Remember me [pt.3]

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edit: o travessão bugou nesse cap e em outros às vezes isso acontece msm ent relevem

[...]

As coisas estavam controladas, posso afirmar. Finn havia voltando para casa, e seus pais, com o dinheiro que têm, adaptaram o domicílio de forma que facilitasse a locomoção do garoto. Ele tem passado por tratamentos já faz seis meses, e não sei ao certo como está seu estado, mas o mesmo afirma estar lidando bem como tudo e aparenta mesmo estar. Vai à escola normalmente, fica em casa sozinho quando seus pais não estão (embora inicialmente não o permitiam) e até saímos às vezes. Almejo todas as noites que isso acabe o quanto antes, mas me conforta vê-lo agir normalmente. Finn transformara algo que antes se importava em um problema insignificante, e sempre se demonstra ser a melhor pessoa do mundo. Não que seja perfeito, mas tudo que ele faz automaticamente me atrai e possibilita que um sentimento inexplicável reluza dentro de mim.

- O que vocês vão fazer? - meu pai questionou.

- Como assim? - Franzi o cenho. - O que sempre fazemos quando eu durmo lá. Você nunca me perguntou isso.

- Só curiosidade - alegou. - Você me conhece, não estou desconfiando de nada. Além do mais, o Finn é cadeirante, e é logicamente impossível de tentar algo, então não preciso nem me preocupar com isso. Vai meter em você sentado? - Ele solta um riso cínico, e eu o encaro com indignação.

- Puta que pariu, eu não acredito que eu tive que ouvir isso do meu próprio pai! - digo num tom enervante. - Primeiramente, Finn já está usando muletas. E cadeirante ou não, ele não é esse tipo de pessoa. Finn só fala bobagens, mas não as faz. Saberia disso se o conhecesse.

- Assim como Josh? - Franziu o cenho, e eu não soube o que dizer. - Na verdade, acho que foi culpa de vocês dois. Você estava com ele porque queria, e dizer não é algo bem simples de se fazer.

—Por que você sempre acha que as coisas dependem de mim? — digo, e ele volta sua atenção à estrada, como se não quisesse ouvir o que eu pretendia falar. — Eu não queria, mas eu não consegui evitar. Ele é três anos mais velho que eu, e eu não tinha noção. Garotas que passam por isso geralmente lidam da mesma forma, e não é uma escolha, mas obviamente você não vai entender. Porque isso não é seu problema.

- Você é fraca - diz simplesmente.

— Fraca por não ter evitado meu abuso. — Solto um riso sem humor meneando a cabeça. — O que seria de mim se eu desse atenção a tudo o que você diz?

— Seria mais esperta.

— Na época eu nem imaginava. Pra mim era tão... normal. Porque você me fazia pensar dessa forma, apoiando um cara que mal conhecia. Como eu poderia desconfiar de uma pessoa quando meu próprio pai assegurava que estava tudo bem? Ele acabou me fazendo acreditar que eram coisas que namorados fazem. Você também me fez pensar o mesmo quando me disse que eu também tinha culpa. Porque "uma pessoa não se relaciona sozinha", não foi isso?

— Me baseei no que ele me contou. Não vi motivos pra pensar o contrário e admito que errei, mas o que queria que eu fizesse?

— Acreditasse na sua filha. — Um breve silêncio percorre a atmosfera, e só o ouço exalar um suspiro longo, sem saber o que isso havia significado.

— Sinto muito.

— Não sente — digo, apoiando minha cabeça na janela do veículo. — Só diz isso pra ficar bem consigo mesmo.

— De verdade. — Sinto sua mão pesar sobre meu ombro, acariciando.

— Tanto faz — digo com indiferença, olhando-o de soslaio, e o mesmo abaixa seu braço. — Já passou.

Finn Wolfhard Imagines Onde histórias criam vida. Descubra agora