Capítulo 1

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Início.

Nascida em 1922, começo do século XX, Elena Davies cresceu em um pequeno palácio, sem muito luxo e ofuscada pelo título que seus Tios possuíam, Rei e Rainha de Salem.

Contudo, Elena desde pequena frequentava a aulas em sua residência, com princípios e deveres de como uma duquesa deveria agir e se comportar, diante altos cargos. Então ali não obtivera conhecimentos além do necessário para tal posição.

Durante a temporada de verão, sua família, incluindo seus pais e tios, saíam de férias para se refugiar da cidade grande, em ilhas que sua monarquia governava.

Elena, sempre se sentia solitária, o que lhe tornou ser tímida e não apresentar boa desenvoltura a pessoas desconhecidas. Não possuía amigos, além de seus pais e seu gato de cor laranja e olhos castanhos claros.

Elena amava correr no campo de sua residência, como se não tivesse nada a perder, admirava margaridas brancas expostas ao sol, se deitava, observava, sentia o mundo em seus braços, sua vida correndo em suas veias.

Sempre demonstrava seu lado artístico em pinturas, e poesias, e quando queria fugir da realidade que vivia fazia a Trilha do Norte onde dava em um morro com gramas curtas com vista para a Praia do Vale. Ela amava se sentar, ouvir o barulho do vento, dos pássaros e o sol se escondendo atrás do mar, dando espaço para a noite, fria e vazia.

Seu quarto não tinha nada de especial, apenas uma cama confortável, em tom de branco e detalhes em dourado, e uma linda penteadeira de madeira escura. Janelas que eram sua única vista para aquele mundo que ninguém lhe preparou.

Diante uma pessoa tímida e sensível, Elena por sua vez era um grande mulher, uma grande líder, autêntica e forte, mas nem isso ela sabia ainda.

Ela nunca sonhou em um dia ser Rainha de Salem, até por que era um sonho inalcançável, ela gostava de sua realidade, sem ser exposta e de ser tratada como uma pessoa normal.

Apesar de ter todos esses atributos, Elena encantava por onde passava, com sua beleza esmerada, seu rosto de porcelana e porte físico. Sempre era convidada para festas da realeza e saraus, mas nunca tinha coragem de aparecer.

Seus pais nunca tiveram outro filho além dela, e seus Tios só tiveram um menino, Phillip, atual sucessor a coroa, ele era elegante, sabia como tratar uma dama, mas tinha vícios, além de ter um ego enorme, ele era tipo o sol e a lua, de dia brilhava, de noite se tornava um homem irreconhecível.

Eu gostava dele, era um ótimo primo, me mandava cartas toda semana para saber como eu estava, de suas conquistas e metas, era um ótimo conselheiro e ouvinte, sempre se metia em confusão e era muito "mulherengo".

Na adolescência foi a minha pior fase, sentimentos, emoções, a flor da pele, era descontrolada, como um trem rumo ao descarrilamento, ia a muitos psicólogos, e nem os conselhos do meu Tio faziam mais efeito, me tornei uma Duquesa rebelde.

Foi aí que meus pais me mandaram para passar um tempo no convento, foi lá que aprendi o verdadeiro significado de fé, admiração e adoração. Saí de lá renovada, e decidi então me cuidar mais, me amar mais, me permitir mais.

Voltando para casa, nada tinha mudado, fiz a velha Trilha do Norte para matar a saudade e quando retornei para casa, pelo quintal com a grama recém cortada, vi meu gato, ofegante, vindo em minha direção.

Por um momento eu vi nos olhos dele, sua alma dizendo adeus, eu estava completamente devastada, enquanto chorava, sentia seu corpo se esfriando cada vez mais nos meus braços, até que ouvi seu último suspiro, e me encolhi na grama junto com ela, até notarem meu sumiço. Eu não queria que ela fosse daquele jeito, foi aí que aprendi a minha primeira lição: "Nós só damos valor, quando perdemos".

Depois de uma semana, sai do meu quarto, não estava me fazendo bem, me trancar de tudo e de todos, sai para respirar e refletir, por que comigo? por que agora? são muitas perguntas para nenhuma resposta.

Foi aí que tentei me alegrar um pouco indo para uma festa junto com o meu Tio. Vesti um longo vestido branco, com um colar de pedras para esta ocasião.

Chegando na festa, não tinha muitas pessoas da minha idade, a maioria eram adultos e desafortunados, mas eu estava lá para me divertir

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Chegando na festa, não tinha muitas pessoas da minha idade, a maioria eram adultos e desafortunados, mas eu estava lá para me divertir. Logo entrei para uma roda de dança, estava divertida até, e a música nada mal.

Cheguei em casa com os pés doendo por causa do sapato, e logo fui me deitar. Pela manhã, teve um movimento aqui no palácio, não entendi muito e logo fui investigar.

Pelas brechas das paredes, ouvi alguns empregados cochichando sobre o desaparecimento do Phillip, logo pensei que tinha confundido, não quis acreditar na realidade que estava ao meu redor.

Fui ao Palácio de Salem, junto com os meus pais para saber mais sobre o Phillip. No fim da tarde, recebemos a notícia de que ele tinha ido à Praia do Vale e se afogado, era como se tudo estivesse se reerguendo e a vida tirasse tudo isso em um sopro.

Me contive para não chorar ali mesmo, tentei ser forte comigo mesma e não mostrar aos outros o quanto estava abalada, não foi fácil segurar, mas consegui.

Logo, todos de Salem souberam da morte do Príncipe Herdeiro, e Orlândia prestou 3 dias de luto, com o sino da Igreja tocando a cada 2 horas. No dia seguinte a notícia, teve seu enterro, com as Tropas do Reino, Plebeus, Reis, Famosos, todo mundo estava lá.

Meus tios estavam profundamente arrasados, não saíram de perto do caixão. Dei ao Phillip uma margarida branca que tinha no meu quintal, uma lembrança simbólica e pura de todos os feitos, acontecimentos, concelhos e lembranças que ali guardaria dele.

Dei o meu adeus interno junto com uma lágrima amarga.

"Adeus, Querido Phillip."

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora