DIÁRIO DA MÃE DE NOAM - QUEM SOU

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Meu nome é Angélica Vilaça, tenho 47 anos, mas aparento ter bem menos, porém, nem sempre foi assim. Na vida temos apenas duas oportunidades de sermos ricos, ou nascemos em berço de ouro, ou casamos com alguém rico. Minha fortuna? Conquistei da segunda maneira. Pode ser que muitos se envergonhem por isso. Eu não, queria apenas viver, e muito bem.

Pesquisei durante meses por Fernando Vilaça, viúvo, rico e sem filhos. Criei a oportunidade de estar com ele e, sabendo de sua fama de mulherengo, aproveitei da minha juventude, fiz o papel de mocinha ingênua, da jovem pobre e de fácil sedução. Quando caiu nas minhas garras, tratei logo de engravidar. Ele era um velho, mas com milhões no banco.

Quando Noam nasceu, procurei por Fernando, disse-lhe que não queria nada além de que meu filho tivesse um pai. Deixei bem claro que dinheiro não me importava. O velho caiu direitinho no meu papo de boa moça. O resto, deve imaginar. Casei com Fernando, ganhei um sobrenome de respeito. Era a senhora Vilaça, e bem, a minha conta bancária era invejável, tudo como planejei. Não precisava suportar aquele marido por muitas noites, até porque ele vivia em viagens de negócios. Ademais, aproveitava de situações de traição, aquele velho, um porco imundo, adorava uma farra. Mas isso não me magoava, só me libertava. Ele me traia, eu viajava e gastava pequenas fortunas mundo afora. Em contrapartida, podia viver meus amores de uma noite.

A primeira viagem aconteceu quando peguei Fernando com sua secretária. Meu filho, com apenas seis meses de idade, já viajou comigo para Paris. Imagine, Paris... meses antes eu era a pobre moça, agora visitava a Europa, comprava o que eu queria e ainda deixava meu marido pensando que eu estava sofrendo ou que queria apenas me vingar.

Noam cresceu e começou a dificultar as minhas viagens. Já não podia esconder mais os encontros amorosos dele. Então, passei a deixá-lo com babás, matriculei-o em todos os cursos que aceitavam uma criança tão jovem, deixei sua agenda bem cheia e libertei-me novamente. Nunca quis ser mãe. Noam foi só a chave para a vida que sempre mereci.

Caso me ache egoísta, pense um pouquinho e me diga, você não gostaria de conhecer o mundo, sem se preocupar com nada na vida? Pois bem, a vida é aquilo que fazemos dela e eu escolhi a minha desse modo. E sou feliz pelas escolhas que fiz.

No fim do arco-íris.Onde histórias criam vida. Descubra agora