Capítulo 7

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Uma nova vida.

Logo após a morte de meu Tio, meu pai assumiu o trono em uma cerimônia televisionada, em plena Segunda Guerra Mundial, porém Salem não estava mais no centro das atenções, então todos seguiam as suas vidas normalmente, todos tentavam reconstruir suas vidas, seja reparando a dor de uma perda ou reconstruindo seu negócio local.

A nossa antiga residência foi posta à venda e agora fomos morar no Palácio de Salem, lar dos reis e rainhas, eu amava passar o tempo deitada em um divã na sala de autorretratos de antigos líderes. Tentava buscar suas emoções, seus pensamentos, em seu olhar, eles pareciam ser tão serenos, eu sentia que não me enquadrava nos aspectos de ser uma Rainha, não me sentia perfeita, forte ou resiliente, o medo tomava conta de mim, a solidão me assustava.

Eu mandava cartas e mais cartas para Antônio em busca de respostas e do seu paradeiro, mandei agentes a procura dele, até que o acharam no sul da França. Meus agentes falaram que ele sentia muitas saudades minhas, que todo dia se lembrava do meu cheiro e que tinha várias aventuras para me contar, bom eu também tinha, mas não era uma das melhores.

Eu estava com 22 anos, não era mas nenhuma menininha, tinha que por minhas emoções para fora, mostrar a mulher que existia dentro de mim, não iria me deixar abalar mais uma vez, estava cansada.

Me embriagava todas as noites, com finalidade de poder esquecer o passado, mas ele sempre te assombra no final, mas eu resolvi aprender com ele. Não é isso que vai me definir para sempre, e sim quem eu vou decidir ser daqui para frente, e eu vou ser Elena Elizabeth Davies, futura Rainha de Salem e defensora de sua monarquia.

Me tornei uma mulher resiliente, sem medo do passado ou futuro, aprendi com as lições que a vida tinha me dado e resolvi por em prática

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Me tornei uma mulher resiliente, sem medo do passado ou futuro, aprendi com as lições que a vida tinha me dado e resolvi por em prática. Logo, eu era uma típica mulher dos anos 40 pós-guerra, tinha minhas qualidades, virtudes, personalidade, e tinha o desejo de ser autêntica em tudo que fazia.

Viajava para comitivas ao lado do meu pai, com a finalidade de aprender mais sobre o posto e como lidar, passava horas na biblioteca aprendendo sobre política, história, cultura, geografia, algo que não me fora ensinado posteriormente. As sextas tinha aulas particulares em meus aposentos, um teste para por em prático todo conhecimento obtido na semana.

Por fim o verão tinha chegado, marcamos de ir à África, longe de toda devastação que estava acontecendo na Europa, fomos para o Quênia desbravar as terras e safáris existentes por lá.

Chegamos lá pelo início da manhã, eu estava tão excitada por tudo que tínhamos marcado. Fomos para um safári pela tarde onde avistamos girafas, elefantes, hipopótamos, tigres, animais que nunca pensei que iria poder ver com os meus próprios olhos bem de perto.

Passamos a noite em uma casa na árvore, onde tínhamos vista para todo o vale queniano, podíamos ver os animais se movendo pela terra seca. Suas patas abatendo o chão sem muita vegetação. Seus rugidos, seus mastigados. E uma grande lua cheia no céu que iluminava todo o vale, inclusive os meus olhos. Pela primeira vez estava vivendo uma lembrança que vicária recordação no futuro, uma lembrança boa, só faltava o Antônio junto comigo, olhei para as estrelas do céu e só pensava nele, e sabia que ele também estava pensando em mim.

Por um momento pensei no Steven, não tinha esperanças de encontrá-lo novamente apesar de confortar toda sua família após a guerra, estávamos conformados de que ele estava morto ou de que nunca mais iria voltar, o meu amor por ele foi passageiro, mas intenso, porém o Antônio foi presente e roubando espaço no meu coração cada vez mais, aliás nunca tive a chance de expressar tal sentimento pelo Steven, nem sabia se era correspondido, agora ele permanece em minha memória como um simples e verdadeiro amor de verão.

O dia foi se tornando cada vez mais claro, e o sol cada vez mais quente, até que continuamos nossa programação e partimos a caminho da Tribo Foijo.
Eles possuíam um estilo de vida diferente, sua história era fascinante, me permiti ouvi tudo e tirei bastante aprendizado, dava pra sentir as vibrações que eles transmitiam de pessoa para pessoa, apesar de possuírem tão pouco, era um local de total alegria. Tive meu coração amolecido e abrir espaço para compaixão, e me senti encantada pelos bebês da tribo, como um ser humano pode gerar algo tão lindo e puro?

A vida é algo inexplicável, uma única palavra, mil significados, sentimentos e formas.

Voltamos para a casa onde estávamos hospedados, não a do safari, uma perto da cidade. Passava o dia lendo e devorando páginas e mais páginas de livros, as palavras ter o poder de transmitir emoções por si só, como se o autor colocasse peso e sentimento nas palavras, passei boa parte da viagem assim, em cima da rede, olhando a árvore que cobria os raios solares, que mesmo assim, ainda ultrapassavam a folhagem.

Era o nosso penúltimo dia no Quênia, uma chuva estragou nossos planos para ver o pôr do sol, então ficamos em nossos aposentos, e como de costume liguei o rádio e coloquei numa estação local de música.

No fim da tarde, pouco antes do por do sol, o tempo abriu e fomos com rapidez em nossos carros ir para o vale.

Chegamos a tempo e puxa... aquele por do sol foi de matar um, sei lá, não sei explicar, tenho uma ligação muito forte com o Sol, é como se ele iluminasse a minha vida e me fizesse esquecer de todos os momentos ruins, meu porto seguro. O céu foi perdendo cor e logo ganhou um alaranjado forte com um grande Sol se escondendo atrás da montanha. Deixei lá, o meu Adeus para o Quênia e para a África, que me trouxeram momentos de vivência, paz, e refletividade.

Partimos rumo a Orlândia no dia seguinte, no início da manhã, foi um longo voo, eu só queria chorar, mas de felicidade, de gratidão, não tinha me sentido assim a anos, finalmente tive prazer de viver a vida, então fechei os olhos e dei um sorriso, fechando mais um capítulo da minha história, um enceramento, como uma borboleta saindo do casulo, pronta para bater suas asas e voar... voar para onde o destino me levar.

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora