Epílogo

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Dizem os contos que a batalha contra o Rei das Trevas durou cem dias e cem noites. Que o próprio Sol havia sido apagado por ele tamanho era o seu poder. Contam as histórias que um Dragão de escamas rubras e seu Guerreiro destemido lutaram até a exaustão e muito além disso. Que para salvar essa terra eles haviam sacrificado sua vida e seus corpos de bom grado, transformando sua essência em um fogo tão abrasador o qual fora a única coisa capaz de destruir a escuridão e acabar com aquela noite infinita. E juntos, como iguais, eles haviam partido dessa vida.

As histórias, como Bakugou bem sabia, tendiam a ser recontadas com exagero e os detalhes importantes eram omitidos em prol de uma narrativa mais mística e heroica.

Elas não falavam, por exemplo, que tanto o Dragão quanto o guerreiro haviam sobrevivido a batalha. Que ambos haviam se esforçado para devolver aquilo que o Rei Tirano havia roubado dos habitantes daquela terra. Que após libertar os companheiros do Dragão rubro e reconstruir a tribo do Guerreiro valente, eles haviam dado as mãos e jurado sobre os primeiros raios da manhã nunca mais se separar.

Não falavam sobre as noites em que o guerreiro acordava com o coração martelando no peito, pensando ter perdido aquele que lhe era mais caro, nem sobre o olhar triste no rosto do dragão que já não podia mais usar seus poderes ou mesmo voar. Não diziam nada sobre a vez que Bakugou usara uma coroa de flores sem reclamar, ou sobre o dia em que ele havia pintado Kirishima do mesmo modo que um dia ele fizera em si. As histórias não contavam que, marcados pela batalha, eles se encontravam diante uma trilha de incertezas, construindo seus dias e resistindo a cada pequena luta que lhe era apresentada.

Mas quanto a isso, estava tudo bem.

Eles estavam juntos a partir de agora.

E tinham todo o tempo do mundo pela frente para decidir.

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