Atypical

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Experiências de vida, por piores ou melhores que sejam, levam ao instintivo descobrimento de uma diversidade de assuntos. Conheci Finn há um tempo, e acabamos por nos tornar amigos, até decidirmos tentar algo a mais. Apesar de às vezes ser um pouco difícil de o compreender devido ao seu transtorno, nós nos damos bem, e as coisas tem funcionado do nosso jeito.

Finn foi diagnosticado com grau leve de autismo já na infância. Apesar de não ter problemas em seu desenvolvimento acadêmico, levando em conta que aqueles que possuem a Síndrome de Asperger normalmente tem um QI mais elevado em relação à média, o garoto tem bastante dificuldade em se relacionar socialmente. Tenho aprendido muito durante esse tempo com ele e, a cada dia que passa, consigo me apaixonar mais por seu jeitinho diferencial.

Carícias demais pode fazer com que ele não se se sinta bem, então evito abraçá-lo numa intensidade muito elevada para não fazer com que ele entre em pânico. Não que não seja carinhoso, porque Finn está sempre elogiando minha aparência ou qualquer coisa que repare em mim, mas em certos momentos, pode se incomodar com o calor excessivo de uma outra pessoa.

Seus pais geralmente me chamam para ficar com ele quando vão sair, e seria somente mais um dia comum que eu o faria. Pensam que o garoto acredita mesmo que é somente coincidência o fato de que sempre apareço quando saem, mas Finn não é idiota, e tenho certeza absoluta de que ele sabe disso.

- Oi, S/n. - Mary diz com um sorriso, dando espaço para que eu entrasse em sua residência. - Entre, querida.

- Oi, Mary. - retribuo o gesto, abraçando a mesma.

Logo percebo Finn assentado sobre o sofá de sua sala, segurando seu caderno de desenhos, enquanto possivelmente escutava música Indie com seus fones de ouvido.

- Eric e eu vamos passar a noite fora. - diz, apontando com a cabeça para o marido, que desvia as escadas da casa apressadamente. - Sua mãe sabe que você veio?

- Sim. - respondo.

- Ótimo. - sorri. - Não assistam filmes de terror ou conteúdos para maiores de idade, nada de música alta, não deixe Finn chegar perto do fogão, não comam porcaria e durmam às 10h. - exige, e eu assinto. - Há previsão de chuva pra mais tarde, então ele tiver crise, o remédio pra ansiedade está na bancada da cozinha. Não o deixe sozinho, tudo bem? Finn é descuidado e pode se machucar até sem querer.

Assenti novamente, dando um sorriso refreado. Entendo o lado deles por se preocuparem, mas chega a ser algo excessivo demais e até desnecessário às vezes. Finn não é feito de vidro e sabe se cuidar, apesar de pensarem que não. Talvez se dessem ao menos uma oportunidade para que ele tentasse, saberiam disso.

Fui em direção ao sofá e, ao estar próxima o suficiente, apoiei minha mão no ombro do cacheado, que retirou os fones de maneira rápida, se virando no mesmo instante, aparentemente atônito.

- Ei, Finn. - beijo o topo de sua cabeça e dou a volta em torno do sofá, sentando-me ao seu lado.

- Oi, S/n. - ele esboça um sorrisinho. - Senti sua falta.

- Bom ela ter vindo passar um tempo com você, não acha? - Eric se aproxima, apoiando a mão no ombro do filho. - Assim não precisa ficar sozinho.

Finn sorri fraco, anuindo.

- Tchau, meu amor. Se cuida. - Mary beija os dois lados do rosto do filho, e segura a mão de Eric, deixando a residência pouco tempo depois.

- Eu odeio quando eles fazem isso. - ele revira os olhos, voltando a desenhar em seu caderno.

- O quê?

- Me tratam como uma criança.

- Eles não te tratam como uma criança. - digo, mesmo internamente concordando com isso. - Só se preocupam, entende? Assim como muitos dos pais.

Finn Wolfhard Imagines Onde histórias criam vida. Descubra agora