A vida é apenas uma e a intensidade com que vamos vivê-la é uma escolha individual.Naquela manhã, despertei ansioso, seria outro dia sem saber de minha Manoela? Como cheguei aquele ponto? Uma bobagem, uma conversa com uma desconhecida e minha vida saiu do controle. Penso que nossas vidas pertencem a um outro ser, poucos sabem disso, o universo muitas vezes não permite este encontro. Onde fica o livre-arbítrio? Se pertencermos a um outro, se já existe um destino traçado, como fica a teoria da escolha?
Peguei um caderno e comecei a alternar entre olhar para o teto e rabiscar na folha em branco. Eram tantas emoções e eu não conseguia extravasá-las. Aquela sensação de estar feliz, triste, apreensivo, tudo ao mesmo tempo. Juntamente com o que eu pensava, como a sorte de ter encontrado a dona de minha alma, trouxe-me lembranças das tantas noites em que nos falamos. Ela parecia distante, não me deu a atenção de antes, perguntei o que havia e como de costume disse:
- Coisas minhas, para você Noam, só o melhor de mim. Esqueçamos os problemas e aproveitemos esse momento.
Concordei, sempre concordei com ela. Ouvir sua voz me fazia bem, mas queria ajudá-la. Houve outros momentos como este, e sempre o mesmo desenrolar: a insistência a fazia chorar e desligar o telefone, depois sumir por vários dias. Era uma linha tênue, se eu ultrapassasse, ela sumia. Eu sofria, na impotência de não poder fazer nada. Então, quando ela reaparecia, falávamos somente de assuntos felizes.
Manoela perguntava tudo sobre mim, e eu falava muitas coisas, mas nunca contei que eu era um playboy, que todas as mulheres que tive sempre se interessavam por meu dinheiro, não pelo Noam e era exatamente isso que a diferenciava das outras. Ela me via, ouvia-me. Eu era o verdadeiro ser humano que existe aqui dentro.
- Amigo, você já foi ouvido? Se não foi, não imagina o quão é realizador o encontro com alguém que vê a sua alma, que não o estereotipa para o mundo.
Naquele dia, anotei folhas e mais folhas de nossas falas. Ao ler meus rabiscos sorria e uma satisfação começou a tomar conta de meu ser. Levantei-me, estiquei o corpo, fechei os olhos e juro que senti Manoela ao meu lado. Que maravilha seria tê-la em meus braços, cuidaria como uma joia rara..., mas ela não estava, suspirei, dei tapas leves no rosto e levantei-me. Então, olhei pela sacada durante algum tempo o movimento do mar, de alguma forma ele me aproximava da pessoa amada. Anotei nas minhas folhas: "Ultimamente a natureza conecta-me com você, o mar, o céu, as estrelas... Se eu falasse para qualquer pessoa sobre isso, seguramente me internariam, porque só veem a casca do que sou, conhecer-me mesmo, quem realmente sou, só você, meu amor".
Por Manoela, comecei a reprogramar minha rotina. Eliminei festas e saídas fúteis, comecei a despertar cedo, ler mais, voltei à escola de idiomas, o meu inglês estava enferrujado. Fui atrás de uma universidade, mas não sabia o que fazer. Em uma das folhas do caderno de cabeceira, entre uma anotação e outra, estava uma lista de assuntos que o verdadeiro eu, Noam, deveria fazer, ser. Entre as escritas o nome dela, em caixa alta "MANOELA", sabia que ela me apoiaria, diria para eu seguir em frente.
Ela sumiu, há muitos dias não sabia dela, mas o meu inconsciente dizia e dava-me a certeza de que ela retornaria. Algo a impede de me buscar. Tinha esperança e sabia que ela sentia o mesmo que eu. Assim os dias iam passando...
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No fim do arco-íris.
RomanceA internet dominou o mundo, mas como fica o amor? Noam e Manoela vão se conhecer por acaso e se apaixonarão perdidamente, porém eles vivem em continentes diferentes, muitas diversidades, mentiras, intrigas e barreiras jamais imaginadas...