Mason

NOVE

Tenho 99,999% de certeza que vocês nunca foram em uma festa em um hospital cheio de adolescentes doentes e suas famílias, então eu vou resumir do melhor jeito possível: é bem estranho. A sala de recreação do hospital era bem grande, e todos os brinquedos que lá ficavam para as crianças foram substituídos por balões e uma mesa grande com algumas comidas dadas pelo próprio pessoal do hospital.
Eu sei que parece estranho fazer uma festa em um grande hospital, diante de todas as coisas pesadas que acontecem no local, mas foi apenas um momento de distração. Uma enfermeira geral, chamada Meryl, agradeceu à John e Jenny pela ótima ideia e todo o entusiasmo que os dois tiveram para proporcionar um momento de alegria aos jovens e a presença dos pais. Havia mais ou menos quinze jovens e suas famílias, incluindo Willow e seus pais. Jaz foi até ela, e as duas sentaram juntas no fundo da sala.
Enquanto John e Jenny conversavam com a enfermeira geral, - que há alguns minutos colocara uma música em uma pequena caixa de som que equalizou o som no local - percebi que minha mãe parecia estar tendo um surto enquanto observava a grande mesa cheia de comida e os arredores, e Harry havia sumido há algumas horas depois de termos chegado.
Embora não tivesse ido até lá saber sobre o que se tratava seu ataque, acabei percebendo o motivo de longe: ela esquecera o "magnífico bolo" em casa. Parece uma grande bobeira para todo aquele drama - e era mesmo - ,mas para minha mãe era muito. Percebi que meu celular estava vibrando enquanto segurava-o; Carly estava me ligando. Eu sai da sala e peguei o corredor que dava até a segunda saída dos fundos do hospital para conseguir falar com minha amiga.

- Alô?

- Eu sei que você deve estar na festa agora, mas preciso conversar com alguém sobre como estou super entendiada e estou quase me jogando pela janela - Carly reclamou assim que atendi.
Sua voz estava fraca e sem muito entusiasmo, como raramente era.

- Não se jogue pela janela, Carly. As pessoas do nosso prédio não vão querer te ajudar; você sabe comos eles nos odeiam - brinquei.
Ouvi sua risada abafada no outro lado da linha. Me sentei em um dos bancos que ficavam naquele mesmo corredor.

- Sabe quando vai voltar pra casa? Eu preciso de você!

- Na verdade, eu não sei. As coisas estão bem estranhas aqui. Minha meia-irmã é maluca, Jaz gosta de alguém e não têm se sentindo bem ultimamente, e Harry se tornou amigo da minha mãe. Eca! Parece que eu estou vivendo em uma realidade alternativa e preciso sair dela logo - eu disse.

- Pelo menos você têm pessoas pra conviver. Falando nisso, eu acho que vou dormir; o tédio me consumiu e agora durmo cedo. Até mais, amiga.

- Até mais, amor da minha vida. - a ligação chegou ao fim e eu percebi que estava em um completo tédio assim como Carly.
Festas não eram a minha praia, muito menos as que eram organizadas e compostas por pessoas que eu ne sequer conhecia. Me levantei do banco de madeira e andei até saída no fim do corredor.
Foi quando eu percebi o rosto conhecido um pouco longe dali, perto do jardim repleto de margaridas que quase não davam para ser reconhecidas, por conta escuro da noite. Harry estava sentado no meio-fio da calçada perto daquelas plantas; fumando como sempre. Vocês já devem ter percebido que é a única coisa que esse cara sabe fazer, não é?
Eu andei até ele, cobrindo um pouco os braços por conta do vento frio daquela noite.
- Entediado?
Harry arrumou o cabelo para trás e tirou o cigarro da boca.

- Um pouco - respondeu, sorrindo. - Você não devia estar fingindo que sua família é perfeita por arrumar tudo isso?

- Definitivamente não. - me sentei ao seu lado, com um pouco de dificuldade por conta do meu salto não tão alto.
Peguei o cigarro da mão de Harry de repente, enquanto ele estava coçando o olho.

- Por essa eu não esperava - ele disse, logo após a minha leve tragada.

- A gente faz um acordo: nenhum dos dois conta à ninguém sobre estarmos fumando no terreno de um hospital e ficamos quites - falei.
Ele riu. - Sente falta do trabalho?