UMA GOTA DE ESPERANÇA

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ESTE CAPÍTULO REVELA UM POUQUINHO MAIS DA "MISTERIOSA MANOELA". GENTE, QUE VONTADE DE PULAR PARA A PARTE II DO LIVRO E CONTAR TUDO SOBRE ELA 🤐🤐🤐🤐

Naquela tarde caminhei por horas, sem rumo, sem destino específico. Queria chegar a algum lugar, não sabia onde ou qual, desde que me trouxesse uma paz que há muito não sentia. A ânsia de tê-la para mim, deixava-me perdido, em uma busca eterna. Precisava preencher aquele vazio.

- Qual foi o objeto mais pesado que você carregou nos ombros? O peso e o desconforto explicam a sensação em meu peito. O fato de Manoela não me responder por tanto tempo me deixou assim. Poderia pelo menos me xingar. Mas, nada, nenhuma palavra.

Cheguei a uma praça que não conhecia, nunca estive ali antes. Sentei-me no parapeito do chafariz e observei a água cair com violência, a mesma violência que a ausência me causava. Observei que em um dos lados a água escorria lentamente, sem a força das demais. Era eu no mundo, o fluxo continuava, somente eu lento, parado.

Foi na lentidão que vi a beleza - os raios de sol que batiam na água e refletiam várias cores, o balançar das plantas que cercavam o chafariz criaram um cenário perfeito. E foi ali que depois de meses recebi uma mensagem dela, a natureza nos conectou, maravilhosamente nos conectou. Não foi na praia, em nosso lugar mágico, mas foi ali, junto à natureza. Como um toque mágico, o peso sumiu.

Já passou por uma sensação que não sabe explicar e sem um motivo aparente? Daquela que te pega em meio a leitura de um livro, no ouvir de uma música, na observação do nada... o cérebro, simplesmente, traz ao corpo um momento de satisfação. O sorriso salta em seu rosto, e outras vezes, chega a arrancar lágrimas de alegria. O interior regozija-se em um êxtase inexplicável. Ah! O corpo, a mente, o cérebro, o coração. Conflito entre a razão e a sensação! Descontrole... talvez seja loucura, a insanidade dos loucos. Perguntas sem respostas, sensações prazerosas ou simplesmente a dita FELICIDADE. Tal qual buscamos afoitos e que quando a encontramos não sabemos o que fazer com ela. Por que quem sabe em nosso interior jamais acreditamos que ela chegaria no dia presente, avistamos ela como um futuro, sempre como um amanhã. E, hoje, ela está aqui, e na inexperiência de conviver com essa bênção, ou por não se julgar digno dela, perde-se. Paralisa na impotência diante do desconhecido, mas no incontrolável, na força que o domina, precisa expressar o sentimento presente naquele corpo. O sorriso frouxo salta no rosto triste, seguido das lágrimas de felicidade. Lágrimas que dão um brilho inigualável àqueles tão belos olhos. Olhos sinceros, leves, suaves. Transmitem a paz interior, o equilíbrio mental e espiritual.

Tinha apenas uma palavra: - "perdão". Li, hesitei em responder. Apesar de ser tudo que eu queria. Quase respondi, cheguei a digitar, mas apaguei e entrei no jogo dela, li e a deixei esperar. Passou-se uma semana, lia sua palavra, mas não conseguia responder, queria que ela carregasse nos ombros o mesmo peso que eu carreguei por meses. Só que isso consumia mais a mim do que a ela, ao menos era o que eu achava.

Escrevi uma palavra - "está" - e só. Não demorou nenhum minuto e veio a reposta - "sinto sua falta". Não tocamos nos assuntos que nos feriam, nem das fotos, vídeos e áudios, nem da sua longa ausência, apenas curtimos o momento. Fizemos juras de amor.

No outro dia ela disse que tinha sérios problemas e pela primeira vez falou de sua vida pessoal. Contou-me que tinha uma filha, e escreveu por horas. Eu somente lia suas palavras. Eu lia Manoela. Fiquei estagnado, com raiva de não saber, ao mesmo tempo com medo de falar tudo o que queria e ela desaparecer para sempre. Digitei que compreendia sua angústia, mas eu odiava mentiras. Ela não deveria nunca mais mentir para mim. A partir daquele dia, fizemos um combinado: a verdade prevaleceria entre nós, poderia doer, mas nunca a dor de uma mentira.

Quem era eu para julgá-la, também escondia dela a minha verdadeira personalidade.

No fim do arco-íris.Onde histórias criam vida. Descubra agora