O amor de Lady Emma | Reencontros de amor - Livro 1 **AMOSTRA**

Prólogo

Solar Lester

Devonshire, Inglaterra — 1820.

— Um brinde aos noivos!

Bebeu todo o espumante de seu copo para comemorar genuinamente o casamento do seu irmão. Abriu espaço para eles na pista de dança e fez um gesto para a orquestra tocar a valsa favorita dos dois.

Enquanto observava os recém-casados trocando olhares apaixonados abertamente, ele soube que nunca se contentaria com um casamento tranquilo e mediano.

Afinal, existiu amor no casamento de seus pais. Existia amor no casamento de seu irmão. E ele tinha sentimentos por uma mulher que eram profundos demais para configurar o casamento "tranquilo e mediano" que planejou para si mesmo no passado. Seria hipócrita pensar que poderia se casar com outra pessoa ou aceitar menos do que isso.

Largou a taça de espumante e substituiu por um copo de uísque, ficar na presença dela sempre necessitava de algo mais forte. Fazia mais de um ano desde que a vira pela última vez. Evitou como louco ficar no mesmo ambiente, tudo porque não suportava o olhar triste dela. E agora que estava ali, só conseguia pensar em como a queria desesperadamente. Quando viu Emmaline conversando com sua irmã, sentiu o costumeiro aperto no peito.

A esta altura deveria ter parado de sentir pena de si mesmo ou de reclamar sobre esse assunto, mas não conseguia. Nada diminuiria o tamanho do pecado que ele cometia toda vez que sentia inveja do seu próprio irmão.

Sim, ele invejava seu irmão.

Sabia que Edward não retribuía o amor de Emmaline, mas não importava. Não importava o quanto amava seu irmão nem que ele estava casado com outra pessoa. Sentia inveja porque ela o amava, simples assim. Daria tudo que tinha em troca do amor dela.

Sabia também que o afastamento da sua família nos últimos anos era obra dessa situação. Como explicar para sua família o que aconteceu com ele? Afundou em trabalho, quintuplicou a fortuna da família e também a mesada que dava à sua mãe e aos seus irmãos, comprou mais propriedades para administrar e adquiriu mais investimentos para gerir. Quanto mais corria para o trabalho, mais sentia que sua mente se afastava dela. Sabia também que poderia proporcionar conforto e segurança para sua família e as próximas gerações, se empenhava cada vez mais em usar essas ferramentas como uma compensação pelo afastamento emocional.

Já não sabia se bebia para comemorar o casamento ou para afogar seus pensamentos. Um riso amargo subiu pela garganta enquanto observava o uísque em seu copo, recordando o momento em que se apaixonou por ela. Sua memória gravou com detalhes cada lembrança dela, e agora estava presa naquele dia. Foi preciso apenas uma dança...

Sabia que o baile de debutantes seria um aborrecimento, mas não esperava um desastre. Cobrou favores de pelo menos vinte lordes para que eles comparecessem no primeiro baile da Amanda e a tirassem para dançar, dançar apenas. Alguns deles não tinham boa reputação, mas todos tinham títulos e sabiam dos seus papéis para a noite. Queria que sua irmã fosse feliz no seu primeiro baile, que pudesse dançar a noite inteira sem ficar no canto.

Quando concordou em dançar com Emmaline, bem, a última coisa que poderia esperar era se apaixonar, afinal, não foi a primeira vez que colocou os olhos nela, mas foi a primeira vez que ele a viu de verdade. Algo havia mudado desde a última vez que a viu. Havia mudado muito, porque a Emmaline que estava dançando em seus braços não era mais a menina que se lembrava, e sim uma mulher lindíssima. Quando a tomou nos braços, ela o enfeitiçou. Quando sentiu a mão dela no seu ombro, suas pernas falharam. E diabos, suas pernas nunca falharam.

Usando um vestido branco como todas as debutantes, seu cabelo refletia a luz dos candelabros, tornando o dourado das mechas em ouro. Ele pensou que nunca vira olhos tão grandes e tão expressivos quanto aqueles. Como nunca tinha reparado nisso antes em todos os jantares e todas as visitas? Os olhos que o fitaram eram de um tom claríssimo de verde, como o mar que conheceu quando menino.