O tumulto designado do início das férias de verão se tornara usual desde que me adaptei à vida acadêmica. São simplesmente jovens em um estado de exaustão acompanhado da ansiedade, que faz com que desejem dar fim temporariamente a uma das razões que os deixam com mentes tão conturbadas. Não me diferencio deles em muitas questões, mas meu entusiasmo não é algo duradouro, já que durante o meu período de recesso não tenho a paz que almejo devido a certos pormenores.
Incontáveis adolescentes se esbarraram em mim por estar em seu caminho, porém não era algo que chegava a me importar. Apesar de todo alvoroço, minha tranquilidade me dominava completamente perante ao movimento caótico. Em questão de meus devaneios e da quantidade de alunos e funcionários em geral, fui incapaz de notar um movimento desconhecido por trás de mim, puxando meu antebraço numa ação breve para detrás de uma parede externa. Antes que pudesse formular qualquer questionamento por conta de tamanha ousadia, meu olhar se encontrou com o de um garoto de óculos e camisa havaiana, aparentemente prestes a interromper um pronunciamento que eu sequer havia iniciado.
- Você viu ele? - perguntou.
- Ele quem? - Franzi a testa, desentendida.
- Henry Bowers.
- Não... Por quê?
Sem responder à minha pergunta, o garoto deslizou as costas na parede até ir ao chão. Como não me via com a necessidade de me apressar, já que pretendia esperar meu irmão que estava em detenção, sentei-me ao seu lado, esperando que me contasse a razão da pergunta e por que havia me atraído, considerando que nunca havíamos nos falado.
- Sei que foi estranho pra caralho, então espero que me perdoe caso tenha se assustado ou pensado que fosse um maníaco - diz com um sorrisinho brincalhão. - Eu meio que estou fugindo desse cara, sabe? Não ajudei ele a colar na última prova e ele acabou ficando de recuperação, tendo que estudar durante as férias. Como sei que ele está me esperando em algum lugar, tive que puxar a primeira pessoa que aparecesse pra trás da parede da qual eu não posso sair pelo meu próprio bem. Tem ideia do quão fodido estou e do que esse filho da puta pode fazer?
Demorei um tempo para raciocinar completamente todas as informações que ele havia me passado, ainda mais quando estava distraída com a maneira em que ele havia de empurrar seus óculos com o dedo indicador para cima a todo momento. Provavelmente o objeto já havia sido derrubado ao chão diversas vezes para estar tão alargado e com a lente trincada. Na verdade, suponho que tenha uma outra história por trás disso, considerando que um de seus olhos está inchado e externamente coberto por uma camada quase arroxeada devido a um possível conflito há poucos minutos atrás. Não só isso, como também alguns arranhões bem perceptíveis em sua face e um corte em seus lábios.
- Ah, não se preocupe, Henry não vai aparecer tão cedo. Ele pegou detenção e não vai fugir dela, já que já teve problemas em casa por ter feito merda e ainda ter se ausentado da punição.
- E como é que você sabe disso? - questionou num tom curioso.
- Sou irmã dele - digo num tom natural.
- Não fode! - Ele fecha os olhos com força, suspirando logo depois.
- Tudo bem, eu seu como ele é. Não vou te entregar.
- Bom saber. - Sorri, aliviado. - Vocês não se parecem nada fisicamente. Eu nunca imaginaria isso.
- Na verdade, somos meio irmãos. Minha mãe e o pai dele estão juntos faz pouco tempo, então nem todo mundo sabe disso.
- Entendi. A propósito, esqueci de perguntar seu nome. Espero que não me ache estranho por ter te colocado numa situação estranha.
- S/n - digo. - Muito prazer, estranho. - Sorrio.
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Finn Wolfhard Imagines
Hayran KurguO pensamento é ilimitável para se resumir em simples devaneios. Aqui, diversificadas histórias abrirão portas para amplificar sua imaginação, possibilitando uma criação mais vasta e realística de aspirações quase inalcançáveis. Desfrute sem moderaçã...