Sentimentos Estranhos

60 6 0
                                    

Fui direto ao bar. Enquanto bebia meu conhaque notei que Isabella havia sumido, talvez tivesse ido dormir, ainda bem, pensei, não ficaria aguentando olhares acusatórios. Estava olhando para um grupo de enfermeiras que estavam sentadas perto quando Edward, o responsável pela ONG, parou ao meu lado. Havia uma mulher com ele, ambos sorriam mas enquanto o sorriso de Edward era amistoso, o dela era totalmente profissional. Não havia nada por trás daquele sorriso, isso me desconcertou, não estava acostumado a mulheres que não me desejavam. Edward me disse:

- Jonathan essa é a enfermeira Ágata, ela será responsável pelo controle de medicamentos.

Eu sorri e apertei a mão da enfermeira, ela tinha um aperto forte. Edward virou-se para ela e disse:

- Agata, esse é o Dr Jonathan. Ele é responsável pelo tratamento de doenças infecciosas, acho que terão bastante contato devido a suas obrigações profissionais. Vou deixar que se conheçam, com licença.

Com isso virou-se e saiu, nos deixando sozinhos, eu não sabia o que dizer. Geralmente quando ficava sozinho com uma mulher ela tentava me levar para a cama ou qualquer outro lugar que se pudesse transar. Ágata pelo jeito não estava interessada, ela me ignorava friamente, talvez fosse casada. Aproveitei que ela estava distraída e a olhei de cima a baixo, deixando meus olhos se demorarem: tinha cabelos pretos e cacheados, deveriam ser compridos, estavam enrolados em um coque bagunçado; tinha olhos azuis claros e uma boca carnuda. Estava usando uma camisa branca com botões dourados, calça jeans preta e sapatilhas sem salto também pretas. Uma mulher discreta pudi perceber, vai ver é mesmo casada, o pensamento me deu uma sensação ruim e não entendi o motivo. Olhei para suas mãos, não usava nenhum anel, apenas um relógio dourado de pulseira fina. Quando olhei para seu rosto novamente percebi que ela me olhava com uma sobrancelha erguida, não sorria mais. Eu sorri e ela me disse:

-Dr Jonathan, soube de seu trabalho no Paquistão. Gostaria de lhe dar parabéns, é raro ver alguém tão jovem dedicar-se tanto ao trabalho.

Eu respondi:

isso não é apenas meu trabalho, é meu sonho. Não poderia viver sem isso.

Um brilho passou em seus olhos azuis enquanto dizia:

- Então acho que temos algo em comum, ambos somos apaixonados pelo que fazemos.

Pelo jeito que ela falou percebi que era muito mais do que apaixonada pelo que fazia. Ela me estendeu a mão novamente:

- Foi um prazer conhecê-lo Dr Jonathan, espero vê-lo em breve. Vou me retirar para minha barraca, tenha uma boa noite.

Ela não me deu chance de responder, soltou minha mão e saiu. Fiquei parado durante uns cinco minutos olhando na direção que ela tinha ido e sentindo seu perfume. Larguei meu copo no bar e fui para minha barraca, de algum jeito ficou sem sentido continuar naquela festa.

Cobrança do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora