capítulo 4

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Cristina sumiu e faz tempo que a vi. Com a quantidade de pessoas é difícil achar ela nesse salão, que por sinal é enorme. 
Nunca fui em evento assim. Está sendo a primeira vez que entro em um lugar tão luxuoso.
Comprado ao casarão da família Shepherd, sendo a coisa mais bela na minha antiga cidade, e o lugar mais "chic" que eu já tinha ido. Vejo que minha definição de sofisticado não estava correta.
Ainda estava sentada descansando minhas pernas e aproveitando para beber um pouco. Até que escuto:

— Eu vou no banheiro e já volto, tá bom? - Carina fala

— Tá bom. Vou te esperar aqui mesmo

Bebo um pouco da bebida e olho as pessoas ao redor. Achei que estaria em uma festa cheia de gente mimada com médicos metidos, mas as pessoas que conheci são totalmente diferente do que imaginei.
Quando tento achar Cristina pelo olhar encontro outra pessoa me olhando. Ou melhor, minha chefe me encarnado.  Sustentar o olhar é difícil, então logo desvio.

— Encontrei meu irmão, por isso demorei mais. Quer andar um pouco?

— Sim, vamos - sorrir

Eu só queria achar minha amiga e sair daqui. Andei mais um pouco e a encontrei.
— Cris, você disse que ficaríamos pouco tempo

— Estava te procurando. Tem um lugar aqui perto bem legal. Só estou esperando Owen - ela olha pra Carina. Cristina e sua mania de intimidar as pessoas

— Acho que não te apresentei direito. Essa é Carina, minha colega de trabalho

— Meredith fala muito de você, Cristina. Prazer em te conhecer - sorrir amigavelmente

— Espero que tenha sido coisas boas. Um prazer te conhecer também - sorrir

Logo Owen chega.
Quando estávamos saindo vejo Addison me olhando. Não entendo o que ela quer. Só acho que ela deveria ficar olhando pra a mulher ao teu lado e não pra mim.
Vejo ela acenar para meus amigos Não, não vamos lá
Eles acenam de volta e quando estávamos quase atravessando a porta, ela vem ao nosso encontro. merda
— Não vi vocês durante a festa, já estão indo?

— Estamos indo, na verdade, ficamos mais tempo do que planejamos. Vamos em uma festa aqui perto - Owen fala

— A noite vai ser longa - rir

— Precisamos um pouco. E prometi para minha amiga, né Meredith? - quando Cristina termina a frase fico mais nervosa. Balanço a cabeça concordando.

— Ah, sim. Aproveitem bastante. Até segunda, meninas - levanto o olhar e vejo ela me olhando. Que olhos!
— Até, chefe - Carina fala e ela continua com o olhar sobre os meus, que desvio e
sussurro:
—  Até segunda

Nesse evento eu tive uma certeza, minha chefe é doida. Quase não me olha no trabalho e ficou me encarando na festa.  maluca

Chegamos no tal lugar e era completamente diferente do evento anterior. Ambiente escuro com pouca iluminação, som alto e pessoas se esbarrando em outras. Ficamos no barzinho, mas minha amiga logo foi dançar com o namorado. Eu disse a Carina que ela poderia ir dançar também. Não quero prender ela durante a noite como estava fazendo. Eu vou ficar aqui por enquanto.

— Tem certeza, Mer? Você vai ficar sozinha. É melhor eu ficar. - ela fala alto por causa do barulho

— Tenho certeza. Vai aproveitar sua noite. Você está atraindo olhares desda entrada - ela rir abaixando levemente a cabeça

— Bom, como você não quer dançar, então eu vou, mas qualquer coisa grita - pisca um olho e sai

Fico com o copo em minha mão rodando o líquido, não sou acostumada a beber muito. É possível eu passar a noite inteira enrolando com a mesma bebida. Fico movimentando o corpo de acordo com a batida de forma tímida. Teve alguns homens que me chamaram para dançar mas neguei. Os saltos de Cristina está me matando. Escolhi ficar quieta e poupar meus pés. Conheci um rapaz até interessante, mas só conversamos. Ele passou o número e pediu para marcámos algo.
Após ele sair minha amiga chega um alterada por causa da bebida e Owen diz que já vamos. Porém ainda falta Carina que na última vez que a vi estava aos beijos com um rapaz. Com as condições de Cristina eu pedir pra eles ficarem ali enquanto eu vou atrás da minha colega de trabalho.

