Capítulo 7

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Emma estava na poltrona da biblioteca lendo, pelo que deveria ser a enésima vez, Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Nada mais típico para ela em uma sexta, antes do chá da tarde. Algumas flores que ela recebeu ainda estavam no corredor, o cheiro chegando até seu nariz, típico e adorável também.

Alguns poderiam achar que era tedioso ler um livro mais de uma vez, mas para ela era tudo questão de conforto. Conforto por conhecer a história, os personagens, o fim. Ah, como ela adorava o final da história, saber que eles ficariam juntos, superariam as barreiras e encontrariam o amor.

Ela estava melhor que imaginou. Edward e Christine estavam fora da cidade, em Veneza para ser mais exata, e não planejavam voltar pelos próximos três meses. A carta que Amanda mostrou para ela era um modelo de brevidade: estavam felizes, Veneza era maravilhosa e não voltariam sem passar um tempo na casa da família de Christine em Paris, na França. Como resistir aos encantos parisienses?

Estava sim muito melhor do que imaginou, e evitou Alec todas as vezes que o viu passar. Dançou com outros cavalheiros e... evitou Alec todas as vezes que o viu passar. Cogitou não comparecer aos bailes, mas o orgulho não permitiria uma coisa dessas.

Se não bastasse todo o histórico de família, o fato dele ser um duque e todas as coisas que disse, ela tinha sonhos frequentes com o beijo. E se perguntava com frequência se tudo não passava de um sonho ou uma história que criou.

Balançou a cabeça para espantar esses pensamentos ridículos e voltou ao livro. Onde estava mesmo? Ah sim, página 41.

"— Espanta-me a capacidade que têm as moças de se tornarem tão prendadas — disse Bingley."

— Ora, meu caro Senhor Bingley, com a quantidade de aulas de aperfeiçoamento que enfrentamos me espanta você se espantar com isso — disse Emma baixinho, sarcástica.

"— Todas as moças são prendadas! Meu caro Charles, que quer dizer com isto?

— Sim, todas desenham mesas, forram biombos e fazem bolsas de tricô. Não conheço uma só moça que não saiba fazer todas estas coisas."

— Por que é preciso saber como forrar um biombo? Isso é realmente útil?

Hoje estava difícil manter a concentração.

"— E nunca ouvi mencionar o nome de uma moça pela primeira vez..."

— Emma! Emma!

A primeira vez que sua mãe chamou deveria estar no pé da escadaria, já no segunda vez estava chegando na biblioteca, por isso largou Orgulho e Preconceito e abriu Etiquetas para uma Lady volume 5. Nada útil, porém daria cobertura.

— Boa tarde, mamãe. Me chamou? — Viu sua mãe erguer uma sobrancelha, visivelmente suspeitando do seu tom de voz doce.

— Este vestido do baile de casamento de Edward semana retrasada está sem um botão... — sentiu o sangue sair do seu rosto — ... mais botões como esse então vamos substituir. Você prefere esse ou esse? Podemos substituir a gaze da saia para acompanhar o novo botão.

Sua mãe estava gesticulando feliz sobre os benefícios de cada botão e gaze que acompanharia o novo desenho da saia por um botão que ela perdeu no baile. Um botão que o duque arrancou do seu vestido. Enquanto a beijava.

— Emma, filha, qual deles? — perguntou, na ausência de uma resposta: — Você pelo menos está me ouvindo?

— Claro que estou — respondeu rapidamente. — O botão de pérola com a gaze azul-clara.

O amor de Lady Emma | Reencontros de amor -  Livro 1  **AMOSTRA**Onde histórias criam vida. Descubra agora