Capítulo 2

631 39 13
                                    

— Marcela! Ela está chegando. Estará aqui em dez minutos — anunciou Bianca alto, obviamente se esforçando para ficar calma e com uma cara de assustada
— Ahn? Desculpe, não ouvi... –Mari estava passando pelo corredor até sorrir para marcela —hum ela ainda está aqui
— Gizelly está vindo para cá neste momento. Precisamos estar prontas. — Vindo para o escritório? Mas achei que ela nem estaria de volta ao país antes de sábado... gente ela estava em Vegas
— Bem, é claro que ela mudou de ideia. Agora, mexa-se! Desça e pegue seus jornais. Você sabe como ela fica em tempos de criação de campanha. Vá! Ela já está no carro, de modo que daqui a pouco deve chegar em menos de dez minutos, dependendo do trânsito.
Quando saí correndo da sala, ouvi Bianca discando, sucessivamente, ramais de quatro dígitos e quase gritando: "Ela está a caminho. Avise todo mundo." Só precisei de três segundos para percorrer o corredor sinuoso e atravessar o departamento de fotografia, mas já escutei gritos de pânico: "Bia disse que ela está a caminho" e "Gizelly está chegando!". E um grito particularmente horripilante de "Ela está de vo-oooooooooolta!”. E todo mundo correndo para seus lugares. Assistentes se puseram a arrumar as prateleiras nas paredes, e designers dispararam para suas salas. Eu estava morta de vontade de parar e observar como a cena se desenrolaria, mas tinha menos de dez minutos para me preparar para o segundo encontro com Gizelly, como a sua atual estagiária, eu não ia estragar essa chance.
Até então, eu tinha tentado não demonstrar que estava correndo, mas ao ver a absoluta falta de dignidade de todos, disparei.
— Marcela! Sabe que Gizelly está a caminho, não sabe? — gritou Gabi da mesa da recepção quando passei voando.
— Sim, eu sei, mas como você sabe?
— Docinho, eu sei de tudo. Sugiro que se apresse. Uma coisa é certa: Gizelly não gosta de esperar. Pulei para dentro do elevador e gritei um obrigada.
— Volto em três minutos com os jornais! As duas mulheres no elevador me olharam com nojo, e me dei conta de que tinha gritado.
— Desculpe — eu disse, tentando recobrar o fôlego.
- Acabamos de saber que a nossa diretora está a caminho do escritório e não estávamos preparados, por isso todo mundo está um pouco nervoso. — Por que estou me justificando para essas pessoas? E na hora fica quieta.
— Ó meu Deus, você deve trabalhar para Gizelly! Espere, deixe eu adivinhar. É a nova estagiária de Gizelly? Marcela, certo?
— Ahn, sim, Marcela — eu disse, repetindo o meu próprio nome como se não tivesse certeza de que era meu. — E, sim, sou a nova estagiária de Gizelly. Nesse momento, o elevador chegou ao saguão e as portas se abriram para o mármore branco. Fui para a frente das mulheres e me lancei para fora antes mesmo de as portas estarem completamente abertas. E ouvi uma delas gritar: — Você é uma garota de sorte, Marcela. Gizelly é uma mulher incrível! Tentei não colidir com um grupo de advogados, que pareciam muito infelizes no saguão.
— Olá, Sra. Bicalho— falei impulsivamente, embora em algum lugar no fundo da minha cabeça eu soubesse que ela ainda não tinha proferido uma palavra sequer. Mas a tensão foi insuportável, e não pude evitar me antecipar. — Estou tão emocionada por trabalhar para a senhora. Muito obrigada pela oportunidade de... — Cale-se! Cale essa boca estúpida! Recolha-se e não abra a boca quando eu não pedir.
Ela afastou-se. Acabou de me olhar da cabeça aos pés, recuou de sua mesa e, simplesmente, foi embora enquanto eu gaguejava uma frase. Senti o calor subir por meu rosto, a sensação de confusão, dor e humilhação me dominou, e só fez piorar ao sentir Bianca me olhando irritada. Ergui o rosto quente e confirmei que Bianca estava me olhando fixamente, com irritação.
— A campanha está atualizada? — perguntou Gizelly a alguém em particular, entrando em sua sala e, notei feliz, indo diretamente para a mesa de luz onde eu tinha disposto seus jornais.
— Sim, Gizelly, aqui está — disse Bianca correndo atrás dela e lhe entregando a prancheta onde estava o esboço da campanha. Sentei-me em silêncio, observando e admirando Gizelly mover-se deliberadamente pela sua sala nas molduras das fotos penduradas na parede: se eu olhasse para o vidro, e não para as fotos em si, veria o seu reflexo. Bianca, imediatamente, ficou ocupada em sua mesa e o silêncio se instalou. Nunca conversamos uma com a outra ou com qualquer outra pessoa se ela estiver na sala? me perguntei. Escrevi um e-mail para Bianca, perguntando isso, e a vi recebê-lo e lê-lo. Sua resposta chegou no mesmo momento: Você entendeu, escreveu ela. Se eu e você precisarmos falar, sussurraremos. Senão, nada de conversa. E JAMAIS fale com ela a menos que ela fale com você. E NUNCA a chame de Sra. Bicalho. É Gizelly. Entendeu? Senti de novo como se tivesse levado um tapa, mas ergui os olhos e concordei com a cabeça. E foi, então, que notei que Gizelly apareceu do meu lado, e, dessa vez, seus olhos estavam livres para olharem por meu corpo inteiro. Por mais impossível que pareça, senti cada parte se inflamar com o seu olhar, mas eu estava paralisada, incapaz de me levantar. No instante em que o meu cabelo ia pegar fogo, aqueles olhos castanhos implacáveis finalmente se detiveram nos meus.
— Quero meu café — disse ela com calma, olhando diretamente para mim, e eu me perguntei se ela se perguntava quem eu era, ou se não tinha notado e nem se importava com que houvesse uma estranha posando de estagiária. Não houve nada além de um lampejo de reconhecimento,
— É claro — consegui dizer, e sai em direção a recepção
—eu não acredito que você esqueceu o café —Bianca estava furiosa indo em direção a cozinha da agência.
—eu achei que ela ia buscar
—Você continua aqui, achei que depois do fiasco do primeiro dia você não retornaria -  Mari para na porta sorrindo e vejo que o sorriso é para bia que olha para ela e sorri.
—Eu também achei que ela não continuaria aqui. – diz arrumando o cabelo e percebo que ela não olha para mim
—fique pronta às 19. E se a sua chefe não te liberar você vai perder a tequila – ela sai mostrando a caneta no alto e entra em sua sala
—desculpa, ela achou que você ia sair no primeiro dia, eu apostei que você iria durar no máximo 3 — ela sorri e enche um copo e me entrega, eu a olho e falo - Você e ela nessas apostas, uma hora vai dar ruim. E sai rindo.

Desejos SecretosOnde histórias criam vida. Descubra agora