Oito

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Não estava empolgada para iniciar um novo ano letivo em uma nova escola, mas Vega sabia que não havia muito o que ela pudesse fazer. Sentia falta de suas amigas, Margot e Louise, mas a polícia foi bem enfática ao dizer que não poderia contactar ninguém que conhecia da Inglaterra.

Era perigoso demais, Vega deveria permanecer escondida até segunda ordem. E como dizia sua mãe: se não pode lutar contra a maré, então nade a favor da correnteza.

Foi com isso em mente que ela se arrumou para o seu primeiro dia de aula e pegou a sua primeira carona com Sam, a viagem foi silenciosa, como se o rapaz soubesse que ela precisava do silêncio para se preparar psicologicamente para o seu primeiro dia de aula. O dispensou quando o mesmo se ofereceu para acompanha-la na secretaria, era algo que gostaria de fazer sozinha.

Embora devesse admitir a si mesma, que sua amizade com a Leah lhe fez adquirir um certo preconceito com o homem, se tornando impossível o olhar sem se lembrar do que ele havia feito com a sua mais nova amiga. Mas Vega estava trabalhando nisso, o homem era gentil com ela e enquanto continuasse assim, ela seria gentil e cordial de volta. Afinal ele não havia lhe dado motivos para que não gostasse dele, ela apenas não conseguia esquecer o olhar triste que a Leah adquiria sempre que tocava naquele assunto.

"Respire fundo e conte até dez, Vega."

A menina repetia para si mesma enquanto observava Sam se afastar na estrada. Em uma tentativa frustrada de acalmar o próprio coração, nunca havia mudado de escola antes e agora estava em um país diferente, com pessoas diferentes, outra cultura e isso a assustava.

Como sua vida virou de cabeça para baixo tão rápido?

A jovem olhou mais uma vez para a estrada e ao perceber que não havia mais nenhuma vestígio do carro do Uley, respirou fundo novamente e caminhou para a secretaria.

Uma mulher gordinha, de cabelos avermelhados e algumas sardas no rosto, mal notou a sua presença quando adentrou a sala pequena mesmo com o enorme barulho feito pela porta. Estava interessada demais em separar os clips por cor.

—Com licença, eu queria o meu horário, por favor.

A mulher deu um leve pulo de susto.

—Não assuste as pessoas dessa forma, poderia ter anunciado a sua entrada, ninguém nunca lhe ensinou isso?

Vega preferiu permanecer em silêncio ao invés de dizer que a mulher que era desatenta.

—Qual seu nome?

—Vega Black.

—Ah sim, a garota da reserva. —Garimbou um papel. —Aqui estão seus horários e você deve trazer esse papel assinado no final do dia. Boa aula e seja bem vinda.

—Obrigada, tenha um bom dia. —Disse enquanto pegava os papéis e saia da sala.

Era um caminho curto entre o prédio da secretaria e o prédio principal, aonde ocorriam as aulas. Cada passo dado, Vega sentia os olhares sobre ela, o que a fazia se questionar se aquelas pessoas não tinha nada melhor para fazer da vida.

Estava tão distraída enquanto tentava ignorar todos os olhares, que mal percebeu quando um garoto asiático parou em sua frente, a fazendo esbarrar nele e cair no chão.

—Você tá bem? —Perguntou o rapaz a ajudando a se levantar.

—Estaria melhor se alguém não tivesse me atropelado.

—Que mal jeito hein Erik. —Disse um garoto loiro que Vega ainda não havia notado. —Sou Mike e você gracinha?

Ela o olha de cima em baixo e revira os olhos. —Sou Vega. Vem cá, algum de vocês sabe aonde fica a sala de literatura?

—Para sua sorte eu sou o seu guia no dia de hoje. —Vega o olhou curiosa e Mike murmurou "Começou bem, guiando ela pro chão". —Serei seus olhos e ouvidos nessa escola e um ombro amigo caso queira chorar.

—Obrigada, eu acho.

—A propósito eu me chamo Erik. Como você se definiria Vee? Posso te chamar assim né? —Ele disparou em perguntas.

—Prazer. Alguém já te disse que você é muito aleatório? Meu primo me chama assim, não vejo problema. —Respondeu enquanto caminhava com os rapazes para a sua primeira aula do dia. —E por que quer saber como eu me definiria? Essa é uma pergunta difícil de responder.

—É para o jornal da escola, vamos fazer uma matéria sobre você, a aluna nova.

Vega sorriu sem graça.

—Meu pai dizia que eu era a estrela que iluminava o mundo dele, por isso me deu o nome de Vega Asterion. Vega significa "o mergulho", uma referência ao movimento que a águia faz ao atacar e Asterion significa estrelinha. Eu não sei como me definir, mas aposto que você vai conseguir tirar algo dessas informações aleatórias, cara aleatório.

—Pode apostar que sim garota estrela.

—Esse foi o pior apelido que você inventou para alguém Erik. —Disse Mike.

Os rapazes eram divertidos e fizeram Vega se sentir acolhida, principalmente Mike que Vega descobriu ser filho dos donos da loja aonde ela havia sido encontrada em choque, o rapaz lhe contou que se mudou aos dez anos de idade para Forks e por isso sabia como ela se sentia por estar em um lugar novo com pessoas novas. Mike se despediu alegando ter aula de cálculo naquele momento, o que lhe rendeu um boa sorte vindo da garota. Afinal ninguém merecia matemática em plena segunda feira como primeira aula do dia.

Vega acabou se sentando sozinha naquela aula, afinal todos já possuíam suas duplas, inclusive Erik que fazia dupla com uma garota chamada Jéssica, que Vega achou extremamente incoveniente.

A garota não parava de lhe fazer perguntas sobre a sua família, principalmente sobre os quileutes, fingindo não notar o quanto a Black se sentia desconfortável com o seu monte de perguntas.

—Você tem certeza que é quileute? Vai ver sua mãe pulou a cerca. —E deu risadinhas.

—Minha mãe era irlandesa e meu pai quileute, se você prestar mais atenção na aula de biologia, vai entender o porquê de eu não parecer tanto com os quileutes. —Vega retrucou, incomodada com a inconveniência da garota.

Definitivamente ela não gostou da Jéssica e aparentemente o sentimento foi recíproco, já que a mesma a olhou com raiva.

Na aula de espanhol se sentou ao lado de uma garota baixinha, que parecia uma fada. Era a garota mais linda que Vega já havia visto em sua vida, a menina se apresentou como Alice Cullen e tinha os cabelos curtos na cor preta, olhos estranhamente dourados assim como a sua pele que é estranhamente branca e absurdamente gelada.

—Não deveria ligar para o que a Jéssica fala, ela tem um probleminha com inveja. —Disse Alice.

—Como você... —Mas antes que Vega pudesse terminar sua pergunta, o sinal que indicava o final da aula, tocou e Alice se levantou rapidamente.

—Nós vamos ser muito amigas. —Foi o que ela lhe disse antes de sair da sala sem esperar uma resposta.

—Tudo bem, eu acho. —Disse Vega estranhando o comportamento da garota. —Que gente estranha.

Solstício - Paul Lahote FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora