Capítulo 9

10 4 18
                                    

Um novo Ciclo.

Ainda em 1944, no seu último mês, fomos nos planejando para as datas comemorativas, e eu tinha recebido a maravilhosa notícia de que o Antônio viria para casa e poderíamos para o Natal juntos.

Começamos então as tradições natalinas, e partimos em busca da maior árvore para ser decorada no centro da cidade, espalhando o espírito natalino para todos.

Fui junto com a Betty em busca da tal árvore, enquanto a Carmita ficou no palácio com os empregados tomando conta dela.

- Será que conseguimos achar a maior árvore, hein? (Questionou Betty)

- Seria uma baita conquista para nós.

Ela concordou comigo e seguimos caminhando pela floresta mais e mais, sempre em linha reta para não nos perdemos. Até que começou um pequeno nevoeiro, e logo ficamos presas na floresta sem poder fazer nada até esperar tudo aquilo passar.

Foi quando a Betty viu uma forte luz penetrando o pequeno nevoeiro, e seguimos para ver o que era. Pensávamos que era uma equipe de ajuda procurando por nós já que fazia um tempo desde que saímos para explorar.

Conforme íamos se aproximando, a luz ficava mais forte, até que avistamos uma cabana de madeira, tinha cheiro de lodo e de grama molhada. Vimos que a luz saía de uma lamparina perto da janela, justamente para afastar os mosquitos que ali viviam. Até que batemos na porta com a intenção de nos abrigar do nevoeiro e do clima frio.

Ninguém respondeu

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Ninguém respondeu... Até que batemos mais uma vez na porta e gritamos:

"Alguém está aí???"

Até que um homem, de aparência familiar e barbudo nos atendeu, por um momento ele ficou paralisado nos olhando, foi quando Betty o reconheceu:

- Taylor??? É você? (Com a voz falhando e trêmula).

Logo perguntei também:

- Steven???

Foi quando ele balançou a cabeça afirmando, emocionado e nos deu um abraço, todos nós caímos em choro, tínhamos muitas perguntas para ele, o que havia ocorrido..., por que se refugiou na floresta...

Depois de um longo momento nos abraçando, ele nos convidou para entrar e nos ofereceu um chá de ervas que ele colhia sempre que saía para a floresta.

- Steven o que houve? Já se passaram tanto tempo, por que não deu nenhuma notícia? Achávamos que você tinha morrido.

- Bom, logo depois daquela noite, que eu escrevi aquela carta para você, eu percebi que o mundo não é para pessoas como eu.

- Como assim, como você?

- Vivemos em uma desigualdade muito grande, pessoas perderam tudo, perderam seus amores, suas casas, seus móveis depois da guerra... Enquanto nessa pirâmide, todos vivem em função dos nobres, babando eles, e era o que eu fazia, naquele dia que eu fui na sua casa. Mas enquanto nos exaltamos eles e queremos ser ricos como eles... eles só nós veem como capacho apesar de sermos a maioria, eles não ligam para nós, para a nossa opinião, o que fazemos, se temos casa, se passamos fome, e tenho como exemplo o dia que você me levou para o hospital todo machucado, é isso que eles fazem como pessoas como eu, como minha irmã, como minha avó. Eu tinha cansado de ser humilhado por todos, independente de nobre ou plebeu, eu só queria me esconder de todos, estava fragilizado, devastado, com medo. Então quando o médico me deu alta no dia seguinte, corri o mais rápido possível mesmo com dores e machucados em tratamento, até que cansei e desmaiei na mata. Uma velha curandeira me arrastou até aqui, para essa cabana, onde vivo até hoje seguindo o legado que ela deixou, aprendi receitas, remédios, a me virar na floresta... sou grato a tudo que ela tem feito por mim. Agradeço a você por ter cuidado de minha família, Betty e Carmita são tudo o que eu tenho, fiquei com medo de vocês não conseguido sobreviver a guerra, mas olha vocês aqui... Como está a minha avó? Ela está bem?

- A Carmita está bem, ela está no palácio junto com os empregados e estamos ajudando a sua família nas despesas e nos tornamos grandes amigos.

- Fico feliz de ouvir isso, mas como assim empregados?

- Bom, não sei se você já soube, mas meu Tio abdicou do trono então meu pai passou a governar e agora eu sou.... (ele me cortou e falou...)

- Futura herdeira do trono...

- Isso...

Logo a Betty falou entusiasmada:

- Por que você não volta com a gente para a cidade? Podemos voltar a ser uma família de novo, Eu, Você... e a Carmita.

- Minha irmã, sabe... eu me encontrei aqui em meio a floresta, aos seus sons, animais, seus climas, me senti em paz com minha alma, corpo e mente... Estou bem comigo mesmo, não me vejo em outro lugar sem ser aqui. Se quiser eu posso até visita-las de vez em quando, mas continuando a morar aqui.

- Ok meu irmão, irei respeitar sua decisão, qualquer coisa só você aparecer lá para tomar um chá, Carmita sente muitas saudades suas, tenho certeza de que ficará com um sorriso de ponta a ponta quando lhe ver... Você sabe o caminho de casa.

Enquanto a Betty estava dentro da cabana, eu e o Steven saímos para caminhar um pouco, colocar assuntos pessoais em dia.

- Então, como está a vida na cidade?

- Está indo bem... e a sua, aqui na floresta?

- Melhor impossível...

- Steven.

- Elena?

- Por que você não voltou para lá, dizendo que estava bem, ficamos preocupadas, não podia mandar pelo menos uma carta?

- Sim, poderia... eu sei que errei, mas seria melhor vocês se virarem com nenhuma notícia do meu paradeiro, mas todas as noites pensava em vocês.

- Em mim?

- Sim, Elena. Ainda sinto o seu toque em meu rosto, passando aquela toalha fria, tirando terra de minha face.

- Foi difícil viver sabe? Passei por maus bocados, até por que a vida me permitiu sentir amor por você.

- Pensei que eu era o único a ter esse sentimento por você.

- Mas agora... Meus pais me apresentaram o Antônio, meu atual namorado e vivemos uma vida feliz juntos, mesmo ele estando longe de mim, no sul da França com outros milhares de soldados.

- Ah, você está namorando?

(Notei um pouco de desapontamento em seu rosto, mas não queria deixar ele pensar outra coisa de mim).

- Sim... bom... o lance é que eu queria lhe convidar para a ceia de Natal lá em minha residência. O Que você acha? A Betty e Carmita também vão estar lá.

- Eu aceito, mas só por você e minha família.

- Ai que legal, você vai adorar. Mais perto da data te passo as informações, tá?

- Tá certo.

Logo ele me deu uma margarida branca, meu coração derreteu feito manteiga na frigideira. Lhe agradeci e dei um beijo em seu rosto como forma de agradecimento. Retornamos para a cabana pois não queríamos deixar a Betty tanto tempo sozinha lá.

Com aquela margarida em minha mão, a cheirei e me veio à tona todos os momentos e sentimentos de pureza, leveza, inocência, sensibilidade, infância e afeto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Com aquela margarida em minha mão, a cheirei e me veio à tona todos os momentos e sentimentos de pureza, leveza, inocência, sensibilidade, infância e afeto. Minha consciência tinha finalmente recobrado e transformado cada parte desses momentos em uma linda trajetória de uma mulher.

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora