SETE

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Câncer. Você provavelmente (ou não) já deve ter conhecido ou convivido com alguém que teve (ou têm) câncer, e sabe o quanto é difícil a luta dessa pessoa e de todos que estão ao lado dela todos os dias. Existem mais de 200 tipos diferentes de câncer, que podem ocorrer em várias partes do corpo. Cada órgão é constituído por vários tecidos que apresentam muitas células; o câncer pode se originar em quase qualquer tipo dessas células. O câncer no estômago tende a se desenvolver lentamente com o passar dos anos. O tumor no estômago de Jaz foi tomando forma com o passar do tempo. Com treze anos, - o ano em o câncer foi descoberto - ela sentia dores fortíssimas. Tomava remédio e elas paravam, mas voltavam logo depois, bem mais fortes. Após ir ao médico fazer exames e ser consultada, o diagnóstico saiu.
No início, quando ficou internada, os médicos optaram pela PEG - Gastrostomia Endoscópica Percutânea - , uma técnica a qual uma sonda era inserida na região do estômago no abdômen de minha irmã, a qual a ajudaria se alimentar e ingerir melhor os remédios que precisava.
Jaz - obviamente - ainda têm o tubo do tipo botão em sua barriga, mesmo usando a sonda nasogástrica agora. Com a quimioterapia, radioterapia, os analgésicos e as consultas, o câncer foi se estabiliazando. Mas é claro que ele voltaria com tudo em alguma hora. E ele voltou. Por isso, minha mãe me mandou todas aquelas mensagens naquele dia em que eu estava no set de Blue Eyes. Por isso, ela me pediu que eu voltasse pra casa. Seu medo de que fosse os últimos dias de Jaz em nossas vidas aumentou bastante nos ultimamente.
Minha irmã nunca se importou muito com essa coisa da morte. Ela não achava que era uma coisa tão amedrontadora, já que todos morreriam um dia; no caso dela, talvez aconteceria mais cedo. Sempre foi alegre e positiva em relação à tudo, e como qualquer outra garota, queria se apaixonar por alguém antes dos seus últimos dias de vida. Isso era uma coisa que não tínhamos nem um pouco em comum.

- Eu odeio andar. Amo minhas pernas, mas não isso não quer dizer que gosto de forçá-las só pra me locomover. - ouvi a reclamação de Harry, que andava à alguns metros de distância de mim.

- Não vou comentar sobre como você falar que ama suas pernas é algo ridículo - falei.
Ele finalmente me alcançou. Havíamos acabado de sair do mercado que ficava perto da casa de minha mãe. Eu sei, fazer algo a pedido de minha mãe faz eu me sentir como uma adolescente insuportável de dezesseis anos de novo e isso era totalmente insuportável. Fazer com Harry é ainda pior. Quase como um tipo de obrigação insuportável.

- Por que está estressada? - perguntou.

- Não estou estressada.

- É por causa da nossa "noite juntos"? Não precisa ficar com raiva só porque finalmente aceitou que queria passar um tempo comigo - ele disse, irônico.
Eu o ignorei e coloquei uma de minhas mãos dentro do bolso do meu casaco, enquanto segurava as compras com a outra.

- Sabe, estou cansada. Estou começando a achar que não têm muito motivo para eu estar aqui agora. - mudei de assunto rapidamente. - Jaz não têm passado tanto tempo comigo mesmo.

- Ah, agora sim eu entendi. Está com ciúme porque sua irmãzinha achou a própria irmã caçula.

- EU NÃO ESTOU COM CIÚME - falei alto.
Quando parei de caminhar, algumas pessoas que estavam andando por ali também me olharam de um jeito estranho.

- Tá. Tudo bem. - Harry levantou as mãos em redenção e eu voltei a andar rapidamente. - Mas, já que eu sei que está mentindo, pensei que podíamos fazer algo pra animar.

- Fazer o quê?

- Vamos... Relaxar - Andrews disse, como se eu tivesse entendido o que aquilo queria dizer.

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