Capítulo 7

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E hoje mostraremos um pouco o porque da Marcela odiar a Gizelly

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Marcela POV DIA SEGUINTE

Eu poderia pedir demissão. Pensei nisso por um instante, mas não gostei da maneira como me senti. Eu amava meu trabalho, e a Gizelly podia ser a maior babaca do mundo, mas eu conseguira lidar com isso por toda semana – com exceção das últimas 24 horas – sabia controlá-la como ninguém. E, por mais que odiasse admitir, eu adorava assisti-la trabalhando. Ela era uma cretina porque era intensamente impaciente e ao mesmo tempo obcecada pela perfeição; ela esperava de todos o mesmo padrão que mantinha para si mesma e não aceitava nada menos do que o melhor de cada um. Mesmo que nem sempre gostasse de seus métodos, eu tinha de admitir que sempre gostei de sua expectativa de que eu trabalharia mais duro, melhor e de que eu faria qualquer coisa para conseguir resultados. Ela realmente era uma gênia do mundo do marketing, então pedir demissão simplesmente não era uma opção. O problema maior era minha bolsa de estágio. Eu precisava apresentar minha experiência no mundo real para a banca da faculdade  antes de completar, e queria que minha tese fosse espetacular. Foi por isso que fiquei na GB agency. Se eu saísse agora, quatro meses não seriam suficientes para começar em outro lugar e arrumar algo decente para apresentar... ou seriam? Não. Definitivamente eu não poderia deixar a GB. Com isso decidido, eu sabia que precisava de um plano de ação. Precisava manter minha postura profissional e me certificar de que a Gizelly e eu nunca, jamais, cairíamos em tentação, mesmo que fosse de longe a transa mais quente e intensa de toda a minha vida... eu teria de ser forte, mesmo com ela me proporcionando o melhor orgasmo. Maldita. Eu era uma mulher forte e independente. Tinha uma carreira para construir e trabalhara ridiculamente duro para chegar onde estava. Minha mente e meu corpo não se guiam pela luxúria. Eu precisava apenas lembrar do quão estúpida ela era. Ela era uma sedutora barata, arrogante, que pensava que todo mundo ao seu redor era idiota. Sorri para mim mesma no espelho e percorri minha coleção de memórias recentes de Gizelly. “Eu agradeço que você tenha preparado café para mim ao fazer o seu próprio, Mcgowan, mas, se eu quisesse lama para beber, eu teria enterrado minha xícara no jardim hoje de manhã.” “Se você for insistir em castigar o teclado como se estivesse caçando ratos na sua cidadezinha, Mcgowan, eu peço que mantenha a porta entre as nossas salas fechada.” “Você tem alguma boa razão para demorar tanto com o rascunho da campanha? Seu hábito de ficar sonhando acordada com os garotos da fazenda está tomando todo seu tempo?” Inferno, na verdade, isso seria mais fácil do que eu pensava. Sentindo uma nova brisa de determinação, ajeitei meu vestido, arrumei o cabelo e marchei. Rapidamente peguei o café que tinha ido buscar e me dirigi para minha sala, evitando as escadas. Abri a sala e entrei. A porta para o escritório da Gizelly estava fechada e não havia barulho nenhum lá dentro. Talvez ela tivesse saído. Só se eu estivesse com sorte. Sentei em minha cadeira, peguei minha nécessaire na gaveta e arrumei a maquiagem antes de voltar a trabalhar. A última coisa que eu queria era dar de cara com ela, mas, como eu não pretendia me demitir, em algum momento teria de enfrentar a situação. Quando olhei para o calendário, lembrei que na segunda-feira Gizeely teria uma apresentação para os outros executivos da campanha. Estremeci quando percebi que isso significava que eu teria de falar com ela ainda naquele dia para preparar o material. Ela também tinha uma convenção em Vegas no mês seguinte, o que significava que eu não só teria de ficar no mesmo hotel que ela, mas também no avião, no carro da empresa e em qualquer reunião que surgisse. Não, imagina, não haveria constrangimento algum. Durante a hora seguinte, fiquei olhando de tempos em tempos para sua porta. E, cada vez que fazia isso, meu estômago começava a embrulhar. Isso era ridículo! O que havia de errado comigo? Fechei o arquivo que, sem sucesso, estava tentando ler e baixei a cabeça nas minhas mãos no mesmo instante em que ouvi a porta se abrindo. Gizelly saiu de lá, sem olhar nos meus olhos. Ela  estava com o casaco pendurado no braço e tinha uma maleta na mão
– Estou encerrando por hoje – ela disse, estranhamente calma. – Cancele meus compromissos e faça os ajustes necessários.
–Gizelly – eu disse, fazendo-a parar com a mão na maçaneta –, por favor, não se esqueça que você tem uma apresentação para o comitê executivo na segunda-feira às dez – falei, com ela de costas para mim. Ela ficou parada como uma estátua, os músculos tensos.
– Se você preferir, eu posso preparar as planilhas, os portfólios e os slides na sala de conferência às nove e meia. Certo, eu até que estava gostando disso. Não havia nada na postura dela que dissesse “estou confortável”. Ela assentiu brevemente e começou a sair, quando eu a impedi novamente.
– E, Gizelly? – acrescentei suavemente. – Preciso da sua assinatura nesses relatórios de despesas antes que você vá embora. Seus ombros caíram e ela expirou com força. Girou nos calcanhares para se dirigir até minha mesa e, ainda sem encontrar meus olhos, se abaixou e percorreu os papéis com o olhar, procurando o lugar das assinaturas. Coloquei uma caneta na mesa. – Por favor, assine na linha indicada, Gizelly. Ela odiava ouvir uma ordem para fazer algo que já estava fazendo, e eu tive de conter uma risada. Pegando a caneta com raiva, ela vagarosamente levantou o queixo, trazendo seus olhos castanhos ao mesmo nível dos meus. Nós nos encaramos por uma eternidade, sem que nenhuma das duas desviasse o olhar. Por um breve momento, eu senti uma vontade irresistível de me inclinar, chupar seu lábio inferior e implorar que ela me tocasse.
– Não repasse minhas ligações – ela disse, ríspida, assinando rapidamente a última página e jogando a caneta na minha mesa. – Se acontecer uma emergência, ligue para o Lucas.
- Cretina – murmurei para mim mesma enquanto ela desaparecia. Dizer que meu fim de semana foi um lixo seria um eufemismo. Eu mal comi, mal dormi, e o pouco sono que tive foi interrompido por fantasias do minha chefe nua em cima, em baixo, atrás de mim, me prendendo em uma corrente. Eu quase desejei a volta às aulas apenas para ter algo com que me distrair.

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