Capítulo 17 - Meu herói

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(Narrado por Mía)

Não sei quanto tempo se passou até eu sentir o ambiente quentinho ao meu redor me alertando que eu estava segura. Minha garganta estava queimando como se eu tivesse gargarejado cacos de vidro durante o sono enquanto que a simples tarefa de levantar o tronco fazia meu tórax doer.

Abri os olhos lentamente sentindo minhas pálpebras pesarem, Zoe estava sentada dormindo na cadeira ao meu lado e a professora Cat estava na porta conversando baixo com alguém ao telefone. As paredes brancas e o silêncio absurdo me advertiam que eu estava na enfermaria do acampamento fazendo o meu abrir de olhos tornar-se mais rápido.

Eu estava viva!

Desenterrei a cabeça do travesseiro, coçando os olhos e tentando trazer a memória os últimos acontecimentos mas existia apenas alguns fragmentos vagando nela. Eu estava procurando Álvaro, a chuva estava forte, eu caí e estava me afogando... Depois não conseguia mais me lembrar da nada. O que tinha te acontecido, afinal? Quem tinha me salvado? Tentei me levantar, mas logo o olhar da professora Cat me impediu.

— Fique deitada, querida. — Ela se aproximou, tocando no meu ombro.

— Que horas são?

— 6:30 da noite. — Cat respondeu ajeitando o meu travesseiro para eu deitar. — Você dormiu bastante!

— Pode me explicar o que aconteceu? — Perguntei levando minha mão ao pescoço sentindo minha garganta doer.

— Está doendo?

— Sim, parece que tem cacos de vidro.

— Tome isso. — Ela caminhou até uma pequena mesa do canto trazendo um copo com água e alguns comprimidos. — Vão te fazer bem!

Coloquei os remédios na boca e bebi o líquido sentindo-os descer rasgando. Fiz uma careta. Zoe se mexeu na cadeira abrindo os olhos e logo que sua visão captou meu rosto ela levantou-se segurando minha mão com firmeza.

— Você tá bem? — Perguntou visivelmente preocupada.

— Estou. — Sorri, tentando acalmá-la. — Só minha cabeça que está uma bagunça.

— Ah, então você tá bem! — Zoe disse soando divertida mas logo o sorriso sumiu. — Lembra do afogamento?

— Lembro de ter caído, tentado nadar e... Não sei, depois não consigo lembrar de nada.

— Lembra quem te salvou?

— Não! — Suspirei.

Zoe e Cat trocaram olhares.

— Quem foi? — Perguntei passeando meus olhos pelas duas.

— O Álvaro. — Zoe respondeu simplesmente.

Fiquei sem reação, abri a boca para falar algo mas as palavras não vieram. Álvaro tinha me salvado. Passei a língua nos lábios umedecendo-os.

— Chamaram os monitores mas quando chegamos ele já tinha te tirado. — Cat explicou.

— Eu escutei a Naomi conversando com a Mercedes...

Fui interrompida por batidinhas na porta. Álvaro estava parado encostado na parede com os braços cruzados enquanto me fitava fazendo uma onde elétrica passear pelo meu corpo. Ele permaneceu imóvel por um breve segundo e então notei que ele vestia o uniforme do time com sua jaqueta de capitão por cima da camisa de mangas curtas.

Ele se aproximou timidamente e tive vontade de gritar e me jogar sobre ele, senão fosse meu tórax dolorido. A professora Cat e Zoe saíram de fininho do quarto para nos dar privacidade. Enquanto ele caminhava em minha direção era como se trouxesse o sol com ele. Tudo se iluminou e o ar pareceu ter cheiro de flores. E apesar de estar com o nariz vermelho e fungando, Álvaro Paz continuava tão lindo quanto eu me lembrava, carregando aquele sorriso de lado, arrebatador.

Você é o motivoOnde histórias criam vida. Descubra agora