Alguns meses se passaram com Miranda dividindo sua atenção entre a revista, as filhas e seus encontros com Andrea. Sobre Stephen, o casamento continuava a mesma coisa: um mar de desconhecimento.
Para alguns encontros simplesmente não existem explicações — era o que pensava Miranda olhando para Andrea adormecida sobre seu corpo. A mulher fazia carinho nos cabelos da mais jovem, que tinha a cabeça pousada pouco abaixo de seus seios. Andy não parecia se importar com a forma com a qual a barriga da mulher subia e descia devido à sua respiração. Pelo contrário, parecia que os movimentos embalavam o sono da motorista.
Miranda a observava, tão sagaz e ousada, mas ao mesmo tão doce e... romântica. A mulher sorriu, deixando que sua mão descesse dos cabelos de Andrea para seu pescoço, para até onde ela conseguia alcançar nas costas da jovem e voltando novamente para os cabelos. Era exatamente assim que Miranda se sentia: em um romance.
Tantos anos de solidão e relacionamentos distantes. Quantas vezes havia se perguntado se realmente havia nascido para viver um romance com alguém, para fazer esses tipos de despautérios que correspondiam a transar no carro, dançar em teatros abandonados e comer sentada sobre o blazer de alguém, em receber bilhetes escritos à mão pensados nela, melhor: escritos especialmente para ela; e a suspirar por alguém em pleno expediente totalmente desconcentrada no próprio trabalho.
Miranda chegou a gostar de seus exs maridos, com um deles até teve filhos, mas nunca imaginou que qualquer sentimento que um dia os envolveu poderia ser comparado ao que vive com Andrea. Quando assistia à comédias românticas sozinha, quase escondida, ou quando lia romances e desabava em lágrimas, ainda mais escondida, para manter sua reputação, se questionava se viver aquilo com alguém era mesmo possível, se não era apenas uma ilusão produzida especialmente para mulheres sentimentalmente frustradas como ela. E se perguntava, principalmente, por que essa a sorte não havia lhe caído sobre a cabeça...
Mas agora, agora Andrea estava ali: nua, deitada sobre seu corpo, dormindo tão tranquilamente depois de tê-la feito, mais uma vez, suspirar e perder o controle, dominada por um prazer e por um desejo que jamais despertaria. Foram tantos anos até Andrea aparecer. Foram tantos anos, mas ainda existem tantos outros para vir... e virão, porque Andrea acordará. Acordará e escreverá para ela mais bilhetes acompanhados de doces ou cafés, acordará e a beijará na boca e nos seios e por todo o seu corpo; acordará e dirá para ela, entre suspiros, o quanto a acha linda, acordará e a levará para dançar no palco de um teatro abandonado quando perceber que ela precisa relaxar; Andrea acordará fará com que ela viva todas essas coisas clichês de romances que envolvem elogiar a cor do olhos e destacar o quanto gosta da forma peculiar como ela sorri ou como ela faz bico e muda totalmente o humor quando deseja que tudo seja do jeito dela. Embora a mulher já quisesse todos esses detalhes de um romance antes de conhecer a jovem, Miranda quer ainda mais se tudo for com Andrea, que tão rápido ultrapassou suas barreiras.
Andrea suspirou tirando a mulher de seus pensamentos. A jovem abriu os olhos e sorriu prendendo a mulher sob ela. Ergueu um pouco o rosto, beijou as costelas de Miranda, o espaço entre seus seios, postou seu corpo sobre o da mulher e beijou sua boca delicadamente, sendo tão bem recebida.
- Certo! — Sussurra miranda, abrindo os olhos. — Agora me leve de volta para a revista, Andreah.
A mais jovem prendeu mais o corpo da mulher abaixo de si.
- Sabe, eu acho que esse relacionamento precisa ser mais equilibrado.
- Relacionamento?
- Sim!
- Em primeiro lugar, eu estou ordenando que me leve de volta como sua chefe. — Miranda impulsiona o corpo, empurrando Andrea que cai ao seu lado, subindo em cima da garota — Em segundo lugar, Andreah, ainda não temos um relacionamento porque, pelo que me lembro, preciso de um divórcio e você... precisa fazer 30 anos.Andrea gargalha abaixo de Miranda, fazendo-a sorrir encantada pela forma como o rosto da mais jovem expressava felicidade. Andrea abre os olhos, encarando Miranda e sentindo a admiração da mulher através da força de seus olhos azuis. A motorista acaricia o rosto da mais velha, mexe em seu cabelo desalinhado pela posição, onde boa parte de seu perfeito Chanel lhe caiu na testa e suspira.
