Pieces... Sum 41

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Egi pov

Meia hora despois já estava à frente do segundo esquerdo , uma casa que eu já conhecia bem.
O Vic abriu-me a porta e pediu-me para me instalar à vontade e ,o mais engraçado, foi terá reparado que o apartamento do Vic era o antigo apartamento do Alex. O mundo era pequeno.
O irmão dele também estava em casa a jogar qualquer coisa no telemóvel, sentado no sofá, sem se importar com a minha presença.
Caminhei pela casa e olhei para o sofá sem ter coragem de me sentar nele: o irmão já lá estava, se eu me sentasse aquilo ia desfazer-se.
Espantei-me quando vi uma guitarra encostada a uma parede, que seria do irmão, provavelmente, porque o Vic não tinha falado nada disso. A guitarra era linda, mesmo cheia de tinta e um pouco partida no braço.
—Vic, é tua? —Eu abracei aquela obra prima e olhei para o Vic com olhos de cachorrinho, ele concordou. —Porque é que não tocas um bocadinho? Por favor...
O Mike foi até ao quarto e o Victor encolheu os ombros, nem ele sabia o que ele ia fazer, mas depois engoliu em seco quando ouvimos alguma coisa pesada a rodar pelo chão e o Vic cerrou os punhos, pelos vistos ele sabia perfeitamente o que o Mike ia fazer.
—Mike, não faças isso, estou a avisar-te! Não é assim que me convences!
Eu continuava sem perceber o que ele ia fazer.
Pouco depois vejo-o a rodar tambores de bateria para a sala . Ok, eu só pedi para o Vic tocar um bocadinho, mais nada! Eu não queria um concerto ao vivo! Dez minutos depois já tinha tudo montado, pelos vistos já tinha bastante prática a fazer aquilo. Aí tive a certeza que a guitarra era mesmo do Vic.
—Ok, Vic, eu tive o trabalho de montar isto. Agora não vais dizer que não tocas, temos uma convidada.
Ele encolheu os ombros. Estava chateado, mas pegou na guitarra.
— Desculpa o meu irmão, Egi. Queres que a gente toque o quê, Michael?
—Tu sabes. Aquela música que escreveste à uns anos.
—Não sei do que estás a falar...— ele estava a ficar com o rosto cada vez mais fechado, o que era estranho.
_ Before today não te faz lembrar nada?
Ele virou as costas, atirou a guitarra para o chão (ela rachou mais um pouco) e trancou-se no quarto depois de bater com a porta, eu não conseguia perceber porque é que ele ficou tão chateado. Tentei segui-lo, mas o Mike segurou no meu ombro.
—É melhor deixá-lo lá, eu exagerei, a culpa é minha. Ele sente-se um frustrado por causa da banda que nunca foi para a frente— revirou os olhos.— Como é que ele ainda não superou isso? Foi à anos!
— Banda? Como assim, uma banda?— sentei-me no sofá vazio e ele puxou o banquinho da bateria para se sentar.
  —Sim— entrelaçou os dedos.— Em 98 tivemos a ideia de criar um banda e arranjámos um nome espetacular , Early times,—ri-me, era um nome ridículo—  já não me lembro de quem teve a ideia para o nome, mas isso não interessa. Acabámos por lançar um álbum, aquilo foi um autêntico fiasco. Então tentámos de novo em 2004, com um nome diferente, Before today, um nome muito melhor, como é óbvio, lançamos um álbum e tal , mas isto ainda correu pior porque fomos a tribunal acusados de plágio. A partir daí o Vic nunca mais tentou nada, desistiu. Foi um trauma tão grande... nunca mais o ouvi cantar. Eu pensava que ter-te aqui iria acalmá-lo com essa história.
—Tens alguma coisa dessa altura? Alguma gravação?
—Por acaso... Tenho as faixas do Before today no meu telemóvel, se quiseres ouvir. Nunca me consegui largar delas , para ser honesto.
Ele entregou-me o telemóvel e começou a tocá-las, sabia a letra de cor e salteado, desde Color your world até à ultima faixa, Pierce the veil,   a camisola que eu estava a usar no dia em que o conheci.
- Mike, tive uma ideia. Nós conseguimos resgatá-lo desse trauma.
Ele acordou do seu sono hipnótico e coçou os olhos.
- Mas como? Ele recusasse a cantar!
Aproximei-me do ouvido dele e sussurrei três palavras:

Color your world

Era essa a resposta e o irmão mais novo pareceu perceber o que eu queria dizer. Era isso… pelo menos o Vic ainda tocava, certo? Certo?!
— Podemos tentar. Tu irias adorar ouvi-lo cantar, era um bocado agudo, mas era bonito.
Ele deu-me um sorriso e eu continuei encostada no sofá, enquanto ele estava sentado.
Algumas horas depois, o Vic apareceu , já o Mike tinha saído para beber um copo e tentado convencer-me a ir com ele e o Kellin estava a trabalhar, ou seja, deixaram-me com a besta deprimida de sweater cinzenta e boné virado ao contrário. Pelos vistos, o café ou saída ou seja o que for que íamos ,fazer foi cancelado.
- O Michael contou-te, não foi? — fiz um chá e ofereci, mas ele negou. —Não adianta mentires, eu ouvi a conversa do quarto. Sei que estou a ser uma criança, mas... Não , não consigo fazer isto. Todos temos demónios e o meu chama-se Before today. Foi o mais longe que eu alguma vez consegui ir e foi cano abaixo, perdemos no tribunal e tivemos imensas despesas. Eu acabei por trabalhar numa funerária para pagar todas as despesas e a minha mãe ficou doente e tinha ido para o hospital, foi muito complicado. Para piorar as coisas, um primo do lado do meu pai e em terceiro ou quarto grau tirou-nos tudo e eu tive que usar o trabalho na funerária para pagar uma casa para mim e para o meu irmão, e eu odeio aquele trabalho! Odeio lá estar! Odeio ter que lidar todos os dias com pessoas que perderam quem amavam! É horrível que o meu único consolo seja que quando eu morrer o meu irmão vai ter desconto no caixão!— ele respirou fundo, e apoiou-se no tampo da mesa velha, o meu chá estava no fim.— Tivemos um pouco de sorte, o Kellin apareceu vai-se lá saber de onde e ajudou bastante, emprestou-nos a casa dele sem se queixar e sem fazer perguntas. Devo-lhe bastante, ele é o meu melhor amigo, mas... Eu estava farto de tudo. Fiz as malas e comprei o apartamento mais barato que consegui. E é assim que estou aqui.
Ele tinha passado por tanto. Levantei-me e abracei-o com o máximo de força que eu consegui e ele retribuiu o abraço e fez uma pequena festa no meu cabelo.
—Obrigado, Egi. Obrigado por me ouvires e por estares aqui —deu-me um pequeno beijo na bochecha e fez um sorriso fofo.
Olhei para as horas, era meia noite e meia.
- Vic, eu adorava passar a noite a comer tacos e comida mexicana, mas tenho que tomar conta de um miúdo e o meu irmão já deve estar a vir buscar-me...
Eu sabia que era um bocado mau o que eu estava a fazer, não devia deixar o Vic no estado em que ele estava... Ele deu-me um sorriso triste e levou-me até à porta.
- Bem... Boa noite ,Vic.
Ele pegou no meu casaco e ajudou-me a vesti-lo, estava frio lá fora e as folhas já estavam a cair.
- Boa noite... Egi...
Ficámos na soleira da porta demasiado tempo e acabou por ficar um pouco constrangedor.
Ele puxou-me e abraçou-me com força, como se tivesse medo de me perder e eu dei-lhe um beijo na bochecha.
- Boa noite, Sr. Fuentes.
- Boa noite, Srt...
Eu já tinha descido as escadas e acabei por não ouvir o resto. Sinto-me sempre mal depois de abandonar o número 47...

Vic pov
- Boa noite, srt... Fuentes.

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