Capítulo 4

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Eu sobrevivo.

Acordando no dia seguinte após a festa, dou uma longa bocejada e vejo uma carta em cima da minha escrivaninha, destinada a minha pessoa.

"De, Steven
Para, Elena."

Abro a carta devagar, e puxo seus dois papéis que tinham dentro e começo a ler-los mentalmente:

"Querida Elena.
Obrigado pela ajuda e sacrifício que você teve por mim ontem a noite, nunca vou me esquecer disto, sua voz ecoava em minha mente... "Steven, Steven"...
Como você tinha visto, eu estava muito machucado, sangrando muito, porém graças a você estou vivo e de repouso em uma das Alas do Hospital.
Minha família devem estar preocupados comigo, queria lhe pedir um último favor. Por favor, vá até minha casa na Rua do Visconde, número 34 e vá avisa-los do meu paradeiro, eles vão ser gentil com você, mas não repare muito na casa, somos humildes mas de coração enorme."

Com amor, Steven.

Depois de ler esta carta, vesti o primeiro vestido que vi na minha frente e coloquei uma bota, e logo fui fazer o que Steven tinha pedido.
Deixei uma carta em cima do balcão, perto da janela onde tivera o jantar, para minha mãe...

"Querida mãe, não se preocupes comigo, estou indo na cidade resolver algumas coisas, volto antes do por do sol."

Da sua filha, Elena.

Antes de sair comi algumas frutas que tinham na fruteira e segui caminho...

Pedi para o meu motorista que tinha voltado de férias ainda essa manhã, me levar para o hospital onde Steven estava, em total sigilo.

Procurei o Steven em tudo o que é canto, não o achei, como tivesse evaporado ou nunca estivesse tido lá, logo presumi que estava em sua casa. E fomos para lá...

Chegando na Rua do Visconde, número 34, morava a família Smith, em um pequeno sobrado no subúrbio de Orlândia.

Dei duas batidas na porta e esperei alguém me atender, logo uma moça de aparência velha me atendeu e a respondi com um largo sorriso no rosto.

- Olá, o Steven me mandou para cá.

- Steven?

- Sim, Steven.

Logo uma moça da minha idade perguntou o que estava havendo na porta, e perguntou o que eu desejava.

- Aqui mora algum Steven?

- Não, desculpe.

Ela estava quase fechando a porta, quando eu falei:

- Alguém daqui anda desaparecido desde ontem?

Foi quando ela abriu a porta e me respondeu:

- Sim, meu irmão.

Perguntei:

- Qual o nome dele?

- Taylor.

Logo me perguntei mentalmente, "Taylor?"

- Ele me mandou essa carta, mas com o nome Steven, reconhece se está é a letra dele?

- Sim, está é a letra dele. Me desculpe não chamamos ele de Steven aqui, apesar de ser seu primeiro nome, nos acostumamos com Taylor, as vezes até esquecemos que ele se chama Steven, tipo agora.

- Ah sim, posso entrar? (não queria ficar do lado de fora).

- Claro, entre. (Mostrando com um dos braços o sinal de boas-vindas).

Logo mandei o meu motorista me buscar perto do por do sol.

Entrando, vi uma casa de aparência fria, neutra, com paredes desgastadas e descascadas, mas não sei muita vez para isso.

- Bom, o que você é do Taylor?

- Sou a irmã mais velha dele. Ele é o caçula tem 17 anos, e moramos nessa casa desde que me entendo por gente. Moramos junto com a nossa Avó, aquela mulher que lhe atendeu. Ela não tem a memória muito boa, então fico aqui cuidado dela, mesmo não tendo dinheiro o suficiente para manter a casa. O futuro da família é o Taylor, já que só ele tem condições de trabalhar, pois sou eu que cuido da minha avó.

- Não querendo me intrometer, mas cadê os seus pais? (Sentei em uma cadeira de madeira enquanto ela me ofereceu uma xícara de chá quente).

- Bom, nós éramos crianças e morávamos na Inglaterra, em Londres. E nossa avó morava aqui em Orlândia, então sempre tínhamos planos de vir visitá-la, e tivemos essa oportunidade quando os nossos pais nos mandaram vir estudar em Orlândia, devido ao caos que Londres estava após a Primeira Guerra Mundial, só que os anos foram se passando, e não recebemos mais notícias deles, era como se tivessem nos esquecido aqui. Logo ficamos sem dinheiro para as despesas e sobrevivemos de algumas frutas que cultivamos no nosso quintal.

- Nossa que história...

- Sim, mas você veio aqui atrás do meu irmão certo? Você sabe algo dele?

- Bom, vai ser difícil de te explicar, mas vou tentar... (Passei a tarde inteira conversando com ela, explicando tudo que tinha ocorrido até chegar aqui onde estamos).

Ela começou a chorar, pois não queria perder seu único irmão para sempre.

Lhe dei um abraço apertado dizendo que tudo ia ficar bem...

Ela tinha um lenço amarrado na cabeça, e seus olhos azuis estavam vermelhos de tanto chorar, não queira partir sem dar ao menos uma explicação de onde seu irmão estava... Mas tinha que voltar, mas prometi a ela achar seu irmão.

Parti de volta para casa em meu carro e dei um breve aceno para elas duas, Betty e Carmita. Sua imagem foi se afastando e ficando cada vez mais fosca, até que só restou uma estrada de barro.

Cheguei em casa, tentando processar tudo que tinha sido me contado, estava com muitas emoções, angústia, tristeza, felicidade.

Logo logo, meus 17 anos estavam chegando, um ano mais perto da maioridade, finalmente estava livre para ir, pensar, agir por conta própria.

Me sentei na mesa junto com os meus pais, e eles me questionaram sobre o que tinha feito o dia todo.

- Eu passei o dia na biblioteca estudando um pouco sobre a primeira guerra mundial.

- A primeira guerra?

- Sim papai.

Ele se calou e não me perguntou mais nada. Comi em total silêncio, coloquei meu prato na pia e fiquei em um divã de frente para a lareira.

Peguei um pouco de café e passei horas e horas admirando o fogo, como me engolisse e queimassem os meus sentimentos, eu sentia o ardor, a queimação, a explosão, sua intensidade.

Por fim, mais uma noite sozinha.

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora