Era sexta-feira e mais uma vez eu estava saindo da biblioteca extremamente cansado. Cheguei em casa e Sun já havia preparado lámen para o jantar, o que era perfeito, porque eu também estava faminto. Ela deixou a comida para mim e subiu pro seu quarto porque já havia acabado de comer e aparentemente alguma banda que ela gosta ia estar se apresentando em alguma plataforma digital logo, logo. Então eu comi sozinho sob a luz branca da cozinha, o que não foi exatamente ruim, mas um pouco silencioso demais, o que fez com que eu me perdesse no barulho da minha cabeça. Quando já estava acabando de comer, ouvi o som da porta se abrir. Franzi a testa. Ainda era muito cedo para que meu pai já estivesse em casa, o que era um droga e havia me pego totalmente de surpresa. O som dos seus passos ecoaram pela sala e logo ele estava ali, ao meu lado na mesinha de jantar na cozinha. Eu engoli a seco, porque ele permanecia parado, em silêncio e eu não queria lhe encarar. Algo estava errado. Quer dizer, em relação ao meu pai, sempre havia algo errado, mas agora, eu senti que algo tivesse acontecido. Quando finalmente tive coragem de virar meu rosto e lhe encarar, sua expressão era assustadora. Ele largou sua maleta no chão e jogou um envelope de papel sobre a mesa.
— Isso chegou na correspondência hoje. — ele disse. Eu peguei o envelope, que já estava aberto, e tirei a folha que vinha ali dentro, sem entender do que se tratava e li. Era a confirmação da minha inscrição no programa de bolsas da Universidade de YonSei e dizia "Prezado Kim TaeHyung, recebemos a sua inscrição no programa de bolsas da universidade para o curso de Artes Plásticas. Para concluir a sua inscrição, precisamos que envie através deste mesmo envelope todos os documentos que constam no site da inscrição."
Eu senti todo o meu corpo congelar. Eu havia me esquecido que esse envelope chegaria e agora meu pai sabia e pela expressão no seu rosto, estava reagindo exatamente como eu achei que faria. Eu não sabia o que dizer então apenas me levantei da mesa e levei meu prato até a pia. Estava bravo por ele ter aberto uma correspondência destinada à mim, mas pior do que isso, sem dúvidas era o que estava por vir.
— Então é por isso? — ele perguntou com a voz áspera — Por isso disse que não sabia o que queria fazer. Você quer fazer Artes? Isso é sério?
Eu me virei em sua direção, respirando fundo.
— Sim, pai. Eu quero fazer Artes. — falei com a voz calma e firme.
Ele soltou uma risada debochada.
— Você não pode estar sendo sério. Por acaso perdeu o juízo? Ou você nunca teve qualquer juízo? — ele questionou, vindo na minha direção — Todos os filhos dos meus colegas se inscreveram para Direito, Medicina, Administração, Economia... Com que cara você espera que eu diga a eles que meu filho primogênito quer fazer Artes?
O jeito com que ele falou "meu filho" continha muito desprezo. Meu corpo estava reagindo a tudo aquilo, claro. Eu queria chorar e estava com medo. Minhas mãos tremiam, e ao mesmo tempo eu me sentia quente e com uma raiva muito grande crescendo no meu peito. Queria desaparecer naquele momento. Eu permanecia em silêncio enquanto ele falava, porque não queria perder a minha paciência ou fazer com que ele perdesse a sua. Mas era tarde demais. Ele já estava muito próximo de mim e eu podia sentir o cheiro forte de álcool em seu hálito.
— Por que você quer fazer isso com a sua vida, TaeHyung? Hein? — ele apertou os olhos me encarando como se me analisasse — Responda! — ergueu a voz de um jeito agressivo — Não é homem? Então me responda!
Eu permaneci em silêncio, encarando qualquer ponto da sala, tentando controlar a umidade excessiva que começava a se acomular nos meus olhos. De repente ele bateu o punho no móvel de madeira, ao lado da minha orelha me fazendo estremecer com o susto. Então ele se aproximou ainda mais, levando a mão até a gola da minha camiseta e a segurando.
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dad issues; kth + pjm shortfic
Fanfiction[finalizada] onde TaeHyung e Jimin moram na mesma rua e são melhores amigos de infância. ou onde TaeHyung tem problemas com o pai e sempre acaba escapando pra casa de Jimin quando ficar na sua própria parece sufocante demais. shortfic | vmin