DIFERENTES

capítulo 35

Nate Griffin

*passado*

Estava no hotel com a minha mãe próximo ao hospital esperando uma ligação, o dia estava frio e cinza, as gostas de chuva escorriam na janela e eu me recusava a sair da cama.

o telefone toca e ela me olha com uma cara de tristeza.

- está na hora filho. Preciso que fique aqui encima e não desça, está me ouvindo?

aceno com a cabeça e continuo deitado em minha cama. Ela sai do quarto e leva uma maleta.

Fico inquieto e começo a pensar mil coisas, o que ela vai fazer com isso? Porque estava esperando uma ligação? porque não posso descer também? Coloco meu tênis e saio do quarto em silêncio para não chamar atenção.

Pego o elevador e desço até o saguão. Vejo através da pilastra minha mãe sentada na mesa de frente pra uma mulher. De primeira não consigo enxergar, meu ponto de vista está ruim.

Vou até a mesa de café da manhã e me escondo atrás, a vista está um pouco melhor, mas ainda sim não consigo ver quem é.

O corpo de minha mãe se abaixa para pegar a maleta e é nesse momento que vejo quem é. Era aquela senhora que estava no hospital, eu lembro do seu rosto.. fui até o seu quarto dar o sentimentos a família. O que ela está fazendo aqui com a minha mãe?

A senhora abre a maleta e consigo ver nitidamente a quantia de dinheiro que estava lá dentro, cédulas e cédulas de nota de 100. Fico tão assutado com a situação que  perco o equilíbrio caindo para trás derrubando alguns pratos, saio correndo de volta pro quarto.

Algumas horas depois minha mãe abre a porta e entra no quarto se sentando na cama da frente.

- Foi você, não foi?

- Como você pode.

- Quando se tem uma família, reputação e uma empresa, você faz o necessário para proteger os que amam.

- Proteger os que amam significa acobertar um crime? quem você quer proteger aliás? Richard está morto, a única coisa que quer proteger é o dinheiro, o status, a luxuria.

- Você quer dizer a verdade? vai lá, conta e veja sua família desmoronar.. você vai perder a faculdade, sua posição como jogador, vai perder tudo. É fácil falar quando está na posição de apenas observar, mas não se esqueça que você só tem a vida que tem graças a mim e ao seu pai. - Quer fazer o certo Nate? Faça! anda, diga ao mundo, marque uma coletiva de imprensa e diga que seu pai matou um casal, diga que seu avô roubava dinheiro na política, diga que sua avó transou com o secretário geral e que Richard não é filho do seu avô e que nós não temos direito a toda herança da família Griffin.

- O que? Porque está me falando tudo isso?

- Você quer a verdade Nate, então toma a verdade, quer dizer ao mundo? então diga! os problemas desta família estão em gerações e nosso sobrenome é sujo, dizer a verdade é deixar espaço para que todos começam a procurar ainda mais e descobrir tudo, até que não sobre nada de nós. Me responda uma coisa.. - Você gosta da vida que tem?

- Mãe.. eu..

- responda.. você gosta da nossa casa? da faculdade? dos seus amigos, das viagens, seu carro.. gosta?

Abaixo a cabeça sentindo vergonha de mim mesmo.. - Gosto.

- Então nós nunca estivemos nesse hotel.

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- Nate? A voz do meu irmão me puxa de volta ao presente, estou sentado na cama do hospital e minha mãe, meu irmão e Ellay estão em pé me encarando

- An.. o que..

- Você sabe de tudo isso? de que nossa mãe é uma vaca gananciosa.

Respiro fundo e olho para Ellay, seu rosto está com um semblante triste e chorando, mas quando não respondo nada e olho em seus olhos ela percebe que a lama já estava até o pescoço e não havia mais como sair dali limpo.

- não.. ela sussurra dando um passo pra trás. Seu rosto era de decepção e raiva, ela pressiona o cenho e as sobrancelhas enquanto chorava de raiva. - Seu filho da puta, ela dizia vindo em minha direção.

- Ellay.. vamos embora daqui. Mike agarra ela antes que pudesse me agredir e a tira do quarto chorando aos prantos.

Consigo ouvir o choro dela se distanciando do corredor até ficar um silêncio absoluto, sinto vergonha de mim mesmo em esconder essa mentira para a garota que gostava.

Minha mãe pega a bolsa dela e sai do quarto fechando a porta. Fico sozinho deitado na cama relembrando de tudo que tinha acabado de acontecer.

olho pro lado e vejo um bilhete na cadeira que Ellay estava sentada.

Eu pedi pro médico um papel e uma caneta pra escrever isso por que não tenho coragem de te dizer, então assim parece menos tosco haha. Esses dias que eu dormi fora senti falta de ter você na minha cama, sentir o seu corpo no meu, sua respiração na minha. Quero sentir seu perfume todos os dias a partir de hoje e te beijar na frente de todos por que eu te amo Nate. Quase te perdi hoje e você não sabe o medo que senti em nunca mais poder olhar no seu rosto novamente, sentir o seu abraço e sua boca na minha. Por favor não morra. Eu quero ser a primeira pessoa a te ver quando acordar pelo resto da minha vida.