- Você é tão linda, Miranda.
- Não seja tola, Andreah! — a mulher diz fazendo menção a levantar, mas Andrea a segura, mudando de posição novamente e ficando por cima.
- Não seja tola você! Você é linda, sim. Eu a acho linda e na lista de coisas que o seu poder e influência podem mudar, a minha opinião e o que eu sinto por você não são opções.A mulher sorri e Andrea faz o mesmo se inclinando para beija-la. As duas se encaram novamente e é a vez de Miranda acariciar o rosto da jovem.
- Você é só uma menina, Andrea.
- É isso mesmo o que você pensa? — em resposta, a mulher semicerra os olhos e a jovem continua — porque não parecia que você se importava com a minha idade quando estava gozando na minha boca.Miranda sorri. Andy vira o rosto para tentar beijar o pescoço da mulher, mas a mais velha a impede, puxando seus cabelos pela nuca, alinhando o rosto da mais jovem ao seu.
- shhh! Ai, Miranda! — Andy geme baixinho, fechando os olhos e sorrindo.
- Está doendo? - Miranda pergunta puxando mais forte.
- Talvez eu goste...
- Tenho certeza que gosta, garota atrevida! Adoraria te dar uma lição, Andreah, mas eu tenho uma revista para comandar e você... — a mulher beija o lábio inferior de Andy, puxando-o lentamente — você precisa me levar até ela._______________
Andrea abriu a porta do carro para Miranda, que entrou encarando a mais jovem e sorrindo. Andy fechou a porta e se dirigiu para seu lugar, ligando o carro e seguindo o caminho para a revista.
Durante o percurso, as mulheres trocaram alguns olhares entre sorrisos. Miranda, por vezes, desviava o seu para a rua revirando os olhos levemente, por puro charme. Nesses momentos, Andrea soltava pequenas gargalhadas, perguntando-se a quem ela queria enganar.
Miranda estava olhando para a rua, distraidamente lembrando-se do que fez com Andrea há pouco. A mulher aproveitou e ligou para Emily e mandado a assistente providenciar seu almoço. Assim que desligou a chamada, encarou a janela e percebeu que Andrea cantarolava algo. Aguçando os ouvidos, a mulher olhou para o retrovisor, encontrando os olhos da jovem brevemente, antes de ela desvia-los para a estrada.
Andrea cantarolava uma música em espanhol, talvez o fizesse de forma proposital se a mulher considerasse a letra que mencionava um dormir sobre o peito do outro e acordar entre beijos, A jovem a olhou novamente enquanto o sinal estava vermelho. — Quem sabe não foi coincidência encontrar me contigo. Talvez eu esteja em seu destino. — A jovem sorriu abertamente ao continuar a melodia — Quero dormir de novo em seus peitos e depois acordar com seus beijos.
Miranda tentou controlar seu riso, porém, os brilhos nos olhos e as bochechas rosadas foram impossíveis. Andrea caprichou especialmente no refrão, que Andy cantava um pouco mais alto, referindo-se a escrever poemas a próprio punho e letra, coisa que a jovem lhe fez desde o início. A mulher sorriu, e revirou os olhos quando estes encontraram os da jovem pelo retrovisor mais uma vez.
A entrada da Elias Clark surgiu ao seu lado e Andy parou o carro, dirigindo-se para sua porta e abrindo-a para ela. Miranda pôs os pés para fora do veículo, postando-se de pé. A mulher encarou Andrea nos olhos e, antes de colocar seus óculos escuros, sorriu.
- Cuidado, Andrea. — alertou. — Cuidado com o coração que você tem nas mãos. — disse a mulher referindo-se à "música", colocando seus óculos escuros e seguindo para dentro do prédio sem esperar uma resposta e sem perceber o sorriso que Andrea lhe dava ao entender o que mais velha quis dizer.
FIM.
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A motorista
FanfictionPor causa de um acidente, Miranda Priestly ficou sem seu fiel e confiável motorista, Roy, tendo que substituir ele, grande foi a surpresa em ter uma mulher candidata para vaga.