Capítulo 029 🦋

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Maratona 4/5

KATRINA 💎

— Desculpa, Henric... — Pedi —.

— Você é minha boneca de porcelana, Katrina... É valiosa pra um colecionador como eu, não tem preço, é inestimável, mas não insubstituível, entendeu? — Fiquei calada — Você é muito rara pra mim — Ele inclinou meu rosto ainda me encarando — Mas é frágil também, se cair pode quebrar-se por completo, e eu não quero que esse rostinho perfeito... — Ele tocou meu queixo — Se quebre — Entendi perfeitamente o seu recado, ele havia acabado de me ameaçar de um jeito bem medonho e claro — Estamos entendidos, Katrina? — Assenti freneticamente e ele sorriu cinicamente — Ótimo... — Ele tirou a mão do meu rosto e virou-se, caminhando pela sala — Eu deveria te mandar por pelo menos dois dias para a boate.

— Não, Henric, por favor... — Pedi assustada — Faço o que você quise.

Ele virou e me encarou com um sorriso nos lábios.

— Só não mando você pra lá porque posso perder muito dinheiro, e eu já tenho vários acompanhantes pra você, sua lista é ampla — Respirei aliviada — Contudo, você não vai ganhar absolutamente nada pelo seu programa hoje.

Meu sangue ferveu, eu pisquei algumas vezes.

— O quê? — Perguntei abismada. Foi o programa mais difícil que eu já fiz e o infeliz ainda teria a coragem de não me pagar? Isso era injusto! — Isso não é justo... — Murmurei enquanto o encarava. As meninas me olhavam alarmadas, como se estivessem dizendo “Cala a boca”, “Não reclame” — Eu fiz o que deveria, você tem que me pagar — Falei e ele sorriu —.

— Eu não tenho nada! — Ele falou sadicamente — Eu não tenho obrigação nenhuma com você, eu sou o seu dono, e faço o que bem entender com você... — Ele passou a mão pelo cabelo — E é melhor você ficar quietinha, pois já me estressou demais por uma noite, não me aborreça ainda mais — Ele falou entediado —.

Eu olhei para o chão e tentei engolir as latrinas que queriam vir a tona, engoli o orgulho inexistente e ergui minha cabeça.

— Acabou então? — Perguntei e ele balançou a cabeça —.

— Katrina... — Repreendeu-me —.

O encarei por alguns minutos, e depois cruzei os braços, seguindo em silêncio até o quarto.

Tirei o salto e joguei em um canto qualquer, eu não guardaria nada naquela noite, não mesmo!

Joguei-me na cama de bruços e enfiei o rosto no travesseiro, gritei de frustração e depois ergui a cabeça recuperando o fôlego...

Eu odiava a vida que levava, odiava com todas as forças.

Em apenas uma noite eu fui humilhada de todas as formas possíveis, e eu tinha que aturar tudo, pois não tinha pra onde ir, nem com quem contar...

Passei a mão pelo rosto, fechei os olhos e suspirei pesadamente tentando pensar em algo bom ou em alguma saída.

— Quem eu estou querendo enganar... Essa é a minha vida — Sussurrei frustrada e virei para o lado, encarando a escuridão do quarto, até pegar no sono —.

Acordei na manhã seguinte com o som de gargalhadas, pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a luminosidade que invadia o quarto.

Não tinha dormido nada aquela noite, tive pesadelos confusos e complexos, me remexi a noite inteira e a roupa que eu havia dormido não me dava um conforto adequado, fora a dor de cabeça...

Definitivamente hoje não seria meu dia.

Sentei-me na cama e encarei meus pés, as gargalhadas vinham da sala e eu não tinha a mínima curiosidade de saber o motivo de tamanha alegria.

Levantei-me com uma preguiça incontrolável, praticamente tive de me arrastar até o banheiro, fechei a porta e liguei o chuveiro, tirei a roupa da noite passada e joguei em um canto qualquer, entrei debaixo d’água e respirei fundo ao sentir o frescor que consumia o meu corpo.

Depois de um banho bem tomado, fui até o meu baú e peguei uma roupa qualquer, me vesti e penteei meus cabelos sem pressa alguma.

— Bom dia, flor do dia! — Valentina falou sorridente assim que desci o último degrau e entrei na sala — Quer dizer... — Ela virou e encarou o relógio, voltando a atenção a mim — Boa tarde!

— Boa tarde — Falei sem emoção e sentei na bancada, observando sem muita atenção o que ela fazia —.

— Já estou terminando o almoço... — Ela falou e virou para a pia —.

— Quer ajuda? — Perguntei torcendo para ela negar, mas como hoje os astros se justaram para ferrar comigo, ela aceitou minha ajuda —.

— Seria ótimo! — Ela respondeu sorridente —.

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