deitado no sofá roncando, eu tiro seus sapatos e boto seus pés pra cima. Começo a rir olhando ele dormir.
- Caralho ele dorme igualzinho desde de criança KKKKKKK não mudou nada.
- Deixa o coitado kkkkk ele deve estar cansado.
- Isso é verdade, eu tirei ele do motel correndo pra vir pra cá, disse pra mim que só tinha dormido três horas, tá viradasso desde que saiu Itália, desde criança ele ODEIA viajar de avião, sempre passa mal e não consegue relaxar. Dou uma pausa pra rir. - Uma vez fomos pra austrália em família e tivemos que dopar o Mike por que quando entrou no carro já estava suando frio e com ânsia de vômito. Solto outro riso.
- Você sente saudade de tudo isso né? Ellay dizia isso com uma voz doce e suave
- Disso o que? Pergunto se virando de frente pra ela
- Dele, de passar o tempo com ele. Ela dizia se virando de frente pro Mike e eu a acompanho
- É, eu sinto, as coisas mudaram desde que ele foi embora, sinto saudade quando era criança e tudo era engraçado e simples. Dou uma pausa, respiro fundo. - Como sabia disso?
- É, eu sei bem como é essa sensação. Ela respira fundo e lento se virando pra mim - Você deixa explícito por que sua fala é com ar de saudade. Ellay dá dois tapinhas no meu ombro e sai andando em direção a cozinha. - Vou pegar alguma coisa pra beber, servido?
Vou pra cozinha ajudar ela a preparar alguma coisa mais forte pra beber e comer, disse que queria doce, então me lembro do bolo que tinha feito pra mamãe do aniversário dela, pegamos a travessa inteira e levamos lá pra fora. Ficamos sentados na beira da piscina ouvindo música, bebendo e comendo e quando nos demos conta estávamos falando da vida, faculdade e completamente bêbados. Eu estava deitado na grama com o braço esticado e Ellay estava deitada sobre ele encarando o céu, não parava de falar sobre as estrelas enquanto eu não conseguia parar de pensar o quanto eu não queria que aquela cena acabasse. Fico a observando um tempo quando ela se para de falar e vira seu rosto de frente pra mim.
Eu sabia o quanto ela era linda, mas aqui deitados sobre a luz bebados, eu consegui ver muita coisa além.
- Se você pudesse mudar alguma coisa na sua vida, você mudaria Nate? Ela me olhava atentamente
- Eu não sei.. talvez..
- Eu mudaria. Ela volta a olhar pro céu.
- O que?
- A forma como eu perdi as coisas.
... silêncio...
- As experiências traumáticas que formam a personalidade das pessoas, fico pensando quem eu seria se a vida me desse outra opção.
...silêncio...
- Só tô dizendo que.. as vezes eu sinto um vazio e preciso preenche-lo com alguma coisa, se eu não tivesse perdido tudo da maneira que perdi, eu não precisaria tapar um buraco. Esquece, fodas-se, não é nada de importante.. eu tô muito loca.
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DIFERENTES
FanfictionEm um universo rodeado de festas universitárias, bebidas, atléticas, sexo e namoro de mentira, Nate e Ellay compartilham a mesma vida. Entretanto, escondido em suas cicatrizes, ambos tinham os seus segredos envolvendo família. Ele amava dela, porém...