DOIS LIMÕES = UMA LIMONADA

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DE VOLTA A NOAM...

Precisava de minha doce Manoela. Olhei o WhatsApp e nada. - Poxa, nenhuma mensagem.

Esperei, as horas passaram e nada. - Onde estava, cansou de mim? - Me dei conta de que conversava muito com ela. Falávamos de tudo, menos dela. Não sabia seu sobrenome, não tinha contato por redes sociais, somente por whats, o qual nem foto de perfil tinha. Seu rosto só conheci por duas fotos que recebi por e-mail e com ângulos que não me permitiam realmente vê-la. A interrogação tomou conta de mim. Será que vivia mesmo na cidade que me disse? Certa vez, deixou escapar que frequentava um café. Já não sei se esse lugar existe. Eu poderia fazer uma busca de cafés, ligar, deixar um recado para uma Manoela, mas como ela receberia esta busca? Estou enlouquecendo de saudades...

- Quer saber? Vou sair. - Liguei para o Ricardo, meu amigo de farra, que sempre arranjava umas minas gostosas. Deixei meu iPhone em casa e fui. - Se dona Angélica quer uma fatura de cartão, hoje ela vai ter.

A noitada foi como antigamente, bebi todas, dirigi meu carro importado com três jovens dentro, não sabia nem seus nomes, mas elas não se importavam, só queriam andar no meu carro. Alcoolizado, dirigi rumo ao meu apartamento. Ricardo estava em outro veículo, com mais duas gostosas. A festinha continuou lá em casa.

Despertei com o sol no rosto, olhei ao meu redor e me descobri envolto com as garotas na minha cama. Estiquei o braço, peguei o telefone e lá estava: vinte e oito mensagens de áudio, vídeo e fotos enviados para Manoela. Adivinha o tema das mensagens? Sim, a festinha. Estremeci dos pés à cabeça.

- O que foi que eu fiz? Maldita dona Angélica!

Pulei da cama aos berros.

- Quero todos fora da minha casa!!

Ricardo dormia no chão da sala, duas garotas comiam na cozinha.

- Quem vocês pensam que são? Saiam daqui!

Ricardo, atordoado, levantou-se, xingou, perguntou se eu estava maluco e saiu com as garotas prometendo nunca mais falar comigo.

Fui verificar as mensagens. Senti vergonha. Falei horrores nos áudios, as fotos falavam por si só, os vídeos, então, meu Deus! Desacatei, humilhei Manoela. Nenhum sinal de vida dela, e a certeza - nunca mais me procurará.

Naquele dia me martirizei, fui um canalha. Nunca me importei com tal adjetivo antes de Manoela. Aliás, as garotas que tive adoravam um canalha, o que importava mesmo era andarem com o playboy do Noam, pouco ligavam se eu as usaria por uma noite apenas.

Passou um dia, uma semana, um mês e nenhum sinal dela. Minha alma doía, fechei-me para o mundo, tornei ele cinza.

Voltei diariamente ao nosso lugar mágico, mas a "magia" não estava lá. Sentia que ia explodir de dor. Após dois meses de solidão, tentei sair, conhecer pessoas, mas as que se aproximavam estavam todas interessadas em estar com o playboy, não com o Noam. Tentei de tudo, mas fracassei. Certa madrugada, enquanto lamentava pelo meu destino, decidi escrever.

"Enquanto você dorme, penso em como seria. O sentimento que arde em mim, não há como descrever. Não sei explicar o porquê escrevo, mesmo sabendo que você não lê e me deixa falando só. Tenho tanto para oferecer, meu coração estremece sempre que penso na possibilidade de que você me responda. Mas ao final, parece que não quer nada. Ignora tudo que sinto.

Não sei por que não se entrega aos nossos mais profundos sonhos. Apesar de te ver como uma ilusão, pois sonhos são o que um dia alcançaremos. Você escapa pelos meus dedos como água. Na ilusão, tento te segurar... eu te quero com a pureza de uma criança."

A cada linha, sentia que um peso saía dos ombros. Escrevi sobre ela, Manoela. Escrevi desde o primeiro momento em que falamos. A cada palavra, fechava os olhos e vivia os instantes que passei com ela. Todas as doces palavras. E foi assim, caro leitor, que nasceu o primeiro livro - quarenta e sete dias, quatrocentas e cinquenta páginas. Palavras mágicas dela, desculpas e mais desculpas minhas. O título? QUANDO TE ENCONTREI...

No fim do arco-íris.Onde histórias criam vida. Descubra agora