Trabalhos em conjunto podem ser intrigantes. Tenho preferência por fazer sempre por conta própria, considerando que não tenho tanta facilidade em trabalhar com uma outras pessoas. Raramente chegamos a um acordo, e as coisas podem até sair do controle, algo que já é bem usual, ao menos para mim.
Como sou uma pessoa que só tem sorte no azar, pode se dizer, acabei por ter que fazer um trabalho de filosofia com um garoto que mal converso. Não seria um grande problema se fosse uma pessoa consideravelmente comum, porém quando se trata desse garoto não posso afirmar com certeza. Detesto julgar as pessoas pelo que elas aparentam ser, mas mentiria se dissesse que não acho Miles nem um pouquinho excêntrico. Desconsiderando seu isolamento em relação a todos, o mesmo sempre carrega uma feição séria demais consigo, e não me surpreenderia se soubesse que o mesmo esconde um faca dentro de sua mochila.
Sinto uma mão extremamente gélida tocar meu ombro e me viro em um pulo, encontrando-me com o garoto ao qual segundos atrás preenchia meus pensamentos com coisas péssimas de se imaginar sobre alguém.
— S/n, certo? — perguntou, e eu fiz que sim com a cabeça.
Minha consciência automaticamente pesou ao ter que ficar de frente para ele, porém não é totalmente minha culpa. Sua mão continuava sobre meu ombro, resfriando a região que ele tocava, e novamente me vi a julgar. Pessoas normais não são tão geladas, por que ele é assim?
O mesmo provavelmente notou meu desconforto e retirou a mão de mim no mesmo instante.
— Água com gelo. — diz, mostrando o que segurava em sua outra mão. — Caso tenha estranhado minha temperatura corporal.
Merda, eu sou uma idiota.
— Enfim, pode ser na minha casa? Hoje às 3h? Não gosto de deixar as coisas acumularem, espero que pense da mesma forma. — diz seriamente, e eu não consegui me imaginar recusando.
Não queria que ele fosse à minha casa, ja que minha família provavelmente nos incomodaria o tempo inteiro por ter um garoto no meu quarto, mas ir à casa dele não era algo que eu tinha em mente.
— Claro. — sorrio.
Observo o garoto retirar um caderno e um lápis da mochila, escrevendo algo sobre a penúltima folha logo em seguida.
— Seja pontual. — ele rasga o papel brutalmente e o entrega a mim. — Não gosto de atrasos.
Sem que eu pudesse me manifestar, o mesmo deu as costas para mim e seguiu seu rumo. Observei o papel em minhas mãos, e não havia nada de errado com seu endereço. Na verdade, acho que não teria mesmo como ter, mas fiquei aliviada, de certa forma.
Conversei com minha mãe sobre o trabalho, e a mesma concordou em me levar, porém passou orientações às quais já estava por esperar. Talvez estivesse certa sobre isso, levando em conta que eu estaria indo à residência de um desconhecido para ele, porém, mesmo sendo diferente, não vejo por que temer. Faríamos o trabalho, e eu simplesmente iria embora. Sem complicações.
A casa de Miles era bastante extensa, algo que eu definitivamente não esperava, e não era muito convidativa, mas a opção de hesitar estava fora de questão, então simplesmente toquei a campainha e esperei que atendessem.
A porta foi aberta, revelando uma mulher decrépita, que julguei ser avó do Miles ou apenas uma mulher que cuidava dele.
— Boa tarde, querida. — ela transparece um sorriso amigável, o que acabou por me tranquilizar. — Entre, por favor. Miles está no quarto.
A mulher aparentava ser simpática, porém, ainda assim, não falaria demais.
— Sua casa é muito bonita. — digo, e ela responde somente com um sorriso refreado, voltando a me guiar.
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Finn Wolfhard Imagines
FanfictionO pensamento é ilimitável para se resumir em simples devaneios. Aqui, diversificadas histórias abrirão portas para amplificar sua imaginação, possibilitando uma criação mais vasta e realística de aspirações quase inalcançáveis. Desfrute sem moderaçã...