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Agora restavam 141 dias até que eu estivesse bem longe daqui. A relação com meu pai, que sempre foi conturbada pelos últimos 10 anos, não iria se tornar boa subitamente. Para não perder o foco e acabar me imergindo naqueles pensamentos ruins, eu tentava evitá-lo ao máximo. Já fazia dias que eu não via seu rosto ou falava com ele. E honestamente, eu preferia assim.

Pouco após o toque do intervalo naquele dia, eu, Jimin, JungKook e Hobi, estávamos esperando na fila do refeitório, juntos. Hobi estava contando uma história de como ele havia se virado com uma pergunta que não sabia na prova e estávamos rindo porque ele era inacreditável. Foi quando WooSeok passou por nós com seus amigos, olhando diretamente para Jimin e em seguida para mim, que permanecia ao lado dele. Sua expressão não era boa. Eu olhei para Jimin e não consegui ler o que se passava na sua cabeça. Eu franzi a testa e peguei a mão do Park e o guiei em direção a fila, que naquele momento já havia se movimentado. Ambos desviamos nosso olhares dele, mas Hobi e Kook continuavam lhe encarando, parecendo confusos. WooSeok desapareceu no refeitório com seus amigos.

— O que aconteceu? — JungKook perguntou com a testa franzida.

— Nós terminamos. — Jimin falou suspirando, enquanto pegava a bandeja para se servir — Quer dizer, teoricamente, nós estamos dando um tempo. Mas tanto faz.

— Caramba, Chim. — HoSeok disse — Aconteceu alguma coisa?

— Nada de mais... eu apenas... acho que me cansei. — Jimin riu, se servindo de comida — Ele teve uma crise de ciúmes e eu falei que não aguentava mais.

— E você está bem com tudo isso, hyung? — Kook perguntou. Jimin olhou para mim, remetendo à noite de sexta, e eu ri.

— Estou, sim. — ele disse — Não se preocupem, pessoal.

Logo nós mudamos de assunto e ninguém falou mais sobre aquilo pelo resto do dia. No final da aula, eu e Jimin andávamos lado a lado e eu guiava a bicicleta entre nós numa região muito íngreme próxima a escola. Eu notei que ele estava mais calado do que de costume, olhando para o chão. Algo parecia errado, mas eu não queria perturbá-lo mais falando sobre WooSeok. Eu sabia que tinha a ver com o término. Por mais que ele falasse o tempo todo que estava bem, eu conhecia Jimin e sabia que ele se sentia, no mínimo, sensível. Talvez estivesse se questionando se tinha feito a coisa certa, ou talvez estivesse sentindo saudades do cara. Mas ele não estava bem e eu precisava fazer algo sobre isso. Estávamos passando pelo parque da cidade, quando tive uma ideia.

— Chim. — chamei e ele ergueu seus olhos até mim — Tem algo para fazer agora?

Ele franziu a testa e negou com a cabeça.

— Meu plano era apenas ir para casa e comer alguma coisa. Por que?

— Hum... — eu parei de andar e de repente nós estávamos na entrada do parque — Eu estava pensando e... — inclinei a cabeça em direção a entrada e sorri — Acho que deveríamos entrar e tomar um sorvete. Você parece estar precisando relaxar. — Jimin me olhou em silêncio com os olhos semicerrados por alguns instantes e abriu um pequeno sorriso sem seguida — Vamos, Chim! Por favor!

— Tudo bem. — falou, dando de ombros, com as mãos nas alças da mochila, entrando na frente e eu o segui, levando a bicicleta.

Andamos pelo parque, passando por crianças, casais e cachorros. Havia vendedores de sorvete e balões por todos os lados e nós pedimos duas casquinhas para um deles. Em pouco tempo andando pelo parque, consegui arrancar algumas risadas de Jimin. Decidimos nos sentar no gramado depois de tomarmos o sorvete. Dali, tínhamos uma boa visão do o sol que já estava se pondo, atrás da pequena ponte. Ficamos quietos por um tempo, apenas observando o horizonte. Estar com Jimin sempre era um lugar confortável para mim, não importa onde estivessemos. Ele sempre era como casa. E ali, em silêncio, eu podia sentir tudo que ele não precisava me dizer. E acho que ele também podia me sentir. Depois de tantos anos juntos, nós tínhamos aprendido a ler um ao outro sem qualquer esforço. Eu comecei a brincar com o gramado enquanto tentava capturar aquele cenário na minha mente. Olhei pro meu amigo pelo o canto do olho. Pela expressão no seu rosto, eu podia dizer que ele estava pensando muito a respeito de alguma coisa. Quase como se pudesse ler os meus pensamentos — e não duvido que podia — Jimin quebrou o silêncio.

dad issues; kth + pjm shortficOnde histórias criam vida. Descubra agora