De Volta ao Trabalho

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Dormi mal naquela noite. Tive pesadelos a noite inteira, sonhei primeiro com Lanny, no sonho ela chorava em desespero e eu queria chegar perto dela para ajudar e algo não deixava com que me aproximasse. Então, Lanny desapareceu e em seu lugar estava Evangeline, ela segurava Ruth nos braços e me pedia socorro mas novamente eu não conseguia me mexer. Por último vi Sophia, estava com as roupas e os cabelos molhados, a pele azulada de frio e ria de mim. Acordei ofegante, já era dia e os raios de sol entravam por baixo da porta da barraca. Levantei e olhei para fora, havia chovido durante a noite e poças d'água se acomulavam pelo campo, a temperatura tinha caído consideravelmente. Saí e tomei banho, naquele dia teriamos que trabalhar e eu estava feliz por ter algo para ocupar a mente.

Depois de ter voltado a barraca e me vestido com o uniforme branco, fui para a cozinha onde já estavam a maioria dos médicos e enfermeiras, eles riam e conversavam enquanto tomavam seus cafés. Peguei uma xícara grande de café preto e me sentei em uma cadeira na frente da televisão, estava passando o noticiario mas eu não estava prestando atenção. Minha mente ficava voltando aos pesadelos e eu lembrava de cada detalhe deles. Vi quando Isabella entrou com outro medico, um rapaz alto com cabelos loiros, ela estava olhando para ele do mesmo jeito que me olhou naquela noite. Não me importei nem um pouco, estava procurando Agata mas não a encontrei em lugar algum da cozinha. Chegaram os caminhõess que nos levariam até a cidade onde foi montado um centro de exames, iriamos para la todos os dias dessa semana. Peguei minhas coisas e me dirigi para um dos caminhoes, entrei na parte da trás e me sentei. Logo depois Agata entrou e acenou para mim, eu sorri e acenei de volta, ela estava com um grupo de enfermeiras, as que ajudariam ela no controle de medicamentos acho, e achei melhor não me aproximar, mas não conseguia desviar os olhos dela.

A semana passou rapidamente, pelo menos era o que todos diziam, eu não concordava; para mim ela passou terrivelmente devagar. Eu ansiava por alguns minutos sozinho com Agata, mas não consegui nenhum devido a nossas obrigaçoes. Só a via quando precisava de algum medicamento, e nesses momentos nenhum de nós dois tinha tempo para conversar. Então me contentei apenas com os "bom dia" e "boa noite" que ela me dizia quando passava sempre correndo de um lugar para outro. Não teriamos folga no final de semana, pois crianças em um vilarejo estavam com um surto de uma virose, iriamos para lá de manhã e voltariamos a noite, e na segunda feira iriamos para outro vilarejo montar outro centro de exames. Parte de mim tinha esperança que essa falta de proximidade me fizesse esquecer os sentimentos confusos em relação a Agata, e eu esperava que essa parte estivesse certa.

O mês passou terrivelmente rápido, dessa vez eu concordava. Não tivemos um único dia de folga, a maioria dos medicos estavam exaustos, com olheiras e mal humorados. Graças a minha condição imortal eu não demonstrava nem sentia cansaço fisico, mas minha cabeça estava explodindo, não conseguia me concentrar em nada. Era sexta feira e assim que chegamos do centro de exames todos se recolheram, inclusive eu. Teriamos o fim de semana de folga e estavamos planejando acender uma fogueira no sabado a noite.

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