D O I S

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|antes mesmo do começo|

É uma sexta feira quente como qualquer outra.

O que significa que estou terminando de colocar minhas meias ásperas e desconfortáveis enquanto escuto a irritante da Kelly falar sobre precisar de um aumento para alimentar seus três filhos.

Depois de trabalhar na rua com 250 reais por dia aguentando homens ricos com cheiro de pós barba barato, é isso que eu consegui depois de quase matar um cara que tentou literalmente quase quebrar a minha cabeça por conta de um boquete a força.

Era minha terceira semana nas ruas ricas de Atlanta, eu não estava acostumada a seduzir e nem a fazer coisas que eu não queria, eu entrei em conflito comigo mesma e com o cara em minha frente.

Foi isso que Hugo conseguiu pra mim. O que torna essa historia monótona interessante é que temos um grupo diversificado de mulheres promiscuas gritando por ajuda por baixo das saias curtas.

Temos as de 16 anos gravidas, as de 27 funcionarias de lanchonetes precisando de uma grana extra por conta dos irmãos desamparados, as de 22, completamente perdidas, como eu. Ah, e a Kelly.

Uma loira chata que é viciada em heroína. Ela de fato tem três filhos, mas ela prefere alimentar seu vicio do que se ajudar. As ''crianças'' já tem vidas construídas e um carro que vale o aluguel desse clube.

''eles precisam de mim, quero dar orgulho a eles. Estou lutando para sair dessa'' ela diz, limpando com as costas da mão a sujeira que escorre pelo seu nariz enquanto ela não para de chorar.

Solto um riso abafado e debochado diante a sua declaração. Hugo olha pra mim, me fuzilando com o olhar. Porque ele sabe que nós já discutimos varias vezes, não sou uma pessoa maravilhosa que só faz coisas boas, mas já fui pra reabilitação depois que tive uma overdose. Eu entendo esse lance de alimentar o vicio, mas ela? ela só fala muito.

''por favor Hugo eu...''

''ah, cala a boca Kelly. Digo alto, a cortando.'' Você só fala pra cacete. Por que não tenta cocaína ou MD? É bem mais econômico e o pico dura um pouco mais.'' Ela me encara assustada como se eu tivesse tocado no seu ponto mais fraco. Ou destroçado um filhotinho em sua frente

''por favor Ayla, vá para o seu lugar enquanto terminamos por aqui.'' Faço uma careta debochada diante o que ele me diz, ele não discute comigo, porque ele também concorda.

O moreno me faz um me faz um gesto com olhar e eu saio pela porta até o palco.

Talvez eu esteja sendo bem babaca com ela, mas sinceramente, ela vive nessa desde o primeiro dia que cheguei nesse lugar, ela tem o amor dos filhos e não faz o mínimo esforço pra parar com essa merda. Nada justifica o que eu vivi também, mas que se foda, eu vejo o jeito que as crianças a abraçam quando todas nós vamos embora, e é triste demais ver o jeito que os filhos a amam e o jeito que ela ama a heroína.

O P H E L I A [Todo Sábado]Onde histórias criam vida. Descubra agora