29 ✓ goodbye

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Ruel 

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Ruel 

Saí do meu carro ainda me sentindo apreensivo. Não sabia o que a Mika tinha para me dizer, pelo que ela me disse nas mensagens, realmente era algo muito importante, e eu estou tão paranoico que só consigo pensar em coisas ruins, para mim não existia nenhuma possibilidade de ser algo bom, apesar de eu desejar muito que seja.

Adentrei o pub ouvindo o sino acima da porta tocar, analisei o local a procura de América, e a avistei em uma mesa próxima a uma vidraça que dá vista para a rua, mexendo no celular. Andei em sua direção com passos rápidos e assim que ela me viu, se levantou e veio de encontro a mim, colidindo seu peito contra o meu em um abraço apertado.

─ Ai, é tão bom te ver. ─ Ela disse me apertando ainda mais.

─ América, o que houve?

Ela me soltou e me convidou para sentar, nos acomodamos em sofás booth, um de frente para o outro, com a mesa entre nós.

América me encarou como se estivesse coletando cada traço do meu rosto para guardar em sua memória.

─ Então, Ruel... ─ Ela fez uma pausa e sorriu sem ânimo, de cabeça baixa. ─ Eu só queria te explicar uma coisa.

─ Então explique.

─ Eu não sou o tipo de pessoa que vive para sempre em um lugar só.

─ Eu não estou entendendo.

─ Eu nunca te contei que meus pais vivem se mudando por causa de seus trabalhos, mas acho que esse é o momento certo de contar, pois eu vou embora, Ruel.

Encarei a garota a minha frente, completamente surpreso com aquela notícia.

─ Co... como assim, América?

─ Eu vou para o Canadá, Ruel, amanhã mesmo, por isso não fui para a escola, eu estava arrumando minhas malas.

Eu não sabia o que dizer, eu estava me sentindo completamente amargurado e perdido, eu mal havia conseguido ter a América e já ia perdê-la.

Encarei a rua através do vidro transparente por não conseguir olhar para a garota a minha frente.

─ Mas você volta, não é?

─ Não sei, eu sempre vou embora sem pretensão de retornar, afinal, não é por culpa minha, é porque eu tenho que ir com meus pais, eu nunca tive vontade de viver assim, me mudando, e eu nunca iria querer ir embora daqui, eu passei três anos aqui, fiz os melhores amigos do mundo, conheci muitas pessoas incríveis, e queria concluir meu último ano escolar aqui. É uma escolha que não depende de mim, entende? ─ Eu assenti, não sabia o que dizer, e nem queria encarar a América, eu estava segurando as lágrimas e desabaria se a olhasse. A Casty colocou sua mão sobre a minha que estava apoiada sobre a mesa. ─ Eu só queria dizer adeus, pessoalmente, e dizer que eu amei te conhecer e eu nunca, nunca vou esquecer você. ─ Ela fez uma pausa esperando que eu dissesse algo. ─ Eu sinto muito. ─ Ela disse baixo, quando percebeu que eu não falaria nada, e se levantou indo em direção a saída do pub.

Eu me mantive no mesmo lugar tentando assimilar tudo aquilo.

Por que eu simplesmente estou deixando ela ir sem dizer que a amo?

Me levantei e saí correndo do pub, alcançando a América do lado de fora, prestes a entrar em um táxi, e a segurei pelo braço.

─ Você não pode ir, América.

─ Eu não tenho opção, eu adoraria ficar.

─ Por favor.

─ Por que você deseja tanto que eu fique?

─ Porque eu... ─ Segurei em sua nuca e selei nossos lábios, não vi maneira melhor de dizer que a amava.

América sorriu assim que saímos daquele beijo que confesso, foi diferente, foi mais intenso, mais... completo.

─ Ruel... ─ Ela analisou minha expressão. ─ Eu te amo.

─ Eu também te amo, América. ─ Deixei com que as lágrimas se libertassem, e elas escorreram sobre minhas bochechas.

─ Mas eu não poderia ter deixado isso acontecer, você acha que eu sou do tipo que não curte relacionamento, mas a verdade é que eu nunca tive a oportunidade de viver um, nunca pude me permitir me apaixonar porque eu estou sempre me mudando, mas com você... ah, foi inevitável.

─ Fica comigo, América. ─ Segurei uma de suas mãos.

─ Eu adoraria, adoraria te amar da maneira que você merece, mas não posso. ─ Ela colocou sua mão sobre meu rosto e enxugou uma lágrima que escorria na maçã do mesmo. ─ Me perdoe por fazer você passar por isso. Agora, quanto antes eu for, melhor.

─ Não. ─ Apertei mais sua mão como uma criança assustada.

─ Você precisa me deixar ir. Eu odeio despedidas, dói muito.

─ Meu maior erro foi ter afogado o ganso em você. ─ Disse, e ela riu com os olhos lacrimejados.

─ Meu maior erro foi ter sentado em você, mas eu não me arrependo. ─ Ela respirou fundo e olhou para dentro do táxi. ─ Agora é hora de dizer adeus.

─ Eu nunca fui bom nisso.

─ Eu também não, mas tive que aprender. Agora você precisa me deixar ir, senão eu não vou conseguir partir em paz.

─ Só não se esqueça de mim, por favor.

─ Nunca. ─ Ela disse, ficando na ponta dos pés e me beijou.

América entrou no táxi enquanto eu ainda segurava sua mão, eu beijei a mesma com delicadeza, sentido sua maciez, e a soltei antes de fechar a porta do táxi. 

─ Adeus, Ruel.

─ Adeus, América.

Me mantive parado vendo o táxi partir, e quanto mais ele se afastava, mais eu me sentia incompleto. 

América irá embora, e com ela vai uma parte de mim, uma parte que eu nunca vou me arrepender de a ter deixado tirar de meu ser, por mais que vá deixar uma cicatriz que nunca vai desvanecer, eu vou aceitar isso e sobreviver com ela.

Eu só espero que as lembranças que tenho de América Casty, não se esvaia, nem se perca com o tempo.

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