Eu te encontrei

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|Notas iniciais:
Olá! Te desejo uma boa leitura e seja bem-vinde a Estação 30.12!

Espero que gostem! :)

Prólogo

Fevereiro, 2020

Jeongguk arrependeu-se assim que cruzou a soleira da porta e ouviu o estalar da tranca atrás de si. Um arrepio percorreu seu corpo ao que avistou a figura séria de Changho lhe encarando. Por um instante, cogitou a ideia de sair correndo antes de que o outro tivesse a chance lhe fazer mal, mas não podia, não quando a tempestade do lado de fora castigava-o com seu passado. Talvez trovões fossem as únicas coisas que pudessem lhe afetar mais do que o guardião.

— Onde estava, Jeon? — A pergunta era áspera, assim como todas as falas destinadas a si sempre eram.

— Por aí, tio — contorceu os lábios com o tratamento que saia amargo de sua boca. — Não é como se te importasse de verdade. — Sorriu de canto, Kang Changho queria vê-lo fraquejar e era exatamente por isso que não o fazia. Custasse o que fosse, sempre se mantia firme. Essa era uma de suas máscaras, a mais grossa de todas. A mais difícil de segurar também.

— Me ligaram da escola, sabia? — Começava a se aproximar. — Achou mesmo que eu não fosse descobrir? — Encurralou o garoto contra a porta.

— Eu diria que está alguns meses atrasado. — Com medo ou não, o tom de deboche era evidente, era seu escudo, afinal.

Foi o suficiente para que o homem mais velho apertasse seus ombros contra a madeira.

— Eu te fiz uma pergunta, Jeongguk. Me responda direito. — Grunhia.

Não existiam muitas variâncias, ou Kang tinha o controle ou ele o conseguia.

— Eu já te respondi, Changho. Não ouviu? Por aí. Eu tava por aí. — Enfatizou ao tentar soltar-se do aperto, o que só lhe rendera um olhar de raiva.

— Então é "por aí" que você arruma todos esses hematomas? Soyoung já está me enchendo sobre isso, ela acha que sou eu... Quem me dera. — Jeongguk já havia se esquecido do pequeno corte em sua sobrancelha direita e da escoriação que tinha um tom escuro no canto de sua boca. Sentia-os latejando, mas não era algo novo. — Além de tudo, ainda tenho que sustentar um delinquentezinho de merda, decidiu se revelar agora, Jeongguk? — Apertava-o mais forte.

— Isso não é da sua conta. — Cuspiu. — Droga, me solta.

— Ou o que? — Encarou-o com o mesmo olhar que mantinha desde que o Jeon era uma criança. Aquele olhar que sempre o encurralou.

Nada. O mais novo não havia ameaçado-o, nunca o fazia, não teria como. Engoliu em seco ao se encontrar sem saídas mais uma vez. Anos brigando com caras que tinham três vezes seu tamanho para continuar a se sentir indefeso com as palavras de seu guardião.

— Não existe um "ou", não é? Você sabe que sou eu quem manda aqui. — Vilões de contos infantis sentiriam inveja do sorriso presunçoso que ele possuía. — Essa sua pose de durão não serve para nada porque no fim você não passa de uma bichinha que nem mesmo consegue se defender.

O corpo do Jeon cai com um baque no chão com o empurrão do mais velho.

Mas ele apenas se concentrava em manter a expressão apática.

O Beijo de Vênus | kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora