Capítulo 9

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Rio de Janeiro, início de 2013 (7 anos atrás)

Dani

Desde que o Bernardo voltou, a energia também voltou a B.D.K.N. Blues. Nosso sonho retornou das cinzas depois de toda a confusão com aquele covarde filho da puta que eu nem gosto de lembrar.

Bernardo voltou mais maduro de São Paulo, uma perda como essa faz isso com um homem, tenho certeza e céus, não quero nem imaginar o que seria de mim se um dia Dona Pietra partisse dessa para melhor.

Todos estamos mais velhos, mais sábios, talvez as coisas só precisassem do seu tempo.

Todo mundo concordou que a banda não era nada sem ele, era o único que conseguia colocar a gente no prumo, controlar minhas discussões com a Karen sem deixar o climão atrapalhar nosso esquema, conter o hiperativismo do Nick o suficiente para que não colocasse as coisas a perder e acho que para o Bê, voltar para a casa, para a banda, foi um grande alívio.

Seu avô Omero deu a maior força para nos aplicássemos mais ao ofício, ajudou até a resolver um monte de paradas legais sobre direitos autorais e essas merdas que eu não me importava muito, só assinava tudo o que vinha para assinar, confiava no Bernardo e sei que ele jamais me passaria a perna nas nossas composições em conjunto, e era justo que fosse o cabeça da banda nas decisões também, posto que era o que fazia no palco ou fora dele.

Ele era um bom líder, chato para caralho as vezes, mas sempre visando o nosso bem.

Seu único defeito era que, por vezes, eu percebia que ele hesitava quando eu falava em ser famoso. E não era não acreditar que éramos bons, não, ele sabia que era questão de tempo, assim como eu. Mas por, aparentemente, ter medo do que a fama traria para sua vida.

Os meses foram passando, conseguimos outros bicos na noite do Rio, aproveitamos muito o verão tocando em todos lugares possíveis, e o ano estava para acabar quando Bernardo leva outra porrada da vida: seu Omero falece, os filhos, cinco herdeiros muito dos filhos da puta, com o perdão da avó do Bê, mas incluindo o pai dele, fazem um inferno quando o testamento é aberto, o velho só beneficiou o Bernardo de neto e ignorou os outros, o negócio causou furor e a construtora da família, a Novaes e Sá, muito grande no ramo, entrou com um processo para querer invalidar o testamento e por consequência, foder o Bernardo.

Ele deixou a mansão e perdemos o nosso espaço para ensaiar.

Estava ficando um tempo com a louraça que ainda não tinha colocado mais ninguém no apartamento mas eu sabia, era uma questão de tempo.

Parecia que quanto mais eu batia o pé e dizia que nunca iam me ver namorar e essas merdas, mais ela dizia que queria um relacionamento sério e que estava cansada dessa história de ficar a deriva, porra, a mina tinha o que? Vinte e dois, vinte e três anos e ficava falando como se fosse uma velha solteirona encalhada, caralho, as vezes eu tinha certeza que ela fazia isso só para me irritar.

Nada mais aconteceu entre nós, eu sabia que não ia rolar mais nada, não se quiséssemos que a paz que reinava na B.D.K.N., bem, pelo menos até o falecimento do velho, durasse.

Agora que ele tinha falecido já fazia uns três meses, as coisas estavam começando a se normalizar, Bernardo tinha recebido um apartamento no centro de herança e estava pensando em mudar pra lá, arranjamos um lugar legal para ensaiar, minha van velha e fodida virou o carro oficial da banda e fazíamos os nossos corres, como todo mundo que quer viver de música no Rio, faz.

Agora que ele tinha falecido já fazia uns três meses, as coisas estavam começando a se normalizar, Bernardo tinha recebido um apartamento no centro de herança e estava pensando em mudar pra lá, arranjamos um lugar legal para ensaiar, minha van vel...

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Blues e Impetuosidade (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora