Mais uma vez eu havia amanhecido fraco, sem vontade nenhuma de sair da cama. Mas na verdade eu teria aula e não podia me atrasar mais uma vez se não quisesse levar uma suspensão. Naquele dia eu corri mais do que a velocidade da luz, já que a faculdade ficava à três quarteirões do meu apartamento, eu tinha que pegar o ônibus no horário de sete e cinquenta e cinco. E lá estava eu saindo apressado para o ponto de ônibus com uma mochila que pesava mais que eu.
Já cansado de correr parei no ponto e encostei na parede ofegante. É estranho eu me cansar facilmente mesmo não tendo feito nenhum esporte na escola. - Está indo pra faculdade certo? Você parece bem novo. - Uma senhora falou e sorriu me olhando.
— Ah, na verdade sim, eu estou no último ano da faculdade. E a senhora? Está indo ao mercado? — Agarrei minha mochila.
— Sim, irei comprar alguns legumes para fazer uma sopa para meu netinho.
— Estranhamente, senti meu coração bater mais forte que o normal e minha visão mais turva. Fechei e abri meus olhos em tentativa de melhora, porém quando senti meu corpo já havia perdido equilíbrio. Ouvi a voz baixa da senhora ecoar e depois disso, nada mais ouvi.
...
Senti movimentações estranhas e a forte luz branca em meu rosto. Abri meus olhos e avistei o corredor barulhento com vozes direcionadas a mim. Não entendia o que estava acontecendo muito menos onde eu estava, descobri somente quando minha visão estabilizou e eu olhei pro crachá que estava pendurado no jaleco branco do homem que permanecia em pé ao meu lado.
— O senhor está se sentido melhor? — suspirei e me sentei na maca.
— Acho que sim.
— O senhor tem algum responsável que eu possa ligar? - Assenti com a cabeça e dei o número de Hyunjin que era a única pessoa que eu pensava naquele momento que poderia me ajudar. Esperei na pequena salinha, trouxeram comida e água mas eu não estava com um pingo de fome. Olhava para a comida e para as paredes brancas me perguntando o por quê de eu estar assim, de tudo isso estar acontecendo...
Minutos depois ouço a porta ser aberta e um Hyunjin pálido e assustado entrar com pressa. — Jeongin, o que aconteceu? Está melhor? Precisa de algo? — O mais alto passou a mão pelos meus cabelos me olhando com mais calma agora.
— Estou bem, eu desmaiei no ponto de ônibus, mas as pessoas me socorreram.
— Não sabe o quanto eu fiquei preocupado. — Ele se encostou e deu um selar em minha testa que me fez sentir mais confortável e tranquilo.
Fiquei mais algumas horas no hospital tomando algumas medicações necessárias. Fui liberado e o médico veio falar comigo. — Você terá que vir ao hospital três vezes por semana para podermos examina-lo e descobrir se há melhora ou piora com seu corpo. — Suspirei cansado e assenti com a cabeça. O senhor me deu o papel de alta então eu e Hyunjin saímos do hospital de volta para minha casa.
— Senta aí, vou fazer algo gostoso para comer. — O mais velho disse quando entramos no apartamento, e assim fez. Se concentrou tanto que nem me ouviu falar com ele sobre o jornal que passava na televisão. Assim que terminou, colocou numa bandeja e me entregou com um grande sorriso no rosto e deu um selar em meus lábios secos.
— Obrigado, parece estar delicioso. — Sorri ao mesmo que continuou passando a mão entre meus fios de cabelo enquanto me observava.
Hyunjin era um homem tão simples porém tão especial. Ele cuidava dos outros mais do que a si mesmo e me tratava tão bem...
E assim foi por um mês. Indo três vezes por semana ao médico e fazendo check-up's demorados e chatos. As paredes brancas do hospital me agoniavam e me deixavam preocupado com a maldita dúvida na minha cabeça. O por quê de eu estar assim, o que era isso e se teria cura.
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Dear nobody, • Hyunin
RomansaJeongin escrevia cartas pra si mesmo, seu psicólogo julgava ser a melhor forma dele expressar o que sentia e tentar ser otimista no dia a dia até sua morte, mas o que ele não esperava era ler o seu nome no destinatário das cartas. ~I.N, Hyunjin •Sho...