Liberdade - Livro I

Capítulo 27 - Darlene.

Acendi um cigarro pra cigana e acendi o meu sentando de frente pra casa das pomba giras.

Sou feita a 25 anos no santo e para chegar até aqui foi sufoco, já diz o ponto, para chegar aqui, atravessei o mar de fogo.

Foi sufoco, eu suportei tudo sozinha mas estou aqui de pé em nome a Oyá dona do meu ori.

Enquanto eu me concentrava em algo passageiro, uma voz soou no meu ouvido e eu sabia muito bem quem era.

Eu não preciso sair da minha casa para ficar sabendo o que acontece do lado de fora, os ventos vem até a mim e eu sei as coisas de ponta a ponta.

— você como sempre passando a mão na cabeça dela né, não tem jeito.

Darlene — ela quem? Como sempre você vem me infernizar inferno, são 25 anos te carregando nas minhas costas. — escutei ela gargalha

— eu te infernizar? Você que vive se conectando com os mortos — gargalhou — cuidado hein? Quem você menos espera está para te apunhalar novamente.

Darlene — o que você quer Estrela?

— só vim te avisar que o inferno tá formado e se eu fosse você iria atrás para saber melhor o que está acontecendo, é com aquele cara e a sombra dele.

Eu fui casada com Estrela a anos e desde quando eu me tornei uma yalorixá, ela se tornou um egun que entrou nos meus caminhos e está até hoje.

É por ela e pela minha mediunidade que eu sei de tudo que se acontece, morte, falsidade, traição, tudo, absolutamente tudo.

Levantei logo assim que o cigarro de cigana se apagou, a cinza estava inteira sem cair no chão, tirei e joguei fora.

Fui para cozinha colocar meu café e senti uma sensação estranha, sensação de briga.

— são brigas atrás de brigas.. — soou algo no meu ouvido — infelicidade, feitiçaria, as crianças..

Jade — mãe? — escutei sua voz.

Darlene — estou na cozinha. — ouvi seus passos e mais passos de alguém entrando junto com ela.

Quando ela chegou na cozinha parecia que tudo tinha ficado mais estranho ainda, a energia que ela trazia era horrível.

Darlene — você tem alguma coisa a me dizer sobre a separação do Rodrigo e da Letícia? — soltei o que dona cigana falou em meus ouvidos.

Não escutei sua voz e já me virei vendo ela e mais uma mulher morena dos cabelos enormes rindo.

Darlene — diz Jade.

Jade — e-eu não fiz nada. — gaguejou.

Darlene — eu vou falar pela última vez com você, o que acontecer daqui pra frente, eu não irei mais meter a minha cara, deixa de ser infeliz e parar de fazer isso, você tá ficando uma pessoa ridícula, sem luz e brilho nenhum, oxum e seus guardiões já se afastaram de você.

Jade — se ele fez o inferno na minha vida, eu vou fazer na dele e o pior está pra vir

Esperei ela sair para acender uma vela para Oxum e Ibeji, peço luz para as crianças e para eles.

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*Ori - cabeça
*Egun - pessoas mortas
*Yalorixá - mãe de santo