Liberdade - Livro I

Capítulo 03 - Letícia

Lorena — a gente tem que ir nos rolês. — falou enquanto subia o morro comigo.

Lorena é uma amiga minha de infância, já tentei levá-la para conhecer a igreja mas ela sempre inventa várias coisas, eu não irei ficar forçando, é uma coisa dela.

Letícia — aí Lorena. — falei parando perto do campo e tomei minha água.

Lorena — Let não será nada demais cara, você tem que aproveitar.

Letícia — Lorena nem adianta. — cortei assunto olhando para o lado e vendo o mesmo homem que vi dias atrás.

Pela luz do dia, ele era muito mais lindo mas ainda assim eu sentia medo do seu olhar, parecia que ele escondia algo muito pesado.

Troquei vários olhares e ele não esboçava nenhuma reação, não ria, não fazia nada, apenas ficava ali me observando como se eu fosse a última pessoa do mundo.

Parecia que ele fazia toda questão de ficar me olhando e eu também, o semblante fechado e triste me deixou balançada.

Desviei meu olhar do seu e prestei atenção em algumas coisas que a Lorena estava falando, totalmente nada haver.

Letícia — você fica saindo tanto com várias pessoas que vai acabar sobrando várias coisas para você.

Lorena — minha menstruação não desce a dois meses. — falou com uma naturalidade que eu me assuntei.

Letícia — poxa Lorena, vai acabar pegando mal pra ti, pensa quem a qualquer momento pode vir uma criança.

Lorena — Deus me livre.

Ficamos conversando mais sobre algumas coisas do curso, precisando ir lá em Madureira comprar algumas coisas.

Letícia — tô indo hein? Mais tarde tem culto.

Lorena — pensa bem em relação ao rolê. — riu e eu neguei.

Fui andando pra casa enquanto pensava nas palavras da Lorena, ela sempre foi sozinha, a família abandonou ela e hoje em dia ela vive do jeito que dar.

Amo demais essa mulher mas meu coração fica todo triste por causa da situação dela, meu pai não gosta dela e minha mãe já considera ela como filha.

Entrei em um beco perto de casa e sem querer esbarrei em alguém, levantei meu olhar e vi quem era.

— Presta atenção por onde anda hein? — disse sério e eu tremi. — Favela tá ficando perigosa pra tu tá sozinha por aqui, toma cuidado. — assenti e fui embora.

Soltei o ar que nem percebi que estava segurando e reparei um pouco na voz dele que é a coisa mais gostosa.

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