Cobrança do Destino

Paraíso

Andamos em silencio até a beira das árvores, deixei que ela me guiasse até uma clareira. Ela largou uma tolha grande no chão e sentou em cima.

- Sente-se Jonathan. - Ela disse apontando o lugar a seu lado.

Eu sentei e olhei para ela.

- Você está me deixando nervoso.

Ela sorriu.

- Eu estou nervosa. Por favor não fique você também, ou isso será um desastre.

Dei uma risada baixa e balancei a cabeça.

- Jonathan, eu sei que Isabella falou com você ontem.

- Sabe?

- Sim, e eu quero dizer que eu não pedi para ela dizer o que disse. Aliás nem sei o que ela disse só que ela falou sobre mim com você.

Fiquei olhando para ela sem saber o que dizer.

- Ela disse que eu poderia faze-la feliz.

- Ela disse isso?

- Sim, disse que eu era desprezível mas que eu era a pessoa certa para fazer você superar o passado.

- Ela tem razão.

- Que eu sou desprezível?

- Claro que não. Ela tem razão sobre você ser a pessoa certa para mim. Não apenas para me fazer superar o passado mas porque você foi a única pessoa com quem eu consegui imaginar um futuro, sabe? Mas acho que eu não sou a pessoa certa para você.

- Como você pode dizer algo assim? Você é maravilhosa, é forte, inteligente, linda.

- Obrigada. Eu sei o que estou dizendo Jonathan.

- Explique-me então, porque eu juro, tentei achar motivos para desistir de você mas não encontrei nenhum. Olho para você e tudo que vejo é a pessoa por quem esperei minha vida inteira e se o que vejo não é a pessoa certa para mim então essa pessoa realmente não existe.

- Jonathan, por favor...

- Não, você precisa entender. Eu te amo Ágata! E eu tentei esconder isso, tentei mudar mas não posso. E se pudesse não iria querer, você é tudo que eu quero no mundo. Nunca senti por ninguém o que sinto por você, nunca disse para ninguém o que estou dizendo para você. Eu te amo, é isso, e se você me disser não, sei que nunca mais direi essas palavras.

- Não posso te dizer não, eu estaria mentindo para mim mesma. O que estou tentando explicar é que tenho medo Jonathan, você sabe porque. Eu amei uma vez e fui feliz no começo mas o final foi um pesadelo.

- Pesadelos sempre tem fim, Ágata. E depois deles sempre vem novos sonhos. Viva esse sonho comigo e você nunca mais precisará se preocupar com pesadelos.

- Jonathan, eu acredito em você e quero dar uma chance a mim mesma de ser feliz...

Não deixei que ela terminasse. Me inclinei e a beijei como ansiei fazer durante meses, como sonhei durante meses. Ela não se afastou, me abraçou forte e me beijou com o mesmo desejo. Quando nos afastamos ambos estávamos ofegantes.

- Diga Ágata. Diga que não sente por mim o mesmo que eu sinto por você. Diga que sou um tolo e que nunca terei você. Diga que você pode se afastar de mim e fingir que nada aconteceu. Diga que não me ama. Diga qualquer uma dessas coisas e eu não a procurarei mais.

- É tarde... é tarde para fugir, não posso dizer nada disso. Se você tivesse me perguntado a cinco meses atrás já seria tarde demais. Já era tarde demais no momento em que te conheci. Passei os últimos três anos me protegendo, ergui paredes em volta do meu coração porque não queria amar novamente, eu me mantive afastada de tudo que envolvia amor, porque era mais fácil e não me deixava vulnerável. Era mais fácil assistir do que participar. Na única vez que amei fui machucada além do que posso explicar achei que nunca me curaria, então ergui barreiras para que ninguém mais chegasse perto dessas feridas, não queria correr o risco de abri-las novamente. Mas você apareceu e você derrubou todas essas barreiras e minhas proteções em menos de um minuto e desde então eu tento reconstrui-las mas é impossível. Tudo o que quero agora é você. E já não faz diferença se você vai me machucar.

- Eu jamais machucaria você, eu preferia morrer antes de fazer você derramar uma lagrima.

Me aproximei e a puxei para o meu colo, nos beijamos de forma intensa e apaixonada. Movi minhas mãos para tirar sua blusa esperando que ela me afastasse, mas ela deixou e começou a desabotoar minha camisa. Enquanto beijava meu pescoço ela sussurrou:

- Obrigada por não desistir de mim. Eu te amo, Jonathan.

- Eu te amo, Ágata. Nunca vou desistir de você.

No meio das árvores, olhando para a lua e para as estrelas, eu fiz pela primeira vez não sexo, mas amor. Eu poderia viver mais trezentos anos e sabia que nunca mais sentiria algo como o que estava sentindo agora, cheguei a acreditar que existia o paraíso e que eu estava nele.