In Too Deep...Sum 41

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Dois anos antes ...
Vic pov

-Estou tão, tão cansado! - atirei as malas para cima do sofá do meu recém adquirido apartamento em Diamond's Edge, tinham acabado de o pôr à venda e consegui-o por uma ninharia.
Olhei à volta para me familiarizar com o espaço, mas aquela casa estava num estado lastimável, cheia de pó e nada no frigorífico.

Não estranhei o frigorifico vazio, mas sim o pó acumulado dado ter sido posta à venda há pouco tempo. Bufei, a última coisa que me apetecia era comprar comida depois da maldita viagem de autocarro que durou quase três horas e da velhinha que não parava de falar enquanto tricotava meias e me impingia um saco de biscoitos que acabei por aceitar. Como é óbvio, o meu jantar não iam ser biscoitos e peguei no telemóvel para encomendar comida, mas depois tive uma ideia melhor: chatear a única pessoa que eu conhecia em Diamond's Edge.

Ei, eu tenho uns pequenos problemas no meu apartamento... Podes vir cá hoje?

Claro. Mas o que se passa?

Acreditas que não tenho comida no frigorífico?!

Vai comprar! O que é que eu tenho a ver com isso?

Quero-te em dez minutos no 47 de Elm Street, segundo frente.

Esquece, eu não te vou comprar comida!

Atirei o telemóvel para cima do sofá que soltou uma nuvem de pó.
Aquilo valia o preço que eu tinha dado, não havia dúvida... Resolvi dar uma volta pela casa, não era muito grande, com dois quartos mais uma pequena divisão encostada a um deles cuja área era sensivelmente metade da dos outros quatro. A sala e a cozinha comunicavam entre si com metade de uma parede a separá-las e a casa de banho era ao pé da cozinha.
Aquele sofá velho ficava na sala, a primeira divisão a seguir à entrada.
Fui até à casa de banho e liguei a água da torneira, mas não saía nada, nem uma gota. O chuveiro estava igual. Pelos vistos o último dono tinha-se esquecido de pagar a conta da água. Mas ainda tinha luz! Talvez...

Não tenho água em casa. Podes trazer?

A resposta apareceu poucos minutos depois.

Estava no carro, desculpa não ter respondido mais cedo. És mesmo um miserável! ;') Não te preocupes, eu trago

;'-) ?

*a rir muito* Da tua cara!

Cala-te , idiota!

Nem estou a dizer nada. Estás a ouvir-me a dizer alguma coisa?

Ignorei a mensagem, não fosse aquela besta ser responsável pelo meu jantar e iria responder-lhe.
Caminhei pelas divisões e acabei por pôr as minhas malas no quarto que tinha a despensa colada, era o maior e o que parecia estar em melhor estado, com um armário, um guarda roupa ,uma secretária e uma janela tamanho pequeno.
Saí do quarto e encontrei uma vassoura na cozinha, demasiado sujo para presumir que havia uma e comecei a dar um jeito para aquilo ficasse minimamente apresentável ou que um ser humano conseguisse viver lá, pelo menos. Duvidava muito, as fotos das agências imobiliárias são mesmo enganadoras e , para a próxima, iria verificar antes de comprar. Sim, sou um idiota, um idiota que precisava de arejar a cabeça e cuja última preocupação seria verificar uma casa na qual iria gastar uma boa parte das economias. Idiota.
-Nunca pensei em ver-te de vassoura na mão!
O responsável pela comida estava encostado na porta a rir-se de braços cruzados e com um saco de plástico encostado a ele.
-Se me vais perguntar como é que eu entrei, digo-te que foi pela porta. E não, não usei um gancho para a abrir, limitei-me a rodar a maçaneta.

Aí lembrei-me que tinha esquecido de trancar a porta... estava tão cansado da viagem e da escadaria e de encontrar a casa certa que esse pormenor me tinha falhado completamente. Atirei a vassoura para aquela besta que se ria como uma hiena.

-Eu não sou nenhuma empregada! Pega nisso, estou cansado. Trouxeste comida?
Atirei-me para o sofá pouco me importando com o estado dele e o garoto pegou na vassoura com uma sobrancelha arqueada.
-" Olá, tudo bem? Como é que correu a viagem?" As pessoas normais perguntam isso. Tu só queres saber de comida!
-Desculpa se ainda não comi nada desde o meio dia e já são sete da tarde. Não queria ir para a cama de jejum. Tive um dia chato.
Ele encostou a vassoura à parede e levou os sacos para a mesa da cozinha, uma mesa redonda de madeira que já não estava nos seus tempos áureos, e nem para lá caminhava... eu tinha de dar um bom jeito àquilo
- Como é que estás?
Desta vez ele virou-se e eu fiquei a observar os movimentos dele a arrumar os sacos e saquinhos nas prateleiras, pelos vistos armários na cozinha era coisa que não me faltava. Suspirei fundo.
-Sinceramente, Kellin, eu já pensei em acabar com tudo. Sabes perfeitamente porque é que eu vim para aqui. Eu queria desligar-me de tudo...
-Tens quase trinta anos e ninguém tos tira, mas estás melhor do que quando tinhas 20.
-Obrigadinho. Não sei se era um elogio.
-Era um elogio- ele revirou os olhos.
Encolhi os ombros e fui até ao único canto da casa que valia a pena: a varanda da sala com os seus aros retorcido e com tamanho suficiente para um colchão de casal no chão. Eu iria passar bastante tempo lá e tinha sido essa varanda o principal motivo para comprar a casa.
Olhei para Kellin que tinha acabado de tirar um pacote de leite e tinha-o aberto para si. Uma coisa que nunca iria sequer pensar fazer com 20 anos, principalmente devido ao histórico de bebidas que ele tinha e que não era muito bonito. Era essa a principal causa das discussões com a Katelynn.
- Quanto tempo vais cá ficar?
- Não sei... - olhei para o vazio e para as luzes das casas que se acendiam lentamente. As fileiras de candeeiros mostravam as ruas vazias.
Kellin ligou o fogão que, por algum acaso miraculoso, ainda tinha gás, finalmente alguma coisa que funcionava naquela casa!
-Devíamos sair. Comia-se qualquer coisa e íamos dar uma volta. O que achas?
Deixei a varanda e fui até à cozinha.
- Não me apetece nada sair de casa, Kell. Estou muito cansado para isso- ele encolheu os ombros e eu fui ajudar a preparar qualquer coisa, um típico jantar de solteiro para dois, a especialidade de Kellin.
Meia hora depois já estávamos a conversar animadamente no meio de uma garrafa de vinho que se balançava como a conversa. Como tinha começado a chover, o Kellin acabou por dormir no número quarenta e sete
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