ANA
Bruno e eu estamos juntos desde os meus dezessete anos, o conheci no meu primeiro ano na escola, ele estava no terceiro ano, portanto seu ultimo ano. Nunca fui uma pessoa tímida, sou comunicativa, porém muito cautelosa ao me aproximar das pessoas.
No meu primeiro dia de aula os alunos do terceiro ano ficaram incumbidos de nos apresentar a escola, um desses alunos era o Bruno. Quando entramos no laboratório, inocentemente perguntei se eles usavam ratos para fazerem experiência, os alunos mangaram de mim, me deixando constrangida. Bruno e seu lindo par de olhos verdes, entrou em minha defesa, dizendo que foi a primeira coisa que passou por sua cabeça quando entrou na escola. Assim que disse essas palavras piscou para mim. Na hora percebi que ele estava me ajudando, um rapaz bonito, bem informado e inteligente como ele jamais diria uma asneira como a que eu disse. Um laboratório do ensino médio usar ratos, o que eu estava pensando, que iríamos criar vacinas?
Bruno se tornou meu amigo, com ele ao meu lado a vida na escola se tornou muito mais fácil, aliás, minha vida como um todo. Meus tios nunca tinham tempo para mim por trabalharem muito, Bruno que me ajudava na maior parte do tempo, muitas coisas me eram de difícil entendimento. No final do ano em sua formatura ele se declarou para mim, não esperava que um rapaz como ele fosse querer algo comigo além de amizade. Fiquei receosa pois ele estava indo para faculdade e ainda faltavam dois anos para eu concluir o ensino médio, então combinamos de ir devagar e ver se daria certo.
Bruno foi meu primeiro namorado, primeiro e único homem. Nosso relacionamento eu poderia dizer que é perfeito. Ele é um bom namorido, moramos juntos, para tristeza dos meus pais não somos casados. Companheiro, amigo e bom de cama. Porém, sinto que falta algo, muitas vezes em meus devaneios, as palavras do meu pai ecoam em minha cabeça, "o homem tem que zelar pelo bem-estar da família e satisfazer sua mulher como homem. o homem é chefe da família ele quem dita as regras". Apesar do nosso sexo ser prazeroso, eu queria que ele fosse menos complacente e mais dominante. Não só na cama, mas em relação a tudo.
Meu pai é um homem que respeitamos, ele domina o ambiente estando presente ou não. Sentimos prazer em o servir, cuidar dele. Não como fossemos obrigadas, mas como gratidão. Seus cuidados e seu amor conosco, faz-nos sentir protegidas. Ele e minha mãe se entendem apenas com o olhar, o que eu acho interessante na relação deles é que minha mãe mesmo o tratando como senhor, não se sente explorada, escravizada, muito pelo contrário, ela se sente feliz em pertencer aquele homem. Ambos declaravam um ser do outro, ouvi isso por diversas vezes.
Meu namorido é o oposto do meu pai, noventa por cento das decisões ficam por minha conta, tudo sempre é do jeito que eu quero, como eu quero, e quando não quero nada, tenho que passar a querer pois ele sempre deixa as decisões em minhas mãos, da mais simples, até a mais complicada. Se eu sugerir para sairmos seja qual for o dia, ele pergunta aonde quero ir, o que quero fazer. Quando digo para ele escolher, ele sempre vem com "você que sabe, o que decidir está bom para mim". Queria ser surpreendida, tipo, amor se arruma que vamos sair. Sei lá, ele me levar a um hotel, uma pousada. Poderia até ser em um boteco, o importante para mim seria a iniciativa.
Uma vez por mês eu passava o fim de semana na casa da minha vô, meu pai me deixava lá para poder ficar as sós com minha mãe. Ele a levava para algum lugar fora de Moreré, nunca me diziam para onde iam e o que faziam. Com o tempo desisti de perguntar. Ambos voltavam felizes e ainda mais apaixonados.
Outra coisa, Bruno não é um cara ciumento. Sempre conto para ele alguma cantada que recebi via internet ou pessoalmente, ele brinca com a situação, dizendo coisas como, "diz que ao cara que ele vai ter que me indenizar", ou, "se for rico a gente conversa". Já aconteceu de eu ser cantada ou caras ficarem me olhando em eventos que vamos juntos e ele nem se importar. Queria que ele marcasse terreno, que ficasse puto, sabe? Que reagisse. Não com briga, mas mostrar que sou sua mulher.
Muitas mulheres devem estar lendo isso e dizendo. Queria eu, que meu marido fizesse tudo que eu quero, que eu escolhesse tudo. Deus me livre homem ciumento. Não estou reclamando, amo a dedicação que ele tem para comigo, amo seu jeito humorado de ser, sua leveza, mas é que... não sei nem explicar, é como que se bem lá no fundo eu tivesse necessidade de me submeter.
⸻ Vai ficar até que horas na cama? Bruno pergunta parado em pé na porta do quarto segurando uma xícara de café fumegante.
Pego meu celular em cima da mesinha de cabeceira e vejo que são seis e meia, fiquei tão perdida em meus pensamentos que se eu não me levantar agora, vou chegar atrasada em meu trabalho.
⸻ Merda!
Levanto-me desfazendo dos lençóis que estão sobre mim e corro para o banheiro, ouço a risada do Bruno.
⸻ Idiota.
Em meia hora estou de banho tomado e cabelo domado, tenho tempo apenas para uma maça. Como todos os dias Bruno me deixa no trabalho e segue para o seu. Trabalho como assistente da assistente do CEO. A empresa é uma multinacional, nosso ramo é supermercado. A Store Market é umas das maiores lojas de departamentos do mundo, está em nosso país, Brasil, desde 1985, veio se expandindo e hoje trabalha com cinco seguimentos diferentes. Hipermercado, supermercado, atacado, lojas de vizinhança e clube de compras.
Vocês devem estar perguntando se eu pretendo um dia ser a assistente direta do chefão. Claro que não. Assistente de CEO não tem vida, a Rose não tem horas para sair, não tem finais de semana livre e ainda por cima tem que se vestir elegantemente, participar de jantares e viajar constantemente. Por hora, me contento em ser aquela que pega os ternos na lavanderia, revisa e envia os e-mails, prepara a sala de reuniões e ainda encontra tempo para fazer fofoca.
Tenho um salário médio, perfeito para quem não terminou a faculdade, e não esquenta a cabeça, isso tudo fica para a Rose, que tem dia que até sinto pena dela. Faço o que posso para ajudar, mas não posso ir além da minha capacidade, já tentei ajudá-la na revisão de uns contratos e não deu certo. Tem que ter muito saco para ler clausula por clausula, quando cheguei na quinta já tinha esquecido a primeira. Isso definitivamente não é para mim. Rose é formada em administração, e os anos que ela tem trabalhando diretamente com o senhor Isak Brolin, a tornou uma excelente profissional.
O chefão é suíço, não sou muito chegada a branquelo, mas ele é bem bonito. Olha quem fala, meu namorido é branco, não tanto como o chefão, mas é. Brolin tem olhos azul, cabelos loiros, é alto, de aparência fria. O vejo poucas vezes, Rose que trata diretamente com ele, ela diz que apesar de parecer sério e frio é fácil de lhe dar. Acredito nela, pois nunca o ouvi gritando, ao menos com ela e nenhum outro funcionário, somente no telefone. Ele xinga em inglês, acho tão chique isso. "Fuck you, fuck you all", foda-se você, foda-se todos, ele gritou com alguém do outro lado da linha.
Nesse dia estava a maior agitação, no final do expediente meus pés estavam exaustos de tanto que corri para baixo e para cima atrás da Rose, que ia me delegando uma função atrás da outra. Nem tive meus quinze minutos de fofoca que é a hora do café. Era semana de Black Friday a empresa contratada para fazer o marketing na Europa, não fez conforme o combinado. Foi foda-se para tudo quanto é lado.
Voltando ao assunto, me entendam. Não sou burra, longe disso, é que eu gosto de criar. Tem muitas propagandas que se dependessem de mim não seriam aprovadas. Fico agoniada quando estou em casa assistindo tv e vejo certas propagandas, penso em quem aprovou. Não me leve a mal, mas o que tem a ver uma propaganda de sabão em pó onde a mulher aparece tomando café da manhã com os filhos, depois vai pra academia e do nada surge em uma lavanderia com uma caixa de sabão em pó. Por favor, né?
Na ilha eu fazia vários slogans para o barco do meu pai e para divulgar a comida da minha mãe para os poucos turistas que apareciam na ilha. Meu paraíso é lindo, porém de difícil acesso, não existe carros rodando na ilha, para acessá-lá tem que ser de barco, mini avião, ou a pé, uma boa caminhada.
Assim que Bruno e eu quitarmos nosso apartamento vou voltar para a faculdade e terminar meu curso de propaganda e marketing, aí eu quero ver se algum CEO vai me mandar eu me foder. Nunquinha, sou uma gênia do marketing. Não vou ser xingada nem em português, muito menos inglês.
mangaram - debocharam / namorido - namorado + marido
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RomantizmAna foi criada em uma paradisiaca ilha na Bahia, aos dezesseis anos foi enviada por seus pais para Salvador para concluir os estudos e encontrar seu futuro marido. Uma menina simples e com pouca informação conhece Bruno que se torna seu amigo, essa...