Não foi fácil achar, até por que no caminho aparecia uns caras bem desnecessários impedindo a passagem. A iluminação baixa piorava tudo. Mas encontrei ela ao lado de uma porta beijando uma mulher. Fiquei sem jeito, não queria interromper o momento, mas lembrei de Cris e tive que fazer isso.

Chamei o nome dela uma vez, porém não escutou. Bati na parede, mas nada chamava sua atenção. Resolvi cutucar o seu ombro, e o que aconteceu? ela não deu importância. E eu cada vez mais constrangida por está vendo aquela cena. Chamei o seu nome mais alto e ela se virou. Finalmente!
Ela ficou mais sem graça do que eu e logo passou a mão pelo cabelo e ajeitou a roupa

— É... aconteceu alguma coisa, Mer? - perguntou rápido

— Cristina bebeu demais e a gente já está indo - olhei para a mulher e voltei a falar.
— Você pode ficar, se quiser. Só vim avisar

— Claro que vou com vocês
Ela falou algumas coisas no ouvido da moça por causa da musica. Por fim, entregou um papel e saiu

— Vamos - ela passou a mão pelo meu ombro e abriu caminho para passar pela multidão.

Conversamos animadamente durante a volta, não sei se é efeito da bebida ou empolgação. Deixamos Carina em casa e não demorou muito para chegarmos também.


No domingo tive uma missão quase impossível, levantar da cama. Meus pés estavam doloridos e minha cabeça doía. Não bebo com frequência e bem pouco. Quando conseguir levantar era mais de 13h. Tomei um banho que me ajudou a renovar as energias.

Vejo que minha situação é nada perto do estado que está minha amiga. Cris está deitada no sofá de moletom com as mãos na cabeça. Volto para o quarto sem dizer nada e pego um remédio na bolsa. Pego um copo com água e vou em sua direção

— Toma, Cris - ela abre os olhos. Estendo as mãos com o remédio e o copo, ela pega ao sentar e toma

— Você quer mais alguma coisa?- pergunto

— Não, só faz um pouco de silêncio que ajuda - volta a deitar

Pensei em fazer algo para comer, mas não ia dar certo e só iria trazer mais dor de cabeça para ela, que não iria gostar de comer uma comida queimada ou sem gosto.

Mesmo assim vou até a cozinha e procuro algo simples. Tem suco na geladeira e faço uns sanduíches práticos.
Levo pra sala e comemos em silêncio. Quis fazer alguma coisa produtiva, mas fiquei preovupada com Cristina e fiquei com ela, além de dormir um pouco.
Assim foi o restante da tarde.

A noite passei a agenda do dia seguinte e organizei uns papéis que trouxe para revisar. Isso me fez lembrar da Addison, no seu olhar. Um olhar com intensidade que queria dizer algo. Ou talvez eu esteja enxergando coisa demais.
Deixo as paranóias de lado e vou pegar o celular. Disco os números e espero atender

— Oi filha

— Oi mãe, tudo bem? - deito na cama

— Tudo bem, filha. Achei que não me ligaria hoje

— Ligo todos os dias, só demorei um pouquinho hoje - escuto sua risada

— Sim, seu pai estava aqui, mas já foi dormir

— Como ele está? Está tudo bem mesmo?

— Você sabe que ele pensa muito em você e quer resolver essa situação

— E eu penso em vocês e fico preocupada - respiro fundo

— Ele conseguiu um pouco de dinheiro mais deve que fazer compras e pagar umas coisas. Na casa dos Shepherd eu não ganho nada e os trabalhos de fora é muito pouco - lamenta

— Eu sei, mãe. Daqui a uns dias eu te mando um dinheiro e logo tudo vai se resolver. Precisamos fazer um acordo para facilitar o pagamento. - passo a mão pela nuca

— Tudo vai ficar bem. Mas me diga, quando vem me ver? Estou com saudades - sua voz fica mais meiga

— Ah, mãe! Estou com saudade, mas vai demorar

Ela me contou como foi o dia e o quanto está feliz por ter acertado uma receita nova.
Não demoramos muito, já esta tarde e amanhã tenho muito trabalho, então me despedir e desliguei a chamada.



Espero que tenham gostado. Até a próxima.
Beijo❤️

O despertar para amar | meddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora