Vic pov
Madre diós, quem era aquela miúda?
Não que isso me interesse, mas ter uma camisola a dizer Pierce the Veil deixou-me intrigado, dava-me lembranças um tanto desagradáveis...
Liguei ao Kellin para me vir buscar, estava demasiado perturbado e cansado para conduzir, não demorou mais que dez minutos— Então, o que é que se passa? Estavas estranho quando me ligaste...
Porque é que ele me conhecia tão bem?
— Está tudo bem, Kells. Só um pouco cansado. Leva-me a casa, Sr. Quinn?
— Obvious, Vic, mas continuo a dizer que estás estranho, o que é que aconteceu?
—Nada, Kell. A sério. Vamos?
Estava a puxar o máximo que podia aquele idiota para irmos para a carrinha. Aquela besta conseguia chatear-me o juízo quando queria e isso irritava-me.
A verdade é que o Kellin tinha um ponto a favor dele: era o meu único amigo em Diamond's Edge e o único que eu tinha deixado entrar no 47 de Elm Street.
Entrámos na carrinha e ele conduziu calado o tempo todo, sei que ele queria desesperadamente saber o que se passava, sempre foi um bisbilhoteiro da pior espécie, mas estava a aguentar-se muito bem. E era engraçado vê-lo naquela situação, o maior dos ignorantes ao som de um solo de guitarra que passava no rádio.
......
Ele descalçou os sapatos e atirou-se para o sofá recentemente limpo pela minha pessoa. Aquele sofá já pertencia aos antigos donos e eu não tive coragem de o deitar fora, de alguma forma, eu sentia que aquele sofá era a alma da casa.
—Vic, pela última vez, o que é que se passa?
—Kellin, pela última vez, não se passa nada!
—Victor Vincent! Pela última vez, eu não sou cego! Passasse alguma coisa contigo, vieste calado o tempo todo a olhar para o telemóvel, como se estivesses à espera de alguma coisa. Estavas à espera de alguma coisa?
Eu não iria contar ao Kell que apareceu uma moça com uma t-shirt a dizer Pierce The Veil que me tinha deixado naquele estado. Era demasiado estúpido e ele iria rir da minha cara.
— Kellin, eu limpei esse sofá ontem, por isso não vais pôr as patas em cima dele, entendido?
Ele resmungou uns quantos impropérios, mas tirou os pés. É estranho, mas ele andava a passar bastante tempo em minha casa, como se fosse uma peça de mobília a que eu me estava a habituar lentamente. Um dia usá-lo-ia como estante.
Quando eu comprei o apartamento lembro-me de ter dito que queria um pouco de paz. Queria organizar a minha vida de alguma forma. Queria afastar-me de tudo.Tudo.
Tudo, mas o Kellin tinha de viver comigo, não é? Até parece que vivemos juntos, aquele desgraçado gosta de viver à custa dos outros, mas é o que tem mantido a minha sanidade mental nos últimos anos .
Gosto muito dele.
— Tem uma rapariga nessa história, não é?
Engoli em seco. Não que ele fosse perspicaz porque esse era um problema comum na minha vida.
— Nunca conseguiste mentir. É uma rapariga o teu problema. A Lucy? É bonita, não haja dúvida. E aquelas pernas, Jesus! — revirei os olhos, ele era um homem casado e futuro pai, mas ele parecia ser o último interessado nisso. Não que ele não gostasse de ser, mas não me parecia mentalizado...
— Não, não é a Lucy. Nem a Hannah, aquela chata ! Ás vezes , ela consegue mesmo chatear-me — revirei os olhos, só de falar nela já me aborrecia.
— Então é a Ruby. Nunca ninguém teve um nome mais adequado, duvido que aquilo seja verdadeiro, parece muito vermelho, talvez demasiado...
— Errado mais um vez, Quinn. Nunca vais saber quem é porque ela não trabalha na pastelaria.
O Quinn pôs as patas no sofá seminovo, que eu me matei a limpar, outra vez.
— Deixaste-me intrigado, estou curioso para saber quem é a bela misteriosa que está a perturbar a cabeça do meu melhor amigo. E que mo quer roubar, para o caso.
— Kellin Quinn, vê se te acalmas. Nunca ninguém me irá roubar. Ou isso são ciúmes?— fiz um ar malicioso e ele atirou-me uma das almofadas à cara.
— Eu sou casado, ok? Pode não parecer, mas gosto muito da minha esposa e não a ia trair com um anão.
Ele levantou-se do sofá e foi até à cozinha para fazer umas sandes. Idiota. Lembrei-me que ainda não tinha jantado e que me estava a doer o estômago.
Ele fez uma sandes para ele e uma para mim.
— Quando é que o teu irmão vem?
Tinha-me esquecido que o Mike me vinha visitar. Quer dizer, ele ligou-me mas não tenho a certeza se ele vem porque ele era muito do género da Hannah, só avisa na última.
— Para a semana, se vier. Tinha-me esquecido completamente que ele tinha ligado.
Ele comeu um bocado da sandes e foi buscar cervejas ao meu frigorífico, uma das poucas coisas que eu lá tinha.
— Como é que ela se chama?
— Egi.
— Egi? Raio de nome, deve ser alcunha. E ela... Gosta de ti?Sinceramente... Sinceramente não faço a mais pequena ideia. Se eu contar a história ao Kellin ele ri-se da minha cara. Se não, ele acha que lhe estou a esconder alguma coisa e chateia para saber o que é.
— Kell... A verdade é que eu só a vi uma vez. Só falámos uma vez. Ela veio hoje lá à pastelaria quando eu ia a fechar.
Eu não lhe ia falar do cabelo negro dela, dos olhos azuis claros, da delicadeza das suas mãos, de eu querer que ela me segurasse a mão para conseguir sentir a pele dela, tenho a certeza que devia ser macia como algodão doce...
— Vic? Vic? Terra chama Vic, estou a ver que essa garota ainda nos vai trazer problemas... — Ele estava a abanar a mão à minha frente.
— Estava a pensar nela. É estúpido, eu sei, mas ela não me sai da cabeça. Nem a camisola dela .
— A camisola? — ele estava intrigado, confuso e um pouco chocado.— O que é que o senhor Fuentes andou a fazer com a pobre rapariga?!
— Não é o que estás a pensar. A camisola dela dizia Pierce the Veil e isso não me traz as melhores recordações, como sabes...
—É só uma força de expressão, para sermos honestos. Cortar o mal pela raiz, o que todos devíamos fazer.
— Eu sei o que é que quer dizer, mas... Perturbou-me, ok?
Limpei a cara e resolvi-me a fazer o jantar, só mesmo para ter a cabeça ocupada. O Kellin estava a escrever alguma coisa no telemóvel, talvez estivesse a trocar mensagens com alguém.
— Ei, K, vais jantar aqui?
— Eu?! Até parece, Vic...— fez um sorriso inocente, era óbvio que se ia aproveitar da hospitalidade alheia. Revirei os olhos.
— Melhor fazer para dois então. Andas a passar muito tempo aqui, sabias? Como é que está a Katelynn?
— Discutimos. Imagina que ela acha que eu passo pouco tempo em casa. Eu gosto dela, mas às vezes nem sei como a aturo, quando quer é mais chata do que a Hannah.
— Impossível ser tão chata como a Hannah. Ainda é a Katelynn que me apresentaste em San Diego?
— A mesmíssima que embirrou com a Carol.
— E foi por isso que acabámos, mas já foi à muito tempo. Acho que a Carol já nem se lembra do meu nome ou de alguma coisa de mim, para ser sincero
— Essa Carol era simpática... E cozinhava mesmo, mesmo, mesmo bem! Sempre quis saber o segredo daqueles biscoitos que ela enviava lá para casa, aquilo era comida dos deuses!
— Que biscoitos?— arqueei uma sobrancelha, não me lembrava dela enviar doces ou algo do género para casa do Kellin, a menos que... — Eram umas rosquinhas castanhas com um buraco no meio?
— Esses mesmo! Diz que os sabes fazer!
Fez beicinho e implorou para que eu os fizesse, mas eu pus as mãos nos ombros dele, estava a começar a chorar de tanto rir.
— Kellin, esses eram os biscoitos para o teu cão.
Ele fez uma cara de enojado e depois começou a rir.
— Sabes uma coisa, Vic? Ele tinha mais sorte do que eu.><><><><><><><><><><><><><><><><
VOCÊ ESTÁ LENDO
Padrinho
Фанфик"Ainda tinha a faca na mão e o sangue a escorrer pelos meus braços enquanto o corpo inanimado estava à minha frente." . . . . A última versão da obra infelizmente foi apagada, por isso, apresento a nova e melhorada versão de "Padrinho"... Em revisão...