Tudo arché

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Miranda estava sentada em sua cadeira virada para janela, totalmente dispersa, incrédula perante tudo que havia acontecido dentro do carro. A mais velha sentiu uma onda de adrenalina só em lembrar, era tinha... dentro de um carro... na rua... a mulher riu de si mesma, balançando a cabeça negativamente. Recordou-se de Andy abaixando a janela do carro para desembaçar o vidro; lembrou-se de como elas trocaram olhares de cumplicidade durante o restante do trajeto, céus... Miranda pensou no quanto ela queria ter retribuído Andrea e lembrou-se de que se não tivesse sido o seu celular tocando, provavelmente ela o teria feito. A mulher suspirou tocando delicadamente seus lábios com as pontas dos dedos desejando a volta do contato produzido pelos beijos, se perguntando como poderia ser tão bom, como podia despertá-la tanto, deixá-la tão excitada e a ponto de... balançou a cabeça tentando dissipar tudo aquilo com um sorriso sutil nos lábios e tentou voltar ao trabalho.

Alguns minutos depois Miranda estava na cadeira principal de uma imensa mesa de reuniões. Ao redor, vários de seus funcionários. A mulher se encontrava mordendo a tampa da caneta, mergulhando nas lembranças que produziu com jovem motorista mais cedo. Respirou fundo se perguntando como fazia para parar de pensar na jovem, tentou voltar a si, tentou se concentrar nas palavras soltas que ouvia alguém de sua equipe pronunciar, mas sempre se flagrava pensando na jovem novamente.

- Reunião encerrada, quero novas ideias para amanhã! — A mulher proferiu enquanto se levantava, saindo sem ouvir ninguém. — Casaco, bolsa! — Ela ordenou que Emily cancelasse todos os compromissos do dia e foi embora, deixando a assistente completamente perdida, se perguntando o que aconteceu para a editora sair correndo do escritório no meio de uma reunião. “Quem seria louco de perguntar”, pensou a ruiva.

- Para onde deseja ir, Miranda? — Andrea questionou assim que sentou novamente no banco do motorista.

A mulher a encarou pelo retrovisor, sentia-se um tanto desconfortável por ter que verbalizar, mas o desejo era latente demais.

- Para uma cama! — Miranda sentiu seu rosto esquentar, mas ela escondia muito bem, ou pelo menos era o que ela pensava, mas Andrea sabia lê-la melhor ainda.

A jovem sentiu como uma se descarga elétrica tivesse invadido seu corpo, sentiu as famosas borboletas e sorriu para mulher que tentava agir naturalmente, porém, retribuiu sutilmente o sorriso.

Andrea dirigiu até uma rua desconhecida para Miranda, com casinhas simples e de aspecto apertado. Pararam em frente a uma casa de pequenos tijolos marrons, com uma porta preta e uma pequena escada de ferro da mesma cor.

Andrea desce o carro, indo buscar Miranda, que desce esboçando extrema curiosidade.

- Onde estamos? — questiona a mais velha.
- Na minha casa.
- Oh!
- Não achou que eu te levaria para um motel qualquer, correndo o risco de que amanhã todos os tabloides de fofoca noticiassem seu caso, não é Miranda?
- Você arquiteta tudo, não é? — pergunta semicerrando os olhos. – E, pelo visto, conhece a segurança de motéis muito bem... – Miranda diz fechando a cara.
- Em primeiro lugar, apenas quando quero cuidar para que algo não acabe antes da hora. Em segundo lugar, nunca fui a um motel com uma mulher de imagem tão pública quanto a sua. – Andrea brinca com fogo, sorrindo do bico que a mulher expressa. – Vem, vamos entrar!

Miranda concorda com a cabeça, seguindo a garota para dentro de casa. O lugar era acolhedor, simples, mas muito arrumado. Miranda sentiu um leve cheiro de lavanda e rapidamente recordou-se do cheiro das roupas de Andy. Talvez fosse sua fragrância favorita, a mulher pensou e anotou tal informação mentalmente.

- Quer comer ou beber alguma coisa?
- Passei o dia inteiro pensando em você, Andrea... — a mulher dispara — e não gostei nem um pouco de ser distraída das minhas tarefas diárias. — disse se aproximando da mais jovem. — Não quero beber ou comer alguma coisa, apenas quero você! — Andrea riu pela expressão de constrangimento ao qual Miranda sucumbiu ao assumir. — Não ria! Não é nada simples verbalizar esses desejos.
- Imagino que, para você, não seja, mas tudo é uma questão de hábito.
- Hábito, é? — a mulher pergunta, roçando os lábios aos de Andrea.
- Hábito, Miranda. Teremos tempo para você se habituar ao que sente.
- Certo! Agora chega de conversa, Andrea. Você me fez muitas promessas envolvendo uma cama...

A motorista Onde histórias criam vida. Descubra agora