Perdendo a razão

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"Intoxicating your kiss
Intoxicating your lips
Nobody does it like this
I find it hard to resist, oh-ooh
Feeling out of control,
beautifully so
What's coming over me?
It's a total eclipse of rationality."


Lucas me observa atentamente enquanto converso com Caleb, que por sua vez me conta coisas sobre haver comprado uma garrafa caríssima de champanhe e outras futilidades que ele adora. 

Não consigo sequer prestar atenção no que ele está dizendo, pois posso perceber que o garoto ao meu lado tem mil e uma perguntas no olhar. 

— Olha Caleb, amanhã eu te ligo ok? Estou um pouco ocupada no momento. - Solto de repente e sem esperar por resposta, encerro a ligação. Coloco meu celular no mudo e o guardo no bolso sem ter a mínima coragem de olhar para os lados. 

Me sinto mal sem sequer entender o porquê, e quando estamos quase chegando no hospital, uma pergunta paira no ar, me assustando e trazendo uma sensação estranha de felicidade ao mesmo tempo.

— É seu namorado? 

— Sim…- Respondo com a garganta seca. 

— Caleb...esse nome não me é estranho. - O tom de voz do garoto é de curiosidade.

— Ele é um pouco baixo, moreno de olhos castanhos…- Começo, mas paro no mesmo instante ao ver o seu olhar de escárnio.

— Caleb Wilson? - Praticamente cospe as palavras e nesse momento sinto uma pontada de medo.

— Sim, o conhece? - Pergunto o óbvio e Lucas me lança uma carranca confirmando. 

O garoto abre a boca para dizer mais alguma coisa, mas é interrompido por Paul, que havia ficado calado até então. 

— Chegamos meninos. Espero vocês dois aqui fora, ok? - Diz enquanto estaciona o carro.

Ambos concordamos e ajudo Lucas a descer, acompanhando-o até a recepção do hospital.
Mais uma vez, a caminhada é silenciosa, permeada de um incômodo quase palpável. 

— Lucas, eu…- Começo, mas desisto no mesmo instante. Eu não devo nenhuma explicação a ele não é mesmo? Estou somente ajudando o garoto o qual atropelei. Apenas isso. 

— Só caminhe Allison. - Ele solta de repente, o que me deixa algo irritada. Mesmo assim não digo nada, as coisas já estão estranhas o suficiente.

Chegamos na recepção e explico a situação para a secretária, que nos leva até uma sala de triagem e a enfermeira faz todo o procedimento de medir a temperatura, pressão e afins. 

Eu tinha razão, Lucas está quase com trinta e nove graus de febre, então terá que ficar internado em observação por um dia. 

Decido ficar com ele, caso precise de alguma coisa, mesmo sob sua insistência de que eu vá embora.

Pelo que me contou dos seus pais, ele viveu sozinho por um bom tempo, isso me deixa extremamente triste, porque sei exatamente qual é a sensação, então não pretendo deixá-lo aqui nesse quarto vazio e solitário.

A enfermeira lhe dá um remédio para abaixar a febre e outro para o machucado, que disse estar começando a inflamar. 

Pedi que ela me explicasse como fazia o curativo da forma correta, para não cair no erro novamente e com toda a delicadeza, ela mostrou passo a passo de como deveria limpar, higienizar e depois colocar a gaze, enquanto Lucas observava tudo calado. Era visível o seu desconforto com a situação, o que me deixou com peso na consciência por submetê-lo a isso, mesmo sem ter sido por querer. 

Everything Happens on SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora