O N Z E

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''é o sangue nas minhas veias que me diz como eu posso esquecer''

Esse é o trecho que está grudado na parede do meu quarto depois que li leite e mel do anjo do outono. Ele me trás um sentimento esquisito, bom e totalmente diferente da ansiedade, das mentiras e da tristeza. Eu li aquele livro mais de uma vez e vi que a Julliet tem um gosto muito bom e com certeza é diferente de tudo que eu já li ou senti. Mas isso pode entrar e eu posso usar como pretexto quando eu penso nela depois do meu numero deixado no meu livro preferido ou a conversa no carro. Olhei algumas vezes pro celular pra ver se alguma mensagem aparecia magicamente na minha tela.

Digo que ela tem uma energia muito boa, e sinto que é diferente até mesmo das garotas da fênix ou do meu irmão. Ou, de todas as pessoas que já passaram pela minha vida até então. Eu estava em casa totalmente entediada e Rayden tinha saído com uma garota, a mesma da do dia que o peguei com tudo pra fora. Ele nunca foi muito de namorar ou sair com garotas pra um ''encontro'', podemos assim dizer, mas depois dessa garota que ele transou eu poderia até ter uma ideia do que ele sente. Ou pode ser sexo casual. Não o julgo.

Pode até ser cedo mas, ele parecia animado. E nervoso. Bem nervoso

Eu estava fumando um cigarro no meu sofá e lendo meu amável Nietzsche quando meu celular tocou e dei um sorriso de lado. prendi meu cabelo pro alto e posso dizer que estou sentindo minhas mãos transpirarem, mas isso só começou porque me sentei ao lado dela, nesta cadeira vagabunda mas resistente desse restaurante que eu nunca vim.

''não é serio, eu acredito nisso.'' Ela diz soltando um riso apertado, quase que mudo. Preciso me esforçar pra ouvir enquanto dá um gole no seu café quente com chocolate. Eu me rendi a um gelado com espuma. A olho de lado, tentando acreditar no que ela disse.

''o quê? Você não acredita?''

''no universo ou em nosso senhor jesus cristo?''

''nos dois'' ela diz se aproximando, a observo de novo e de uma forma mais demorada. Posso sentir o calor do seu corpo muito perto do meu, é como se saísse faíscas de uma forma absurda. Pisco, respirando fortemente.

Ou talvez seja o calor sobre nós, me dei mal colocando uma jaqueta enquanto o ar é extremamente quente aqui. Principalmente nessa parte da cidade, com poucas arvores.

Ela de repente se afasta e dá um gole no seu café. Me olhando de novo e colocando seu cabelo em frente aos olhos.

''olha, talvez o sol um dia vá nos engolir, ou tenha uma vida depois desta e não lembraremos de nada da que vivemos e...'' digo engolindo tudo pra dentro e continuo, ainda a olhando. Ela desvia o olhar algumas vezes. ''poderemos fazer tudo de novo, como repetir os mesmos atos ou até mesmo viver livre de uma forma absurda. Sem que deus nos leve pro dia do juízo final'' digo mexendo os dedos pra cima e pra baixo, com um tom irônico. Ela balança a cabeça pro lado e quase que seus fios brancos desbotados encostam no meu ombro, e observa os carros que estão em nossa frente. Estamos sentadas em uma mesa do lado de fora desse lugar artístico com alguma musica que eu já ouvi no mindtown antes. Ou quase sempre. Eu diria que combina com essa conversa perfeitamente. Eu fico até emocionada. Mas não com a musica.

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⏰ Última atualização: Sep 20, 2020 ⏰

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