TRINTA

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- Eu estou tão feliz que vocês pararam de se odiar e fizeram sexo - Carly exclamou, segurando Zyan e apreciando a calmaria da bebê, super animada.
Revirei os olhos e voltei para o lugar onde John e minha mãe guardavam suas coisas no carro.

Havia chegado finalmente o dia dos quatro (eles dois, Jaz e Jenny) voltarem para Virgínia e uma nuvem de tensão tomara conta de mim, principalmente agora, que fazia dois dias que eu chegara em casa com Zyan, e minha vida de "super-mãe" se iniciara de verdade. John havia passado apenas três dias em Nova Jersey, pois como eu disse, o seu emprego não ajudava muito na ideia de férias em outro estado.
Uma coisa nova (além do que já estava acontecendo normalmente): nós dois começamos a nos dar bem de verdade, após todo aquele vai e vem confuso. Até que a ideia de ter um padrasto não pareceu tão ruim quando começamos a conversar e saber mais um do outro, e ele ficara super feliz com a ideia de que seria avô de alguma forma agora.
Sobre o assunto da nuvem de tensão tomando conta de mim, as coisas praticamente não estavam como antes - não mesmo - e pela primeira vez, desde que me mudei por causa da faculdade no passado, que não queria minha família, principalmente minha mãe, longe de mim. Quando passava horas digerindo os livros sobre gravidez e parto durante todos os noves meses passados, absorvendo cada uma daquelas explicações sobre como tudo muda após o nascimento do bebê e isso era super normal, não esperava que fosse realmente daquele jeito. Eu estava mais que feliz, é claro, mas sentia bastante que as coisas haviam mudado demais e para sempre. Não conseguia me sentir eu mesma; meu corpo me aterroriza um pouco - o que também é comum - e sempre que me olhava de relance, analisando cada mudança, lembrava da época do fundamental e minha obesidade precoce.
Era óbvio que não queria aquilo, mas também não gostava da ideia de odiar as tais mudança apenas por conta da minha versão estereotipada anterior à gravidez, que ainda gritava dentro de mim. Também não queria, muito menos, culpar minha própria filha pelos estragos corporais que seu crescimento causara no meu corpo. Nunca. Sua existência não era sua culpa e ela não merecia isso.
Sobre as questões mentais, prefiro nem comentar. Aquele era apenas o início de uma luta de autoconfiança que eu enfrentaria pelos próximos dezoito anos.

- Não acredito que vocês já vão embora e eu praticamente acabei de chegar - eu disse à minha mãe, que segurava minhas mãos.
Jaz esperava ser a próxima abraçada, por isso parou ao nosso lado por um tempo, enquanto Jenny dormia (àquela hora da tarde) no banco de trás do carro alugado.

- Vocês vão ficar bem. As duas. Uma parte de mim sempre soube que você seria uma ótima mãe, e agora eu só tenho certeza disso. Nós não vemos a hora de saber mais sobre seu novo projeto com Steve Moon e, ah, claro, se precisar de qualquer coisa, é só ligar - a mulher soltou minhas mãos e se aproximou um pouco mais, tirando algo do bolso de trás de sua calça. - Achei isso antes de virmos para cá. Há algum tempo, na verdade. Leia quando estiver à vontade - sussurou, entregando-me um pequeno envelope.

- Ok - respondi, um pouco confusa.
Após um abraço, ela entrou no carro. Jaz veio até mim.

- Eu conversei com Harry no dia em que a Zyan nasceu. Não quero dar spoiler de nada, mas agora tenho certeza de que não vai sair de perto dela - brincou.

- Obrigada. Você está bem?

- Cansada. Eu vou ficar bem, você sabe disso. Se sentir que vou morrer em uma madrugada qualquer, com certeza vou te ligar. Não se preocupe. - seus braços envolveram-se sobre meus ombros e pude fazer o mesmo, abraçando seu corpo super magro e frio. - Boa sorte.

- Até mais - conclui.
Quando minha irmã abriu a porta do automóvel para entrar, Jenny nem se moveu mesmo com todo o barulho feito. Incrível como conseguia dormir com toda a facilidade do mundo. Com a despedida de John por último, o carro seguiu até o fim da rua, sumindo da nossa vista. Quando me virei para seguir até a entrada do meu prédio, onde Carly ainda estava segurando Zyan, percebi que Harry chegava com toda a pressa até nós.

MasonOnde histórias criam vida. Descubra agora