Aventura Imprevisível

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Ela se afastou de mim e ficou me olhando ainda sentada em meu colo, eu conseguia sentir seu coração batendo disparado contra as costelas suas pupilas estavam dilatadas o preto quase encobrindo o azul. Eu me aproximei para beijá-la novamente, então ela levantou e se afastou de mim estava com a respiração ofegante e sua voz estava rouca quando ela disse:

- Desculpe... eu não... não devia ter feito isso. - Ela respirou fundo e quando voltou a falar sua voz estava firme. - Não preciso disso agora, foi um erro, me perdoe não voltará a acontecer.

Fiquei olhando para ela e senti o chão se mover sob os meus pés. O que eu teria para perdoar, se ela fez exatamente o que eu queria? Mas eu precisava responder e sabia que ela não queria ouvir o que eu sentia.

- Não tem o que perdoar Ágata, está tudo bem.- Tentei sorrir, mas não tive sucesso.

- Jonathan, eu quero ser sua amiga, mas não posso ser mais do que isso. Você me entende? Tudo o que contei para você, deixei você se aproximar de mim mais do qualquer outra pessoa nos últimos três anos e não faço ideia do porque deixei, mas não me arrependo disso e quero realmente você por perto mas apenas como amigos.

Senti o resto do chão desabar sob meus pés, mas não tinha forças para ficar longe dela então respondi:

- Serei seu amigo, e apenas isso se você assim desejar. Não se preocupe não pedirei nada que você não ofereça.

Ela suspirou e acenou com a cabeça.

- Vou dormir, por favor deixe que fique apenas entre nós o que aconteceu.

- Claro, não pretendia sair gritando por aí.

Ela sorriu e saiu para sua barraca.

Fiquei parado, encarando o escuro entre as árvores, eu tentei fazê-la rir mas me sentia pior do que nunca. Amaldiçoei em pensamento meu passado, provavelmente estava pagando por todas as mulheres que eu havia machucado e tinha certeza que em algum lugar Sophia estava se divertindo com minha desgraça. Pela primeira vez eu soube o que fiz Lanny e todas as outras sentirem e no fundo achei justo que estivesse passando por isso, eu merecia.

O amor era a aventura mais imprevisível que existia, as vezes entravamos nessa aventura sem querer, sem estarmos preparados, mas na verdade não havia como se preparar. E depois que estivesse dentro era quase impossível voltar, você teria que arriscar tudo, provavelmente em troca de nada e na maioria das vezes faria isso sorrindo, faria qualquer coisa, qualquer sacrifício. Mesmo que significasse que você morreria um pouco a cada dia. Eu não acreditava realmente nisso, até agora. Eu estava em cacos mas concordei em ser apenas amigo dela, e isso me mataria aos poucos, mas eu tinha certeza que seria um milhão de vezes pior ficar longe. Eu concordaria com qualquer coisa que ela dissesse desde que eu pudesse ficar perto dela. Acho que precisei viver mais de dois séculos para entender que só encontramos sentido na vida quando encontramos alguém por quem morreríamos. Sei que é trágico, mas sinceramente sinto pena das pessoas que nunca chegaram a essa conclusão ou nunca experimentaram essa sensação.

Fui para minha barraca mas não dormi. Fiquei pensando no tanto que descobri sobre mim mesmo durante o dia, nunca acreditei que fosse capaz de sentir algo como o que estava sentindo agora. Sabia que se desperdiçasse isso nunca mais teria nada nem parecido, então eu seria apenas o amigo de Ágata mas não desistiria, de um jeito ou de outro ela ficaria sabendo o que eu sentia. Se eu não conseguisse conquista-la pelo menos teria experimentado algo novo em minha vida. O sono me alcançou e antes de adormecer pensei que se eu morresse nesta noite, morreria me sentindo completo como nunca antes me senti. Pela primeira vez eu sabia o que era amar alguém.

Cobrança do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora