Capítulo 21

171 11 4
                                    

Nate Griffin

Depois que terminamos de jantar fomos para o antigo hotel que meu irmão estava hospedado, ele ainda tinha as reservas então conseguimos ficar no quarto dele sem pagar nada. Era 01:00 e estávamos transando quando o celular dela começa a tocar, na primeira vez ela ignorou, mas depois as chamadas persistiram por um tempo, não teve outro jeito, ela teve que levantar e atender 

- É a minha irmã.

- Aconteceu alguma coisa?

- Ela disse pra me encontrar na nossa antiga casa, mas eu não entendo 

- Agora? Mas são 01:03 da manhã

- Eu não sei, mas ela estava eufórica na ligação, acho melhor ir pra lá

- Beleza, eu te levo 

Se trocamos rapidamente e paramos no saguão, pedi para deixarem nossa reserva porque depois voltaríamos para lá. Entramos no carro e ela colocou a rota no Waze, por sorte a antiga casa dela ficava a poucos minutos do hotel. 

Quando chegamos percebemos que as luzes estavam acessas, ela me pediu que esperasse do lado de fora enquanto ia encontrar sua irmã, fiz que sim com a cabeça e me despedi com o beijo

- Se precisar de mim pra qualquer coisa me da um grito que eu entro na hora.

- Relaxa, é a minha irmã, tá tudo bem.

Depois que ela entrou na casa e fechou a porta, não conseguia parar de pensar no que deveria estar acontecendo, já faz um tempo que a Ellay age estranho quando o assunto é a sua irmã/família.

------

Ellay Griffin

Fazia muito tempo que eu não entrava em casa, pra falar a verdade a última vez que estive aqui foi à 2 anos atrás. Não conseguia parar de sentir calafrio, as lembranças que tenho daqui não são tão boas. 

Procuro ela em todo andar debaixo, mas não encontro, ouço barulhos vindo do andar de cima então subo as escadas, o corredor estava escuro e só havia uma luz saindo de uma brecha da porta do quarto, me aproximo devagar e o único som era de meus passos no chão frio de madeira. Abro a porta devagar e vejo que ela estava sentada na cama segurando uns livros velhos. 

- Quanto tempo.. Digo fazendo ela se assustar 

- Não te ouvi chegando..

- Vim em silêncio

Ficamos se encarando por uns minutos, até que uma de nós tomou coragem para se aproximar dando um abraço, permaneci na minha.

- Então.. já faz um tempo desde a última vez que nos..

- Por que me chamou aqui Ellie?

- Preciso de ajuda

- Ajuda? Você não fala comigo desde que saí de casa, ignora minhas mensagens e desliga o telefone na minha cara

- É sobre nossos pais

Fico em silêncio com a boca aberta, fiquei paralisada no momento que ouvi ela dizer a palavra "pais"

-Tenho outra teoria sobre a morte deles

- De que porra você tá falando?

- Não acho que eles tenham morrido de causa natural, acho que morreram em um acidente de carro

- Tá dizendo que vovó mentiu sobre a morte do nossos pais esse tempo todo?

- Pensa Ellay, que morte natural ia deixar tantas sequelas pro caixão ser fechado? a menos que tenham tido combustão espontânea não teria motivo para ter fechado.

- E você pensou isso do nada, lembrou que eu existo e decidiu me ligar a 01:00 pra me dizer que a nossa vó mentiu?

-Na verdade eu já veio pensando nisso faz um tempo e decidi investigar.. olha esses jornais que encontrei 

Ela se abaixa mostrando uns papeis de jornais contando sobre um acidente de carro que aconteceu na rodovia 9

- Aparentemente aconteceu uma batida de carro e alguém importante dessa cidade faleceu, mas veja a imagem aqui no fundo, o carro lá trás, é de nossos pais. 

- Não dá pra saber, todo mundo pode ter um modelo desse carro

- Para de ser burra Ellay e fingir que não acredita, olha a placa! BAH-0771Q é a porcaria do nosso carro

Meu coração estava apertado, não conseguia raciocinar, não dava pra acreditar no que ela estava me falando 

- Veja aqui em outro jornal.. Eles fizeram uma cobertura exclusiva dando notícias sobre o acidentes, mas veja.. NADA.. NADA sobre eles, apenas sobre a outra pessoa.

- Tá e dai?

- O que?

- E dai Ellie? que porra de diferença faz se eles morreram em acidente ou causa natural, não dá pra voltar atrás

- VAI SE FODER ELLAY, Ela me empurra pra trás.. - Desde quando você não se importa com eles? Eu não tive um velório descente por que a porra do caixão tava fechado, não me despedi deles como queria e sofro com isso até hoje, a nossa vó mentiu e o povo dessa cidade de merda CAGOU para a morte deles, os trataram como mais um na sarjeta e você nem liga, é igual a todo mundo dessa merda, eu tenho total ciência que isso não vai mudar os fatos, mas saber a verdade faz a diferença e eu precisava saber o que aconteceu com eles.

Fico em silêncio com a cabeça abaixada, sinto uma dor enorme no peito e minha cabeça doí como se fosse explodir, não aguento mais segurar e desabo em chorar, meus joelhos se dobram e eu fico no chão completamente desolada, as palavras dela foram pesadas e isso afetou diretamente uma parte de mim que estava reprimida.. Sinto sua mão em meu ombro e ela me abraça com força, ficamos setadas no chão por um tempo e eu estava em seus braços chorando como um bebê. 

E foi então que meus olhos abriram e pude ler em uma folha de jornal uma notícia com o título "Dia triste para nossa comunidade, hoje, o pai da família Griffin morre após sofrer um grave acidente de carro, ele estava hospitalizado á 3 dias junto com um casal.

- Que porra é essa? Pego o jornal na mão e levanto observando atentamente o letreiro 

- Por isso eu não queria te falar por telefone 

Não conseguia acreditar no que estava lendo, o pai do Nate era responsável pela morte dos meus pais.

- Desde quando você sabe disso?

- Já faz um tempo, mas tem outra coisa que eu queria te contar pessoalmente

- Fala

- Eu tô grávida.

DIFERENTESOnde histórias criam vida. Descubra agora