Voltei para Virgínia na noite daquele mesmo dia. Eu gastei minhas - possíveis - últimas econômias do meu último salário para voltar, sem Carly, que se voluntariou para me acompanhar. Eu não aceitei. Bem, vocês sabem, da última vez que alguém me acompanhou, acabou dando tudo errado. Fiz o mesmo longo percusso do aeroporto ao hospital em que Jaz estava quando cheguei na manhã do dia seguinte; encontrei minha mãe e John - sem Jenny, que deveria estar em casa - esperando algo. Àquela hora, a cirurgia já tinha acabado e de acordo com o médico, ela estava bem, embora precisasse de tempo para a recuperação; me senti aliviada ao ouvir aquilo.
É claro que minha mãe perguntou aobre Harry e eu tive a insatisfação de responder que ele havia preferido ficar por conta do trabalho - o que era um pouco mentira e um pouco verdade, eu acho - sem citar a parte em que eu terminei o nosso lance, que nem sequer havia começado oficialmente e tive que contar sobre a minha demissão. Só de pensar naquilo, eu já sentia vontade de vomitar. Esperamos o dia todo para poder ver Jaz e no comecinho da noite, acabamos conseguindo logo depois que Jenny chegou de carro para o tão esperado momento.
Minha irmã estava com muitos tubos conectados ao seu corpo, de um jeito incômodo que eu nunca havia visto antes, e não conseguia e nem podia falar direito, embora entendia o que queríamos falar. Foram muitos acontecimentos em apenas dois dias; fazia horas que eu não dormia e acho que comecei a ficar paranóica em relação à muitas coisas.
Jaz e eu tivemos um momento depois que minha mãe decidiu que deveríamos ir embora para que ela passasse o resto da noite com a minha irmã. Eu me sentei na ponta da cama, enquanto segurava a sua mão; minha vontade de chorar aumentou no momento em que ela me agradeceu - com a voz fraca e falhada - por tê-la encontrado naquela noite, o que não fazia o menor sentido para mim, já que qualquer um de nós teria escutado sua tosse alta e grotesca. Depois que fomos para casa naquele dia - eu, Jenny e John - o clima ficou estranho, mas nada que não tivesse acontecido antes. Fiquei com a garota em seu quarto, sem admitir que eu realmente estava com um certo medo de passar uma noite sozinha, diante de tudo que aconteceu.- Está tudo bem mesmo? - perguntou ela, tirando-me do meu looping de pensamentos loucos infinitos.
- Eu não sei, na verdade - respondi, enquanto observava o lado de fora pela janela.
Depois eu ter contado tudo que aconteceu comigo durante me pequeno tempo em Virgínia, senti que todos eles estavam preocupados comigo, principalmente minha mãe. Ela era a que mais sabia sobre meu histórico de surtos após um monte de coisa horrível acontecer comigo e queria garantir que eu não tivesse um por conta da minha demissão ou por Jaz.- O Harry vai voltar para cá depois? Aposto que ele vai querer estar na volta da Jaz.
Fiquei em silêncio, lembrando que não havia contado à Jenny sobre Harry e eu (sobre como eu desistira da ideia de ficarmos e tal; vocês entenderam, né?) e percebendo o quanto ela pareceria uma criancinha triste e decepcionada assim que eu contasse.
Respirei fundo antes de dizer qualquer coisa.- Jenny, Harry não vai voltar - falei, me ajeitando no banquinho da janela, agarrando uma de suas almofadas.
A garota olhou para mim, confusa, e se sentou ao meu lado após se levantar da cama.
- Eu decidi que vou continuar com a minha vida normal e fingir que nunca pensei em ficarmos juntos. Não reclame como todo mundo, acabou.- Não vou reclamar. Se é o que você quer, tudo bem - ela disse. - Sabe, as pessoas que te conhecem sabem o quanto você não se dá tão bem com seres humanos em geral; talvez seja por isso que querem te ver bem, e desejam que você encontre alguém que ame de verdade pela primeira vez.
O jeito como Jenny falou tudo aquilo com a maior tranquilidade me deixou estranhamente preocupada comigo mesma. Finalmente entenderam o conceito real da minha existência, sendo que nem eu mesma sabia, até agora, é claro. Ela voltou a lixar as unhas, enquanto eu assimilava tudo.- Você... É a pessoa mais jovem a me falar algo tão pessoalmente impressionante - respondi, ainda pensativa.
Ela riu.- Somos mulheres fortes, jovens e independentes. Podemos falar sobre nossos casos de verão sem dar importância para o que os outros dizem; pois bem, como foram seus dias de ilusão com Harry? Vocês ficaram enquanto todo mundo saiu? Foi no seu antigo quarto ou em um inusitado tipo... Tipo a cozinha? - perguntou, animada.
Eu a interrompi, antes que a mesma dissesse mais loucuras.
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Mason
Teen FictionUm ano após terminar a faculdade, Mason conseguiu construir sua vida. Morando com a sua melhor amiga, ela foi contratada para o seu primeiro emprego como roteirista em uma série de TV; mas nem tudo sai como o esperado. Seu trabalho é ofuscado pela a...